A trajetória de Abraão a partir do momento em que deixou Ur dos caldeus foi pontilhada de testes para a sua fé. O próprio chamado para que deixasse a parentela e fosse para um lugar desconhecido era um desafio. Deus tinha o propósito de afastá-lo da idolatria reinante e fazer dele um instrumento de preservação da verdadeira fé. Foi uma longa peregrinação. Aos testes, o patriarca reagiu com altos e baixos, realçando assim a graça divina presente no chamado a pessoas comuns, sujeitas às mesmas paixões que nós. Entretanto, em meio a essas provas, ele se manteve fiel Àquele que é “o Autor e Consumador da fé”. Os testes o prepararam para enfrentar a maior prova de sua vida.
Depois da experiência traumática com Agar e Ismael (Gn 21:8-14), o patriarca ouviu de Deus, pela segunda vez, a promessa de que teria um filho. Era o ponto de partida para o surgimento de uma nação inumerável como as estrelas. A idade avançada do casal tornava humanamente impossível a concretização do fato, mas o milagre aconteceu. Nasceu Isaque.
Passados 20 anos, Abraão foi provado com o estranho pedido divino: “Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto.” Perplexo, Abraão obedeceu. Afinal, a fé nunca olha para as circunstâncias nem considera os resultados. Simplesmente age e espera em Deus. Não intercedeu pelo filho, como já havia feito em relação à ímpia população de Sodoma. Disposto a salvar uma cidade, disposto a entregar o filho único. Esse fato unido à caminhada de pai e filho para o monte trazem à lembrança a disposição de Deus em salvar o mundo e a caminhada de Seu Filho para o Calvário.
A obediência de Abraão está acima de qualquer explicação. Era resultado de haver crido na promessa. Tamanha era sua fé que, em todo o tempo, esteve seguro de que a promessa de fazer dele uma grande nação seria cumprida. Deus, por certo, ressuscitaria Isaque (Hb 11:19). Felizmente, não foi preciso tirar a vida do filho. O Deus da graça proveu o cordeiro que, naquele episódio, prefigurava o Cordeiro que Ele proveria no Calvário para nossa redenção. Essa era uma lição da qual Abraão jamais deveria se esquecer.
Novos sentimentos, convicções e nova visão da graça divina acompanharam o patriarca na volta para Berseba. Ninguém sai de uma provação do mesmo jeito que entrou nela.