Uma professora iniciou o projeto “Quebrando o Silêncio” na escola onde trabalha. Esta é uma campanha mundial para difundir conhecimento e defender o fim da violência contra mulheres e crianças. Naquela escola, os alunos do ensino médio vinham de realidades bem diferentes: Bulgária, Turquia e Roma (um grupo etnicamente nômade tradicional). Muitos vinham de lares abusivos ou muito pobres. Manifestavam alto nível de agressividade em seu comportamento. Quando aqueles alunos aprenderam a comunicação não violenta por meio do projeto, a atmosfera da escola mudou radicalmente.

Um dia, fui convidada a fazer uma palestra nessa escola e levei um pedaço de papel para cada aluno, que deveria cortar o papel em três partes iguais. Em uma das folhas, pedi que desenhassem algo que eles não gostariam que subisse em suas pernas. No segundo papel, deveriam desenhar algo que não gostassem de comer. Na terceira folha, pedi que escrevessem o nome de alguém que amassem muito, como a mãe, avó ou a tia favorita. Então pedi que olhassem para o desenho na primeira folha e depois pisassem e amassassem os escorpiões, vespas e baratas. Em um barulho gradativo, os alunos alegremente fizeram o mesmo com os desenhos do segundo papel. Eles adoraram “machucar” os desenhos das comidas que não gostavam de comer. Mas quando pedi que fizessem a mesma coisa com o terceiro pedaço de papel, que continha o nome de alguém que amavam, eles ficaram quietos.

– Qual é o problema? – perguntei. – É só um nome, não é a pessoa de verdade.

Eles não conseguiam causar dano àquele terceiro pedaço de papel.

– Mas eu amo esta pessoa! – muitos disseram. Que lição reveladora eles aprenderam! É difícil machucar aqueles com quem nos relacionamos. É difícil querer o mal de alguém que conhecemos.

Antes de querer machucar uma pessoa, deveríamos aprender mais sobre o que ela gosta e não gosta, sobre seu passado e sua família, em vez de enxergar apenas sua cor, sexo ou idade. Um amor baseado em um relacionamento se manifesta por meio do cuidado, do respeito e da tolerância. Os alunos e eu decidimos que, no futuro, seríamos mais cuidadosos na avaliação de nossos relacionamentos. Espero que você e eu tomemos essa mesma decisão.

{ Denise Hochstrasser }