Humildade é ver os outros como eles são. É reconhecer que todas as pessoas são superiores a você de alguma forma. Isso não significa que você deva pensar: “Pobre de mim. Não sou nada. Não sou ninguém. Acho que vou comer alguns vermes.” É apenas um fato simples: se você estiver muito impressionado consigo mesmo, não reconhecerá o valor dos outros. Nenhuma habilidade ou talento lhe dá o direito de se considerar melhor do que ninguém.
As outras pessoas têm qualidades que você não tem, diferentes de você. Alguns mais que você. Uns são mais prestativos, outros são mais econômicos, alguns são mais sensatos, outros são mais ágeis, outros ainda são mais equilibrados. Humildade é perceber o valor daqueles que estão à sua volta e admitir o valor deles.
O segredo da humildade que Paulo apresenta em Filipenses não está em parecer inferior ou indigno, mas em demonstrar genuíno interesse pelos feitos dos outros, reconhecendo suas habilidades e contribuições.
Na parábola dos talentos, Jesus fala de um homem que ia fazer uma viagem e distribuiu suas riquezas para três de seus servos. Para um, ele deu cinco talentos; para outro, dois; e, para o terceiro, um. Na volta da viagem, o senhor chamou os três servos para o acerto de contas. Os dois primeiros servos devolveram o que pertencia a seu senhor, com rendimento extra. Eles reconheceram que tudo pertencia a seu senhor.
O terceiro servo, porém, devolveu o talento recebido sem nenhum rendimento. Jesus disse que aquele servo era um inútil. Essa história me diz que o cristão humilde é eficiente no que faz. Ele assume suas chances e se prepara para a vida com responsabilidade. Ele pega o talento que recebeu, esforça-se, luta e vence.
Para mim, a posição do servo dos dois talentos é a mais delicada. Ele corria o risco de olhar para o servo dos cinco talentos com inveja, pois o colega tinha recebido mais do que ele. Ou olhar para o servo que recebera um talento com desdém. Afinal, ele multiplicou os talentos recebidos, enquanto o outro enterrou o talento na areia do medo.
Nossos talentos não nos dão o direito de nos considerarmos melhores do que os outros. O cristão não vive se comparando a ninguém. Nosso olhar deve estar em Jesus, que “embora sendo Deus […] esvaziou-Se a Si mesmo” (Fp 2:6, 7).