Imaginemos que você estivesse visitando a cidade imperial de Constança (no sul da Alemanha) em julho de 1415. Naquela ocasião a cidade estava cheia de gente em razão do famoso Concílio de Constança (1414-1418), que tinha como objetivos: (1) resolver a controvérsia entre três papas simultâneos rivais – Gregório XII, Benedito XIII e João XXIII – cada um deles alegando ser o verdadeiro sucessor de Pedro; (2) reformar o governo eclesiástico e a vida moral; (3) erradicar as heresias.
No início da manhã de sábado do dia 6 de julho de 1415, João Hus, professor influente da Universidade de Praga, compareceu diante do concílio reunido na catedral de Constança. Foi oficialmente sentenciado como excomungado da igreja e criminoso. Seis bispos cumpriram a ordem de degradação. Retiraram suas roupas e destruíram sua coroa de clérigo; colocaram em sua cabeça um capuz coberto com imagens do diabo e com a palavra “arquiherege” escrita; e encomendaram sua alma ao diabo. Escoltado pelas ruas de Constança, viu seus livros sendo queimados em praça pública.
No local da execução, seus braços foram amarrados atrás das costas; seu pescoço foi atado à escada por meio de uma corrente; palha e madeira foram empilhados em volta de seu corpo. Pela última vez, ofereceram-lhe a vida caso se retratasse. Ele respondeu: “Morrerei com alegria hoje na fé do evangelho que tenho pregado.” À medida que as chamas subiam, ele cantou duas vezes: “Cristo, Tu, ó filho do Deus vivo, tem misericórdia de mim.” O vento soprou o fogo sobre seu rosto, silenciando sua voz. Ele morreu orando e cantando. A execução de Hus despertou a nação boêmia, e a Reforma foi levada adiante pelos hussitas e, posteriormente, por Martinho Lutero.
João Hus refletiu o espírito dos mártires que preferiram morrer a trair seu Senhor e Salvador. Cremos que Hus receberá a “coroa da justiça”. Mas e você e eu? Temos o mesmo espírito?