Conheci o Sr. Jair no momento mais dramático da minha vida e nunca me esquecerei da lição de humildade que aprendi. Nasci na zona rural, filha de um homem cuja família tinha muitas posses. Contudo, devido a uma seca prolongada, perdemos tudo. Meu pai se tornou um empregado, mas ensinou aos filhos acerca do orgulho e da vaidade dos nobres portugueses.
Sou a caçula de cinco irmãos. Sofri abuso na infância, o que me levou a ter uma personalidade introvertida e a uma imensa fobia social. Na adolescência, fomos morar em uma grande área metropolitana, e passei por vários cargos administrativos. Caseime, tive duas filhas e parei de trabalhar. Minha vida, no entanto, não ia bem. Eu tinha medo das pessoas e me isolava. Devido a uma complicada situação financeira, recebi alegremente uma proposta para trabalhar em casa, costurando para confecções, e minha autoestima melhorou bastante. Depois, a mesma pessoa me convidou para trabalhar em suas instalações de manufatura de vestuário. Sempre quieta, mas trabalhando arduamente, conquistei sua amizade. Ela gradualmente descobriu que eu gostava de ler. E me emprestou vários livros de uma editora cristã, os quais me trouxeram muita paz. Eu tinha um conhecimento avançado da Bíblia e conhecia algumas verdades. Assim, ela me convidou para visitar sua igreja. Tive medo e disse que não possuía roupa apropriada – ou mesmo status social. Minha resposta baseou-se no meu orgulho. Entretanto, ela insistiu, e acabei indo com meu esposo certa noite.
Eu tremia, mas fui muito bem recebida na igreja mais humilde que já vi. Sentado no último banco estava o Sr. Jair. Era um cavalheiro idoso, vestido com roupas amplas e surradas, e chinelos nos pés. As rugas sulcavam sua face marcada pelo tempo, mas que refletia amor e humildade. Um olhar para esse senhor me fez lembrar de minha desculpa esfarrapada para quase não ir à igreja. Pedi o perdão de Deus e comecei a suplicar transformação do meu egoísmo, vaidade e orgulho. Encontrei em outros membros – até os bem-vestidos – o mesmo amor e humildade daquele idoso homem. O Sr. Jair permaneceu um pouco conosco, e depois desapareceu. Ninguém sabia nada a respeito dele. Ainda hoje me lembro da lição de humildade que ele me ensinou – sem dizer uma palavra.
Não é uma coisa característica do Senhor ter colocado o Sr. Jair no meu caminho para me ensinar a ser humilde de espírito e amar despretensiosamente, assim como Jesus faz?
Rose G. S. Matos