Por mais estranho que seja, o que levou Jonas a fugir para não pregar aos moradores de Nínive foi a misericórdia de Deus. O profeta sabia que o Senhor era capaz de perdoar até mesmo um povo cruel como os assírios. Como ele não queria isso, preferiu tomar um barco na direção oposta.
A misericórdia de Deus pode nos levar tanto a uma postura de arrependimento e conversão quanto à desobediência e rebeldia. Há cristãos que, conscientes da disposição divina de nos perdoar e nos aceitar sempre, vivem flertando com o pecado. Abrem espaços cada vez maiores para o mal. Quando menos esperam, o erro, antes ocasional, passa a ser estilo de vida. No entanto, a misericórdia de Deus deve nos motivar a viver em contrição e consagração.
No verso de hoje, que trata sobre a paciência divina, há uma metáfora interessante. A língua hebraica prefere as imagens concretas. Quando a intenção era descrever a natureza divina, os escritores bíblicos muitas vezes utilizavam linguagem antropomórfica. Na mentalidade hebraica, o corpo é mais do que uma estrutura física. É a sede das emoções humanas. E o lugar da ira, de acordo com esse pensamento, é o nariz. A palavra para nariz e para ira, em hebraico, é a mesma. É a expressão aph. Portanto, se você quer dizer que uma pessoa é paciente, em hebraico, literalmente dirá que essa pessoa tem um nariz comprido. A lógica é que, se alguém tem um nariz grande, essa pessoa leva mais tempo para ficar com o nariz vermelho de ira.
Quando Jonas diz que Deus é tardio em irar-Se, ele está utilizando a mesma metáfora. Está dizendo que Deus tem um nariz bem comprido. Que demora a ficar vermelho de ira. Deus é muito mais paciente do que podemos imaginar. Sua paciência e misericórdia são tão grandes que estamos aqui. Fomos acordados hoje pelo sol de Sua graça sobre nós. Então que tal iluminar o caminho de alguém? Qual é o tamanho do seu nariz?