Segundo a mitologia grega, Procusto era um bandido que costumava hospedar pessoas em sua casa na serra de Elêusis. Em seu quarto, havia uma cama de ferro que tinha seu exato tamanho, para a qual convidava todos os viajantes a se deitarem. Se os hóspedes fossem demasiado altos, ele amputava o excesso de comprimento para ajustá-los à cama. Se tivessem pequena estatura, ele os esticava até atingirem o tamanho suficiente. Assim, uma vítima nunca se ajustava exatamente ao tamanho da cama.
O mito de Procusto é usado na Filosofia para demonstrar a intolerância humana diante de opiniões alheias e distintas. Além disso, essa história sombria exemplifica a atitude daqueles que querem, a todo custo, adequar um conhecimento ao seu próprio ponto de vista. Há muita gente que acha que a sua interpretação das coisas, ou seja, o “tamanho da sua cama” é a forma correta que existe.
Esse perigo envolve qualquer área do conhecimento, inclusive, a Teologia. Quando nos deparamos com o horizonte do texto bíblico, sempre trazemos nossas pressuposições, paradigmas e conceitos formados, isto é, nossa própria cosmovisão. O desafio é permitir que a Bíblia conduza e modifique nossas pressuposições, não o contrário.
Na tentativa de contextualizar a mensagem, muita gente acaba esticando ou mutilando o texto bíblico. Aplicam sem antes compreender. Como dizia um professor meu, em vez de ler a Bíblia com um marcador de texto, fazem-no com uma tesoura, cortando aquilo que não lhes agrada!
Para evitar esse erro, é preciso ler o texto de forma atenta, humilde e honesta, não desprezando o contexto em todas as suas implicações nem a cultura e a época em que foi escrito. Além disso, o estudo das Escrituras sempre deve ser acompanhado pela oração, a fim de que o Espírito Santo guie a mente do leitor.
Nestes dias confusos de tantas visões divergentes, cuide com as “lentes” que você utiliza para entender a Bíblia. Ela deve ser sua própria intérprete. O texto deve ser analisado em seu devido contexto – geral e específico. Assim, os “Procustos” da vida ficarão apenas na mitologia.