Desde criança, eu costumava ser muito observadora, e essa atitude ainda tem me acompanhado ao longo da vida. Sou de uma família de dez irmãos, e sempre ficava observando meus pais lidando com a vida cotidiana de nosso lar. “Não” para isso e “não” para aquilo faziam parte dos nossos diálogos familiares. Como é difícil para o ser humano encarar os “nãos” da vida. E quando é o próprio Deus que responde de forma negativa aos pedidos feitos em orações?
No ano de 2004 , minha querida mãe morava em Ji-Paraná, Rondônia, com alguns irmãos. Frequentemente ela reclamava de enxaqueca. Como não sabíamos o que estava ocasionando aquele sofrimento, decidimos levá-la para o Espírito Santo, onde a maior parte de nossa família residia. Ela foi submetida a uma bateria de exames, e os resultados indicaram um câncer cerebral. A notícia caiu como uma bomba em nossa família. Ela teve que passar por uma cirurgia de emergência, e fomos informados de que a chance de sobreviver era mínima. Entramos em uma corrente de oração com a família, a igreja e os amigos. Mas, infelizmente, minha mãezinha veio a falecer. Foi o “não” para a cura de uma doença.
São inúmeras as vezes que nos encontramos desapontados quando pedimos algo a Deus, que estávamos convictos de que era o certo, mas Deus não nos atendeu. Nem sempre o Senhor nos concede o que queremos, mas podemos estar certas de que Ele dará o que necessitamos. Consequentemente, Deus vai nos negar algo quando o que desejamos for prejudicial para nós. A Bíblia nos lembra: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito […]; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jr 29:11, ARA).
Todos nós recebemos os “nãos” de Deus em algum momento de nossa vida aqui na Terra. Com Jesus não foi diferente. Quando restava pouco tempo para ser pendurado na cruz do Calvário, Ele pediu ao Pai que o livrasse: “Pai, se queres, afasta de Mim este cálice; contudo, não seja feita a Minha vontade, mas a Tua” (Lc 22:42). Mesmo com o “não” do próprio Deus, o Messias ergueu a cabeça e enfrentou a dolorosa morte da cruz. Mesmo não desejando, Jesus obedeceu, pois sabia que estava intimamente ligado à vontade de Seu Pai, com o propósito de salvar a humanidade. Não é fácil confiar quando estamos passando por momentos de tristeza, angústia e dor, mas é necessário enfrentá-los, pois os planos de Deus são melhores e maiores.
Marcela Marrane Dalman