Sexta-feira
07 de junho
Sapão
O justo cuida bem dos seus rebanhos, mas até os atos mais bondosos dos ímpios são cruéis. Provérbios 12:10

Chamo de Sapão a um cururu que morou em nosso quintal durante dois anos. Nos dias mais quentes, ele preferia se esconder em um cano que ligava o pátio à calçada externa da casa. Quando chovia, ele aparecia no pátio para comer as minhocas que escapuliam dos canteiros.

Uma vez, quase o assamos ao atear fogo a uma pilha de gravetos e folhas secas. Ele estava embaixo. Ficou todo sapecado, mas conseguimos tirá-lo de lá. Às vezes Sapão desaparecia por 30 ou 40 dias. Desconhecíamos seu itinerário, mas, então, ele reaparecia no pátio. Já havia se acostumado com a nossa presença e quase não ligava pra nós. Ficava na dele.

Em um dia de muito calor, ouvi uma algazarra que vinha da rua. Havia barulho de pedras também. Fui verificar. Sapão estava lá, no meio de uma roda de meninos armados com pedaços de pau. Já tinha levado algumas pedradas e sal nas costas quando escorracei a molecada.

Enquanto os meninos corriam, Sapão veio pulando devagar, as costas feridas, passou ao meu lado e entrou no pátio. Coincidência ou não, parou embaixo da torneira do jardim. Fiz então o que ele queria: abri a torneira sobre suas costas e lavei as suas feridas. Ele sabia que podia contar com a gente.

Pois é, até um sapo percebe quando é “amado”. Até um sapo merece ser bem tratado. Ele pode ser feio e nojento para nós, mas é bonito e aceitável em seu mundo. “Aquele que maltrata os animais porque os tem em seu poder, é tão covarde quanto tirano.” E ainda: “A disposição para causar dor, quer seja ao nosso semelhante quer aos seres irracionais, é satânica.” Ellen White não pertencia a nenhuma ONG (Organização Não Governamental) protetora de animais, mas Deus a inspirou a dizer que “um relatório sobe ao Céu, e aproxima-se o dia em que se pronunciará juízo contra os que maltratam as criaturas de Deus”. Está no livro Patriarcas e Profetas, p. 443.

Em O Desejado de Todas as Nações, à página 500, está escrito que “as misericórdias e providências da lei estendiam-se até aos animais inferiores, que não são capazes de exprimir em palavras suas necessidades e sofrimentos”. Francisco de Assis foi um religioso católico que se tornou famoso por causa de seu amor aos seres irracionais. Ele fazia como Jesus, que também tratava os animais com amor.