Quando eu tinha onze anos, meu pai e eu saímos juntos em uma viagem especial. Com meus dedos enrolados dentro de sua mão quente, caminhamos lado ao lado nas estreitas ruas de paralelepípedos da cidade de Eger, na Hungria.
Estávamos indo pegar uma adolescente, Maria, de um orfanato. Papai e eu entramos no saguão, onde uma mulher com avental branco nos cumprimentou.
– Por favor, sentem-se enquanto Maria prepara suas coisas – disse ela gentilmente.
Foi bem corajoso da parte de meus pais acrescentar uma outra pessoa à nossa vida simples, já que o orçamento e o espaço eram apertados. Minha irmã conheceu Maria em um acampamento de meninas, e por sua persuasão amorosa é que meus pais foram convencidos a adotar Maria.
Do saguão do orfanato vimos dois corredores estreitos com portas nos dois lados. Enquanto sentamos para esperar, percebi que uma das portas estava se abrindo, era apenas uma fenda. Logo em seguida, uma pequena cabeça apareceu. Em pouco tempo, havia uma cabecinha ou duas observando em cada porta. Poucos minutos depois, um colega corajoso, com cabelos loiros e sujos, saiu e caminhou em nossa direção. Óbvio que todos os os meninos fixaram os olhos em meu pai. A voz tímida do menino quebrou o silêncio quando ele se virou para o meu pai e disse:
– Você é … meu papai? Você veio me buscar?
Logo outros o seguiram, repetindo a pergunta com um raio de esperança nos olhos que só as crianças possuem.
– Você é meu papai? Você veio me levar para casa com você?
Meu pai estendeu a mão e acariciou cada rosto com um sorriso, balançando suavemente a sua cabeça. A resposta era não – uma resposta que eles costumavam ouvir. Papai nos disse mais tarde como seu coração doía porque ele não podia ser um pai para todos os meninos. E foi então que entendi o significado de ter um pai – um pai com quem eu podia ir para casa.
Quando cresci, comecei a ver um cenário ainda maior do meu Pai celestial que, ao dar Seu Filho à humanidade, adotou todos e cada ser humano em Sua família.
Para a pergunta: “Você é meu Pai?” Deus responde: “Sim, minha filha. Eu sou seu Pai. Vamos para casa!”
Ida T. Ronaszegi