Eu admiro mulheres de oração, tanto na Bíblia quanto nos dias atuais: minha mãe, Sergeneide, minha sogra, Julia, e a minha amada avó, que se chamava Maria das Dores e agora se chama Maria de Jesus, seu nome missionário.
Quando eu era criança, minha família morava em Curitiba, e minha avó, que sempre morou em João Pessoa, vinha nos visitar todos os anos. As semanas que ela passava conosco eram inesquecíveis, com muitas viagens e histórias para dormir. Ela sempre nos trazia pipocas e presentes. Mas a coisa mais importante era a presença forte e contagiante que ela tinha.
Em uma quarta-feira à noite, ela se arrumou como sempre fazia, com sua roupa impecavelmente branca e passada a ferro. Além disso, ela estava usando uma trança lateral e perfume. Minha irmã, Gabrielle, e eu também tínhamos colocado nossos vestidos para ir à igreja no bairro de Parigot de Souza. Estava frio, mas nossas risadas ecoavam pela rua, aquecendo nosso coração. Na igreja, um dos anciãos perguntou quem estava responsável pela música naquela noite. Houve um silêncio no recinto.
Então minha avó pegou a minha mão e a da minha irmã e nos levou até o púlpito. Ela abriu o hinário no hino “O Jardim de Oração”. A voz dela era forte, o silêncio era solene, e nossas vozes infantis entoaram aquele hino junto dela.
Eu ainda me lembro das palavras: “Meu Jesus num jardim ‘stá esperando, num lugar de eternal perfeição. Ele é luz, e Sua glória cintila, nesse lindo jardim de oração.” Quando cantamos, a igreja se uniu a nós em louvor. Foi tão lindo.
Quando voltamos para casa, a vovó nos colocou para dormir, dizendo: “Durmam com os anjos.” Tenho certeza de que dormi com eles, pois sei que eles cantaram conosco na igreja. Naquela noite, sonhei que eu estava com Jesus no jardim. Lá não haverá mais noite, nem frio, nem distâncias, nem tristeza. Muito em breve estaremos com Jesus no lugar de eternal perfeição.
{ Sarah Suzane Bertolli Gonçalves }