“Quem quer dinheiro?” É com essa pergunta que Sílvio Santos anima o seu público ao longo de décadas. Enquanto o apresentador sorri, as pessoas no auditório pulam histéricas na expectativa de pegar um dos aviõezinhos de papel estampados com a tão sonhada “onça-pintada”. A resposta para a pergunta inicial me parece óbvia. Todo mundo quer dinheiro. O problema é que esse desejo nunca é saciado. Quem pega um aviãozinho sempre quer outro. A cultura da ganância condiciona os seres humanos a uma rotina estressante, destrutiva e que desloca Deus do centro da vida.
Em uma previsão acertada, Nietzsche indicou que, na cultura ocidental, o dinheiro se tornaria o principal deus falso. Ele escreveu: “O que antes era feito ‘pelo amor a Deus’ hoje é feito por amor ao dinheiro, isto é, por amor ao que, no presente, permite-nos o mais elevado sentimento de poder e uma boa consciência” (Aurora: Reflexões Sobre Preceitos Morais, p. 210).
A Bíblia revela que o desejo pelas riquezas não é tão recente assim. O próprio Jesus falou amplamente sobre ele em Seus discursos. Depois do tema “reino de Deus”, dinheiro é o assunto sobre o qual o Mestre mais falou. Só para se ter uma ideia, dos 107 versos do Sermão do Monte, 28 tratam das riquezas. Das 49 parábolas, 24 abordam o tema. Para Cristo, as riquezas sufocam a semente do evangelho e são uma espécie de deus rival, Mamom, que enfeitiça os seus adoradores.
Entretanto, é preciso dizer que não é pecado ser rico. Vários personagens da Bíblia, como Abraão, Jacó, Davi e Salomão, possuíram riquezas, mas não permitiram que as riquezas os possuíssem. É o amor ao dinheiro, e não o dinheiro em si, que é a raiz de todos os males (1Tm 6:10). O problema é que esse falso deus tem a capacidade de se camuflar debaixo dos panos da nossa alma. Como disse Timothy Keller, “a ganância se esconde da própria vítima”. Por isso, é necessário pedir a Deus que arranque essa erva daninha do coração e implante o domínio próprio e o amor altruísta.
Não importa se você tem muito ou pouco dinheiro. Cuidado para não tornar um pedaço de papel o centro da sua vida! Lembre-se de que “aviõezinhos” voam para longe e “onças-pintadas” tendem a devorar as suas vítimas.