Uma parábola não conta necessariamente uma história real. O que interessa é a lição espiritual que ela apresenta. Esse é o caso da parábola do rico e Lázaro, narrada em Lucas 16. Nela os mortos têm olhos, dedo e língua. Estão vendo, falando, ouvindo, pensando e sentindo. O Céu e o inferno estão separados, mas tão próximos que é possível aos habitantes de um desses lugares ver o que acontece no outro e se comunicar com os que estão lá. Tudo em evidente desacordo com o que a Bíblia fala sobre o estado dos mortos (Ec 9:5, 6, 10; 1Ts 4:16, 17).
Histórias como essa eram comuns tanto no Egito quanto na Palestina. Jesus utilizou uma delas para ensinar algo importante. Nos primeiros versos desse capítulo, Jesus conta uma parábola ensinando que não podemos servir a Deus e às riquezas ao mesmo tempo. Os fariseus avarentos não concordaram e zombaram Dele. Para eles, a prosperidade era um sinal do favor de Deus. A adversidade e a pobreza eram indicativos de que a pessoa estava sob a condenação divina.
Foi esse o contexto da parábola. Nela há um claro contraste entre um homem abastado e um indigente. O rico se veste como um rei. Cada refeição é um banquete. Ele tem cinco irmãos e se preocupa com eles. Em suma: ele tem riquezas, muitas coisas e bons relacionamentos. Se os fariseus estiverem certos, depois de sua morte ele irá para o Céu.
O outro, Lázaro, é miserável. Não tem moradia. Vive ao relento à porta da casa do rico. Seu corpo está coberto de feridas. Não tem família nem recursos para o mais básico: a alimentação. Vive de sobras, disputando migalhas com os vira-latas que lambem suas feridas. Se os fariseus estiverem certos, quando Lázaro morrer, irá para o inferno.
No fim da parábola, para surpresa de todos, acontece exatamente o oposto. O rico se perde, e o indigente herda o reino de Deus. Isso nos serve de alerta. Não ponhamos o coração no dinheiro e naquilo que ele pode comprar. Façamos o bem com o que Deus nos deu e confiemos unicamente em Sua graça para nossa salvação.