Ao longo dos séculos, muitos comentaristas da Bíblia têm estudado as profecias apocalípticas das Escrituras. No entanto, nenhum acontecimento dos tempos modernos despertou mais interesse do que a prisão do papa Pio VI pelas tropas francesas, lideradas pelo general Alexandre Berthier, em 15 de fevereiro de 1798. Preocupado com o fato de a Revolução Francesa estar levando à ruína o cristianismo na França, o pontífice condenou o movimento e chegou a apoiar uma coligação contra ele. Reagindo a isso, soldados franceses conquistaram Roma, depuseram o papa de sua autoridade temporal e o levaram como prisioneiro, sob escolta, para diferentes locais. Ele morreu em Valença, em 29 de agosto de 1799. Somente em 1929 o Estado do Vaticano seria totalmente reintegrado.
Diversos estudiosos das Escrituras entenderam a prisão do papa como o fim dos 1.260 dias-ano de supremacia papal (Ap 11:3; 12:6; cf. Dn 7:25; Ap 11:2; 12:14; 13:5) e o início do “tempo do fim” (Dn 8:17; 11:35, 40; 12:4, 9; cf. 8:19). Esse fato marcante despertou grande interesse pelas profecias bíblicas. As duas profecias temporais seladas no livro de Daniel – as 2.300 tardes e manhãs simbólicas (Dn 8:14, 19, 26, 27) e “um tempo, dois tempos e metade de um tempo” (Dn 12:4-7) – finalmente foram compreendidas. A partir de então, o tempo não seria mais apenas regular (do grego kronos), mas escatológico (do grego eschaton). Assim, o tempo se tornou solene e passou a haver uma consciência crescente a seu respeito.
Muitos pregadores ao redor do mundo enfatizaram o cumprimento tanto das profecias temporais quanto dos sinais cósmicos do breve retorno de Cristo (Mt 24:29-31; Lc 21:25-28). Mas Ele não voltou tão prontamente quanto se esperava, e agora o “tempo do fim” se estende por mais de dois séculos. Conforme indica a parábola das dez virgens (Mt 25:1-13), a tardança do noivo levaria todas elas a sentir sono e dormir. Contudo, a vinda do noivo foi apenas adiada, não cancelada. Se esse acontecimento glorioso estava relativamente
perto naquela época, está muito mais próximo agora.
Se, naqueles dias, os que acreditavam no advento viviam em ávida expectativa, quanto mais devemos nós viver agora! Não abramos mão de nossa bendita esperança!
Alberto R. Timm, 15/2/2018