Cresci em uma fazenda na Costa Leste. Estava localizada em um ponto do oceano a apenas quatrocentos metros de distância – rodeada em três lados. Às vezes, durante o inverno, ficávamos presos durante semanas esperando um arado limpar a estrada. No inverno meu irmão e eu esperávamos tempestades de gelo para subir ao topo dos pinheiros e deslizar nos ramos para as pilhas de neve macias lá embaixo. Cavávamos elaboradas fortalezas nas encostas de montanhas de neve de dois a três metros. À noite, seguíamos o caminho entre as altas colinas de neve que iam da nossa casa aos celeiros, onde éramos calorosamente recepcionados pelos animais, especialmente os gatos que brincavam nas vigas e pilhas de feno. No verão, brincávamos de esconde-esconde nos campos de grama alta, deitávamos ao sol procurando formas nas nuvens e observávamos as formigas carregarem cargas muito maiores que elas mesmas, para a sua rainha.
Íamos de bicicleta empoeirada para a praia, onde construíamos castelos, fortalezas e brincávamos com peixinhos e criaturas marítimas nas piscinas naturais. Essa era a nossa praia particular, o nosso paraíso, pois não nos importávamos com o mundo enquanto brincávamos e caminhávamos pelas rochas, praias e bosques perto de casa.
Muitas vezes, eu gostaria de poder voltar à simplicidade, pureza e paz daqueles dias. Agora a vida é tão ocupada: contas a pagar, tarefas a realizar, obrigações a cumprir. O noticiário é deprimente, a boa saúde é uma bênção e, às vezes, não sei se estou indo ou vindo.
O que mudou? Não são os campos, nuvens, oceano, formigueiro ou neve caindo. Não é a natureza de Deus ou a simplicidade Dele que mudou – e sim as minhas prioridades. Eu me esgotei com as preocupações de adultos e perdi o que as crianças veem e experimentam: o grandioso playground de Deus e a capacidade de aproveitar o amor Dele para com aqueles com quem me importo. Talvez eu não consiga mais brincar o tempo todo; mas, se eu tomar tempo, ainda consigo ver formas no céu e borboletas em canteiros de flores. E, se eu realmente quiser, posso até construir uma fortaleza de neve.
Separe um tempo, hoje para aproveitar o que o dinheiro não pode comprar e a pobreza não pode tirar – o grandioso playground de Deus.
Naomi Striemer