Quinta-feira
29 de agosto
Narciso e Goldmund
Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se! Filipenses 4:4

Alfonso, um nome que me remete a boas lembranças, um amigo querido da adolescência. Com ele, compartilhei momentos inesquecíveis. O evangelho era o que nos unia, a vontade de servir como missionários, de viver uma vida com propósito, de fazer a diferença no mundo. Lembro-me dos sonhos que nutríamos, dos planos que fazíamos. Mas a vida, essa misteriosa senhora, nem sempre nos leva pelos caminhos que desejamos. 

Alfonso se afastou de Deus, perdeu-se em escolhas equivocadas, em terrenos escuros. As drogas o consumiram, mas a família e as pessoas de bem o ajudaram a sair desse abismo. Anos depois, tive a chance de revê-lo. Eu era um pastor de jovens, e ele, um amigo a quem eu não via fazia tempo. O reencontro foi emocionante, o carinho que sentimos um pelo outro ultrapassou a distância temporal. Alfonso me presenteou com um livro, Narciso e Goldmund – do premiado Hermann Hesse – cuja história ele achava que era paralela à nossa. O livro trata de dois rapazes que viviam em um mosteiro, e a escolha que cada um deles fez para suas vidas – um saindo para “viver a vida” e o outro seguindo a vida religiosa. 

Alfonso aprendeu, nos últimos anos de sua existência, que a religião não pode ser uma imposição, uma obrigação enfadonha, mas sim uma vivência alegre e plena. Ele quis pôr sua vida na Vida, aquela que habita unicamente em Deus. E, ao ler o livro que ele me presenteou, compreendi que Goldmund se equivocou ao escolher uma vida de desordem, e que Narciso também errou ao buscar uma ordem sem vida. A verdadeira sabedoria consiste em encontrar o equilíbrio entre a vida e a ordem, em viver plenamente a vida que Deus nos proporciona. 

Alfonso já não está mais entre nós, mas sua mensagem permanece viva em meu coração. A alegria em Deus deve ser constante, devemos encontrar motivos para nos alegrar em todos os momentos, seja no dia do nosso batismo, no dia do nosso casamento, no dia do perdão ou no dia do testemunho. Devemos ser felizes em Cristo e agradecer continuamente as bênçãos que recebemos. 

Agradeço ao meu amigo Alfonso o ensinamento dessa valiosa lição, e a você, que me lê agora, sugiro que nunca se esqueça disto: viva a vida em Deus e desfrute dela plenamente.