Em 1903, Roy, o tio-avô do meu esposo, mudou-se com seus pais para aquilo que agora é a nossa fazenda. Entre outras coisas, eles precisavam de uma cerca para proteger o gado. Tio Roy derrubou árvores de salgueiro e as cortou do tamanho apropriado para mourões de cerca. Depois de cavar os buracos, ele colocou os mourões no chão, socando firmemente a terra ao redor deles, para que permanecessem firmes. Com o passar do tempo, a umidade do solo estimulou os mourões a produzir ramos e folhas. A cerca do tio Roy cresceu e se transformou em uma fila de árvores nas quais os pássaros faziam ninhos e sob as quais pequenos animais encontravam sombra. As crianças construíam casas de brincadeira em seus robustos galhos.
Os anos transcorreram, e tio Roy e seus pais se mudaram para uma cidade próxima. Em 1924, os pais de Darrell, meu esposo, mudaram-se com seu filho primogênito para a fazenda. Darrell nasceu na primavera seguinte, enquanto a fila de salgueiros continuava a crescer.
Agora, em um dia ventoso, podemos ouvir as árvores, algumas com altura impressionante, rangendo enquanto balançam para cá e para lá. É um som que chega a ser reconfortante. No entanto, a cada temporal com vento, alguns galhos se quebram e caem ao chão. Eles precisam, então, ser recolhidos e levados para outro lugar. Olhando para nossos históricos salgueiros, vemos um lembrete da continuidade de nossa família e prosseguimos, alegremente, removendo os ramos caídos. No verão passado, uma forte tormenta rugiu através do nosso campo. Olhando para fora após o temporal, ficamos tristes ao ver que os salgueiros haviam levado uma surra. Algumas das árvores maiores se partiram perto do chão. Observando os tocos, vimos o quanto as árvores se haviam deteriorado – do centro para a superfície. Hoje, os belos galhos que em outros tempos eram grossos e abundantes não estão mais lá. Nossa fila de salgueiros parece um tanto estropiada. Precisamos agora, com paciência, permitir que continuem crescendo. Em anos vindouros, eles recuperarão novamente a beleza original.
Sou eu como os salgueiros? Eu me quebro a cada ventania forte e deixo espalhados por aí os fragmentos da minha vida – uma beleza exterior ocultando a podridão interior? Minha oração é que eu seja autêntica até o âmago e viva uma vida espiritual tão saudável por dentro como pode ser vista por fora.
Evelyn Glass