E ra sexta-feira à tarde. Eu tinha sido internada na noite anterior, e meus médicos estavam me preparando para iniciar a quimioterapia. Meu oncologista veio me visitar para garantir que tudo estava pronto para iniciar o procedimento. Ele mencionou que outro médico estaria de plantão durante o fim de semana, mas que ele já havia recebido todas as instruções para iniciar o tratamento. Ele me lembrou de que, devido ao estado avançado da minha doença, a quimioterapia seria bastante agressiva. Ele pausou, então com lágrimas nos olhos, disse:
— Você sabe que ficará estéril.
— Não tem problema — eu disse a ele. — Já tenho um filho.
Eu podia perceber que meu caso o havia afetado. Ele, diferente de alguns outros médicos, estava se esforçando para entender a mim e à minha situação como uma mãe jovem, começando a vida familiar. Quando eu o conheci, conversamos sobre nossa família. Mencionei que eu estava casada fazia um ano e meio e que nosso filho havia nascido fazia cinco meses com apenas 28 semanas de gestação. Meu esposo e eu sentimos que aquele médico realmente se importava com seus pacientes.
Embora o diagnóstico fosse câncer em estágio 4, minha atitude era positiva, e tentei muito aceitar essa notícia chocante com otimismo. Durante minha estadia no hospital, eu sentia ondas de calor e suores noturnos. Meus níveis de hormônios demonstraram que a quimioterapia havia provocado o início da menopausa embora eu tivesse somente 34 anos de idade. Era bem provável que eu fosse precisar de terapia hormonal para contrabalançar alguns dos efeitos da menopausa.
Meu corpo começou a voltar ao normal quatro meses depois que eu havia concluído a quimioterapia. Como parte da minha rotina de exames preventivos, os médicos verificavam meus níveis hormonais. Eles estavam sempre altos, então aceitei o fato de que eu não poderia mais engravidar. Então, dois anos depois de ter feito quimioterapia, eu engravidei. Embora a gravidez não tenha progredido, tenho esperança de que terei outro filho. É maravilhoso saber que meu corpo está se recuperando.
Durante aqueles momentos, lembrei-me de que aquilo que é impossível para os seres humanos ainda é possível para Deus. O próprio Jesus prometeu que Nele todas as coisas são possíveis (ver Mt 19:26 e Lc 18:27).
Leslie R. Quiroz