No versículo de hoje, encontramos um conselho bíblico que reconhece a importância dos sentimentos, mas nos adverte a não basear nossas decisões apenas neles.
Por um lado, a Bíblia nos instrui: “Consultem no travesseiro o coração e sosseguem” (Sl 4:4). Mas, por outro lado, nos lembra que “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas” (Jr 17:9). Isso não é uma contradição; é uma advertência semelhante à dosagem de um remédio que, se for administrado na dose errada, pode causar várias reações adversas.
Certa vez, um ateu ridicularizou a fé apresentando uma pesquisa em que dois grupos de crentes foram expostos a um áudio cristão. Ocorre que, para o primeiro deles, disseram previamente que se tratava de uma grande pregadora cheia do Espírito Santo, o que não era verdade. Já o segundo grupo não recebeu essa informação. Como resultado, o primeiro grupo experimentou uma emoção muito maior, pois a expectativa dos fiéis influenciou o sentimento deles.
Fãs de rock também sentem uma “energia”, um arrepio ou uma vibração durante um show. Assim, segundo a visão desse ateu, não há Deus, apenas a expectativa do crente, que gera a sensação da presença divina.
Não apenas crentes, mas também céticos podem ser predispostos a ver coisas que não existem, como o famoso “raio N”, supostamente descoberto por Blondlot em 1903, cujo espectro foi observado por vários físicos renomados até ser provado falso por Robert Wood.
A miragem no deserto não prova que lagos não existem. Pelo contrário, ela demonstra que tenho sede e que, por isso, não devo me deixar levar por aparências emotivas, mas discernir entre o real e o imaginário, conforme orienta a Bíblia. O que não se pode fazer é, por causa da miragem, negar que a água exista ou beber de qualquer fonte contaminada, acreditando que tanto faz, pois o que importa é o sentimento.
Jesus disse que quem bebe das fontes deste mundo volta a ter sede, mas quem bebe da fonte que Ele oferece nunca mais terá sede (Jo 4:13, 14). Bebamos da verdadeira fonte da água da vida com emoção e lucidez.