Aqueles que me conhecem sabem que detesto dirigir. Quando eu tinha 17 anos, mudei-me de Miami para a Califórnia, a fim de obter residência para conseguir a bolsa de estudos daquele Estado. Foi algo sobre o qual não pensei duas vezes. No entanto, se eu soubesse o que aconteceria no meu último ano, acho que nunca teria feito a mudança para a Califórnia. Um dia depois de completar 18 anos, me envolvi em uma colisão frontal a caminho do colégio. Tive ferimentos graves, fui levada de helicóptero para o hospital, permaneci presa ao leito por vários meses e precisei enfrentar uma terapia extremamente dolorosa e intensa para poder andar novamente.
Agora você pode ver por que odeio dirigir. Na verdade, fico ligeiramente nervosa e muito paranoica toda vez que estou atrás do volante. Essa paranoia, esse medo e ansiedade me abandonam por completo quando meu marido assume o volante. Quando ele dirige, dou um suspiro de alívio. Reclino levemente meu assento para trás, aprecio o cenário e, às vezes, até cochilo (quando não estou lidando com meus dois filhos no banco traseiro). Não me preocupo em saber como chegaremos ao lugar para onde nos dirigimos. Sei que o motorista vai descobrir o caminho. Não preciso prestar atenção às placas na rua, às placas de saída para a rodovia, a outros carros ou mesmo ao velocímetro. Posso relaxar porque confio nele. Sei que meu marido se importa com nossos filhos e comigo, e sempre quer o nosso bem.
Se tão somente a vida fosse fácil assim, não é? Se tão somente pudéssemos ter um motorista para nos levar aonde precisamos ir, e pudéssemos simplesmente sentar e curtir o cenário! “Isso é impossível”, resmungamos. “Não com os nossos horários, as necessidades dos filhos, o trabalho, nossas contas e nossos problemas. Reclinar-se no assento não é uma opção. Temos que dirigir em meio a esta vida, no limite da velocidade, com ansiedade e medo lá por dentro, tentando chegar ao nosso destino. Um ciclo frenético, às vezes desesperançado.”
E se eu lhe dissesse que temos, sim, um motorista designado? Se eu lhe dissesse que as placas da rua, as placas de saída ou o trânsito não são mais coisas com as quais tenhamos que nos preocupar? E não são – porque Cristo, nosso condutor, espera atrás do volante por você e por mim. Tudo o que precisamos fazer é abrir a porta do passageiro e entrar.
Ele nos chama: “Deem-Me ouvidos e venham a Mim; ouçam-Me, para que sua alma viva” (Is 55:3).
Raquel Carrera