Quarta-feira
02 de outubro
Por puro prazer
Encoste uma faca na sua própria garganta, se você é glutão. Provérbios 23:2

A festa de casamento estava chegando ao fim, e a sobremesa foi servida. Havia um enorme bolo, incontáveis doces e lembrancinhas para todos. O menino começou a comer sem parar, saboreando cada mordida, até que sua mãe disse a ele que já era suficiente. A resposta veio em seguida: “É que eu gosto, mãe!” E continuou comendo. Não tardou muito para o menino se sentir indisposto e sair dali para vomitar. Naquele momento, compreendi que aquilo era uma metáfora do nosso mundo. Muitas vezes, nós, assim como o menino, nos entregamos aos prazeres efêmeros sem pensar nas consequências. O gosto, muitas vezes, se torna a única medida para nossas escolhas e, como consequência, acabamos caindo em excessos. 

Cada vez mais, o desejo tem ocupado o lugar da razão. Em lugar da responsabilidade, veio o capricho. Em lugar do amor verdadeiro, o mero sentimento carnal. Vivemos sob a tirania do gosto – só se faz aquilo de que se gosta, e amaldiçoa-se aquilo que não traz prazer imediato. É a ditadura do like, do ícone com o polegar para cima. 

Há muitos séculos, o livro de Provérbios nos adverte contra esse vício. O tema do prazer não é um assunto que tem afetado somente nosso tempo. Sempre existiram pessoas – as assim chamadas hedonistas – que só pensam naquilo de que gostam, sem pensar nas consequências posteriores. Mas o conselho divino é que encostemos uma faca na garganta se não conseguimos nos controlar. Somos advertidos de que é preciso pôr limites aos nossos desejos, pois eles sempre se inclinam ao excesso. 

Como podemos recuperar o controle sobre nossos desejos? Poucos meses atrás, eu falava do “Método dos Cinco Segundos” (ver texto do dia 6 de junho). Hoje, torno a lembrá-lo, pois ele funciona. Os especialistas no cérebro humano nos asseguram que são necessários apenas quatro segundos para controlar uma emoção. Eu proponho um segundo a mais para nos conscientizarmos de que o Espírito Santo está fazendo soar um alarme interno – aquilo que costumamos chamar de consciência. 

Quando você for tentado a fazer algo apenas pelo prazer, detenha-se por cinco segundos. Peça a Deus que o ajude e enfrente a tentação. Salomão pediria que você fosse mais radical. Hoje, eu só peço que você espere cinco segundos.