John Piper estava correto ao dizer que a marca da cultura do consumo é a redução do “ser” para o “ter”. Tragicamente, estamos cada vez mais próximos dessa realidade. Alguém definiu o consumismo como comprar o que você não precisa, com o dinheiro que não tem, para impressionar quem não importa, a fim de tentar ser quem você não é.
Para o consumista, são as posses que definem a identidade, e são os produtos que revestem alguém de valor. Assim, o escravo do consumo vive preso em um looping de querer, ter, entediar-se e querer de novo.
O simples ato de consumir não é consumismo. O consumo é um produto legítimo das necessidades humanas fundamentais, como alimentação, vestuário, moradia. O consumismo, por sua vez, troca as necessidades pela ilusão dos desejos. As necessidades costumam ser limitadas e objetivas. Os desejos são ilimitados e subjetivos, como fome de chocolate e sede de refrigerante. Na realidade, o consumismo é a doença do consumo, uma espécie de delírio inconsciente que convence seu portador de que desejo é necessidade.
Essa forma adoecida de consumo acabou tomando contornos de religião. Marcas são símbolos sagrados que representam uma filosofia e um estilo de vida. Balcões de lojas são altares, onde se sacrificam salários. O fast food se tornou a “santa ceia” de um povo que celebra, nas praças de alimentação, o prazer de saciar o próprio apetite.
Segundo C. S. Lewis, o vazio que o consumismo tenta preencher, mas falha, é a prova de que não fomos feitos para este mundo. Em seu livro Cristianismo Puro e Simples, ele afirma: “Ao descobrir em mim um desejo que nenhuma experiência deste mundo poderia satisfazer, a explicação mais provável é que eu tenha sido feito para outro mundo.”
Não seja consumido pelo consumismo. Afinal, você não é peça de liquidação, e seu valor incomparável é definido não pela marca do seu tênis ou das suas roupas, mas pelas marcas no corpo do Salvador.