No fim de uma tarde de novembro, nossa família decidiu patinar no gelo. Tiramos os patins do armário sob a escada e descemos correndo a colina, enquanto a neve ficava cor-de-rosa, refletindo o breve crepúsculo de Alberta, no Canadá. Embora nosso filho costumasse patinar na pista da cidade, o gelo havia se formado recentemente sobre o lago. “Deve estar firme”, anunciou meu esposo. “Já faz uma semana que está frio.”
Achei que ele tinha razão, mas teria preferido esperar mais uma semana – simplesmente para ter segurança. Mesmo assim, calcei os patins e fui patinar sobre o lago com meu esposo e meu filho. À luz que enfraquecia, estudei o gelo – vários centímetros de espessura e claro como cristal. Vi as copas congeladas da vegetação do lago e bolhas de ar encerradas no gelo. Então meu filho gritou: “Venha, papai! Venha, mamãe!”
Garrick nos chamou, ao deslizar pelo lago. A neve voava enquanto os patins dele resplandeciam com a última claridade do dia. Seguimos nosso filho, rindo naquele ar frio enquanto deslizávamos pela extensão do lago. Como era bom estarmos vivos, expirar e ver a condensação congelando nossos cílios, parar de repente e observar a neve formando um arco e espalhando-se ao cair.
“Temos sopa no fogão. Vamos tomar um pouco”, sugeriu meu esposo enquanto patinávamos na penumbra. Eu patinava mais devagar, apreciando a quietude por um momento. Então, prendi a respiração. A poucos metros dali, vi um círculo grande, escuro, um ponto onde não havia neve. Havia acabado de se abrir ou seria um buraco no gelo? Eu conseguiria frear meus deslizantes patins em tempo de evitá-lo? Ou, quem sabe, deveria simplesmente confiar. Nós três havíamos patinado por trinta minutos, sem, absolutamente, indício algum de que o lago não estivesse completamente congelado.
Desse modo, naquela noite escura, mas estrelada, dei um salto de fé. Respirei fundo, impulsionei meu corpo com força e passei deslizando por aquele gelo negro e duro.
A evidência de que Deus nos ama existe. Nossos saltos de fé nos farão pousar com firmeza; podemos deslizar rumo ao futuro, certas de que somos Dele.
Denise Dick Herr