O rei Acabe andava perturbado. Passava noites sem dormir. Não tinha paz no coração e, quando teve a oportunidade de se encontrar com o profeta Elias, o acusou: “És tu, ó perturbador de Israel?” Elias respondeu que não tinha nada a ver com os problemas do rei. Acabe estava colhendo os frutos de uma consciência culpada, mas não aceitava isso. Acreditava que Elias era o responsável por todos os seus problemas.
Esse incidente nos mostra uma maneira muito comum de as pessoas lidarem com o problema da culpa. Podemos muitas vezes subestimá-la, convencendo-nos de que, na realidade, não somos tão culpados. Alguns chamam isso de “racionalização”. Acontece de pelo menos três maneiras diferentes: 1) “Em comparação com o que outros fazem, o que fiz não é nada”, ou “em comparação com o fulano, sou um santo”. 2) “Minhas ações não estão erradas, os padrões é que são muito antiquados.” 3) “A culpa não é minha e sim dos outros.”
Ao longo da história, os seres humanos têm tentado enfrentar o problema da culpa usando artifícios. Depois que nossos primeiros pais pecaram no Éden, Adão culpou a mulher, e Eva culpou a serpente. Ninguém quis assumir a culpa. É muito doloroso aceitar que somos culpados, tão doloroso que faremos o possível e o impossível para evitar o confronto com nosso erro. Existe hoje gente que, por exemplo, condescende com perversões sexuais e culpa a Deus por ter “nascido assim”.
É verdade que a maneira como fomos criados ou alguma circunstância desfavorável pode favorecer as tendências pecaminosas, mas a prática do pecado é necessariamente produto da vontade. Pecamos porque queremos. Ninguém pode nos obrigar a fazê-lo, se não escolhermos. O diabo pode apresentar a tentação que quiser. Pode apelar a nosso passado, presente e futuro. Pode usar de todas as artimanhas que desejar, mas não consegue nos obrigar a pecar.
Quando entendemos o amor do Pai e Seu desejo de nos aceitar e perdoar, confessamos de coração nossos pecados e recebemos a paz que só Cristo pode oferecer.
Alejandro Bullón, 1o/12/1994