O sofrimento é um dos maiores argumentos usados pelos ateus para não aceitarem a existência de Deus. De fato, a combinação das palavras “criança” e “leucemia” em uma mesma sentença é perturbadora para qualquer pessoa.
Por outro lado, é interessante observar que, mesmo diante das maiores tragédias, não abandonamos completamente a crença em Deus, mesmo que de forma teórica. Apesar das adversidades, de alguma forma o sagrado continua aqui, influenciando a maioria absoluta da humanidade.
O trauma do genocídio não tornou os ruandeses, judeus e armênios grupos majoritariamente descrentes. Pelo contrário, a maioria dos sobreviventes ainda buscava na fé o consolo para sua dor. O sofrimento os levou a ver a vida de um modo diferente, mas não a duvidar da existência de Deus.
Embora seja difícil chamar Einstein de religioso, podemos pelo menos dizer que ele também admitiu que temos uma busca universal pelo sentido da vida, que se traduz na experiência da fé. Segundo ele, “encontrar a resposta para esta busca significa ser essencialmente religioso”. Nesse mesmo sentido, o filósofo alemão Ludwig Wittgenstein disse que “crer em Deus significa ver que a vida tem um significado”.
Não seria essa busca uma expressão de nossa carência de Deus? É como se o inconsciente clamasse em uma oração que até mesmo os ateus poderiam fazer: “Senhor, que Tu existas.” Como disse Aldous Huxley: “Há um vazio em forma de Deus no coração das pessoas.”
A tragédia humana consiste justamente em negar esse vazio ou tentar preenchê-lo com algo que não seja Deus. Muitos tentam, até que percebem, talvez tarde demais, que sexo, dinheiro, poder e fama podem oferecer prazer momentâneo, mas não trazem a paz verdadeira. Foi esse sentimento que levou muitos famosos a encerrarem sua vida com uma overdose em um quarto de hotel.
Lembro-me de uma oração de Santo Agostinho que diz: “Oh Deus, Tu nos criaste para Ti mesmo, e nosso coração estará inquieto até que encontre repouso em Ti.” Que assim seja! Que Deus preencha a carência eterna do nosso ser.