Embora tivesse a orientação de que lhe seria indicado quem deveria ser o futuro rei, o entrevistador analisou sete possíveis ocupantes do trono, mas nenhum deles estava na agenda do Supremo Líder. Até que fez a pergunta decisiva a Jessé, o pai deles: “Você não tem mais nenhum filho?” “Ah, sim!”, foi a resposta. “Tenho o caçula, mas ele está cuidando das ovelhas.” Tendo diante de si o garoto Davi, Samuel ouviu a manifestação do Céu: “É este!” Ali teve início a história de Davi (1Sm 16:11, 12). Primeiramente, como habilidoso harpista a serviço de Saul. Antes de se revelar poeta, com as credenciais de ter dominado, à mão, animais ferozes, acabou convencendo o rei a deixá-lo enfrentar o vitorioso Golias, diante de quem mostrou ser ele o verdadeiro vencedor, “em nome do Senhor”.
Seguiram-se memoráveis vitórias contra inimigos do reino, mas o monarca, apostatado e frágil, reagiu invejoso contra ele. Fugindo às repetidas ameaças de morte, Davi continuava humilde, fiel, dotado de visão espiritual, ao ponto de se recusar a destruir o potencial algoz, que desonrava a unção recebida. Mesmo assim, o jovem conquistador lembrou que o rei era intocável (1Sm 24).
Com a morte de Saul, Davi assumiu o trono, dando início a tempos de prosperidade, recuperação do respeito e força, diante das outras nações. É verdade que sua história não foi isenta de tropeços. Contudo, arrependeu-se (Sl 51) e recebeu condecoração máxima da graça: “Achei a Davi, […] homem segundo o Meu coração”, disse o próprio Deus (At 13:22), dando-lhe razões de sobra para celebrá-la.
Foi o escudo da graça que o protegeu dos perigos e o tornou vencedor sobre os inimigos. Sob esse refúgio, obteve o favor de Deus. Não foi outra coisa senão a clemência divina que o tornou grande. Sim, ele reconhecia humildemente tudo isso. Aqui está uma lição para muitos que, hoje, imaginam-se com direitos a favores celestiais ou que se veem como únicos autores das conquistas pessoais ou do serviço prestado à causa de Deus.
É dito que, depois de haver composto o oratório “O Messias”, do qual o 42o movimento, “Aleluia”, tem maravilhado as pessoas em todo o mundo, Georg Händel escreveu as iniciais SDG – Soli Deo Gloria (glória somente a Deus) – no fim do manuscrito. Esse foi o sentimento que marcou a existência de Davi. Qualquer percepção além disso, diante do que Deus tem feito de nós e por nós, chega a ser pecaminosa.