Da minha janela tenho visto todas as manhãs duas cenas contrastantes: um pai ensinando o filhinho a andar de bicicleta sem rodinhas e um filho adulto ajudando seu pai idoso a caminhar com um andador.

Esses pais e seus filhos sempre me fazem pensar em Eclesiastes 3. Tudo tem o seu tempo. Há tempo de chorar, mas também de rir. Há tempo de plantar e tempo de colher. Há tempo de nascer e tempo de morrer. Há tempo de aprender com os pais e tempo de amparar os pais.

Enquanto escrevo este texto, minha tia Lourdes, única irmã do meu pai, foi enterrada pelos seus netos enquanto a mãe deles também está internada. Por conta da pandemia da covid-19, não foi possível fazer nem mesmo uma cerimônia fúnebre reunindo familiares e amigos.

Os tempos têm sido mais de lágrimas do que de sorrisos. Mais de funerais do que de nascimentos. Mas precisamos nos lembrar de que, como Salomão disse, há tempo para tudo. Não só para enterrar e chorar. Precisamos encontrar razões para sorrir e desfrutar a vida também. Ainda que demore um pouco…

Que pela fé, levantemos os olhos e os firmemos na eternidade, nas promessas maravilhosas que Deus nos deixou! Que tenhamos ânimo e prossigamos, ainda que chorando ou com o coração partido, nesta dura jornada rumo ao alvo, porque o galardão daqueles que perseverarem até o fim está garantido, e a coroa da justiça está guardada para ser entregue àqueles que aguardam ansiosos a volta de Jesus!

Demore o quanto for para se levantar, mas não permaneça prostrada para sempre em sua dor profunda. Deus ainda tem muitas coisas esperando por você. Ele ainda tem coisas importantes para você realizar na vida de outras pessoas também. Deus pode colar os pedaços quebrados, juntar os ossos secos e reconstruir o emocional, fazendo brotar a esperança e trazendo sentido à vida de novo. Com certeza, seremos mais empáticos às perdas dos outros.

Chore o quanto for preciso. Passe pelo seu luto. Eu também sei bem o quanto a morte dói. Mas deixe Deus dar continuidade à sua vida um dia por vez. Ele respeita os nossos limites e vai nos levantar gentilmente.

Por isso, apegue-se à esperança de que, muito em breve, você sorrirá de novo.

Kênia Kopitar