Conheci a Igreja Adventista do Sétimo Dia quando eu tinha 13 anos de idade. Ao ser batizada, depois de uma série de estudos bíblicos e sem tanto apoio da família, comecei minhas aventuras espirituais ao lado Daquele que é, sem dúvidas, especialista em realizar sonhos. Ao ouvir as instigantes histórias de homens e mulheres que abriram mão de tudo para se tornarem missionários em terras distantes, nasceu em meu coração o primeiro dos muitos outros sonhos que o Senhor plantaria. Eu sonhava casar com um pastor e sermos missionários nas selvas africanas. Até mesmo ao escolher o curso superior, meu sonho direcionou minhas escolhas. Pensava eu que, fazendo uma faculdade na área da saúde e casando com um pastor, juntos nos tornaríamos uma dupla imbatível. Eu promoveria a cura física, e ele, a espiritual. Talvez parecesse um sonho ousado. Para muitos, uma loucura; mas, em meu coração, essa semente só crescia.
Em 2003, durante um acampamento de liderança de juvenis, conheci um jovem guerreiro que sonhava em ser pastor missionário. Foram longos, desafiadores e surpreendentes dez anos para concluirmos o seminário teológico. Vivenciamos as alegrias e as inevitáveis tristezas de mãos dadas. Uma longa jornada cujo aprendizado sobre a dependência de Deus criou bases sólidas para o ministério que hoje desenvolvemos nas comunidades ribeirinhas do Amazonas.
Após concluirmos o seminário, fomos chamados para servir a Deus em Parintins, um município do interior do Amazonas, a fim de pastorear 11 igrejas, sete das quais estavam localizadas em comunidades ribeirinhas e duas eram indígenas. O acesso a essas igrejas só era possível por via fluvial, por meio de pequenas embarcações chamadas “lanchas” ou “rabetas”. Fiz muitas viagens missionárias com meu esposo, mas nenhuma se compara à minha primeira viagem às comunidades indígenas.
Ao nos dirigirmos pela primeira vez às comunidades indígenas da tribo saterê mawé em uma pequena embarcação com capacidade para cinco pessoas, contemplei aqueles rios escuros que serviam de espelho para as matas e para o imenso céu. Naquele momento, aquela selva amazônica se tornou a minha tão sonhada África. Não pude conter minha alegria ao pensar que meu Pai celestial Se importava com os meus sonhos e que estava empenhado em transformá-los em realidade. As lágrimas de alegria e gratidão se juntaram às gotas daquele rio que se tornou nosso tão sonhado campo missionário.
Jaqueline Bacelar Siqueira