Sábado
28 de dezembro
Sapatos
Sejam servos uns dos outros, pelo amor. Gálatas 5:13??

Era dia de um evento de Natal em minha comunidade. Embora a temperatura es- tivesse abaixo de zero lá fora, parecia quente e aconchegante dentro do prédio da igreja. Os irmãos e irmãs se alegravam com os muitos visitantes que vieram para o evento, apesar do frio e do vento gelado. Todos estavam se regozijando e comungando, e havia velas acesas na mesa. As crianças corriam em volta dos adultos, agrupando-se por idades e interesses. Eu também estava nessa cena agradável. 

Perto do encerramento do evento de Natal, uma das irmãs se aproximou de mim e perguntou: – O tamanho do seu sapato é 36? Por acaso você tem algum par de sapatos sobrando que você não usa? 

Nós nos afastamos, enquanto ela apontava silenciosamente para os pés de uma das mulheres bem vestidas. Após olhar com mais cuidado para os pés, notei que a parte de cima de seus sapatos de primavera estava se separando da parte de baixo quando ela andava, mostrando suas meias. No entanto, junto às outras mulheres, ela alegremente limpava as mesas e sorria docemente para as pessoas ao seu redor. 

Fiquei comovida com o que vi. Duas perguntas surgiram em minha mente: Como ela chegou aqui com aqueles sapatos gastos? E como ela voltará para casa com aqueles sapatos nessa véspera de janeiro, ainda mais nesse frio intenso e na neve profunda? 

Chamei-a de lado para perguntar se poderia ajudá-la, embora não quisesse ofendê-la. – Eu posso dar um par de sapatos para você? – perguntei. Durante a conversa com ela, descobri que a família dela estava construindo uma casa, mas depois passaram por dificuldades financeiras. 

– Nem sempre tive sapatos assim – disse ela, sorrindo. – Então, eu ficaria muito feliz com sua ajuda. 

– Espere aqui até eu voltar – eu disse a ela e corri para casa para pegar um par de sapatos. 

Essa querida mulher, embora sofrendo grande necessidade, não pediu nada. Ela não havia reclamado de suas difi culdades. Talvez seja por isso que senti um desejo tão forte em meu coração de ajudá-la. Ela poderia ter fi cado em casa por vários motivos e não ter ido à igreja. Mas ela foi, talvez acreditando que “um dia nos Teus átrios vale mais que mil” em outro lugar (Sl 84:10). Ela escolheu o Senhor e a comunhão cristã. Lembrando- me desse incidente, penso em como é importante cuidar mais daqueles que estão ao nosso redor, daqueles que, apesar de suas necessidades, se alegram no Senhor e não perdem nenhuma oportunidade de estar nos “átrios” do Senhor. 

Maria G. Vacheva