Recebi um telefonema da minha irmã numa segunda-feira à noite. Minha mãe tinha sofrido um acidente. O carro em que ela estava como passageira havia batido num poste e agora ela estava na UTI. Essa notícia parecia surreal, pois tínhamos acabado de comemorar seu aniversário de 90 anos poucas semanas antes. Minha irmã me garantiu que minha mãe estava bem. Ela havia até aberto os olhos. Entretanto, no decorrer da semana, o estado de saúde dela não melhorou. Logo, todos nós decidimos voltar para casa e ver nossa mãe.
Quando cheguei ao hospital na quinta-feira, pude ver que ela não estava bem. Não estava respondendo à equipe médica e não me respondia também. O médico solicitou uma reunião com todos os seis filhos dela o mais rápido possível. Na reunião, o médico nos informou que mamãe estava sendo mantida viva artificialmente. Ele confirmou nossos medos mais profundos. Assim, pediu que tomássemos uma decisão sobre a remoção dos aparelhos que mantinham a vida da minha mãe.
Como tomar uma decisão dessas? Sentamos juntos e conversamos sobre o que fazer. Apenas algumas semanas antes, havíamos planejado sua festa de aniversário e agora estávamos tomando uma decisão sobre a sua morte. Mas tínhamos diferentes pontos de vista. Alguns queriam remover o suporte de vida imediatamente, enquanto outros queriam esperar uma ou duas semanas. Qual seria a melhor decisão? O que nossa mãe gostaria que fizéssemos? Conversamos, mas estávamos num impasse. Então, meu irmão sugeriu que orássemos. Oramos, implorando a direção de Deus, e pedimos união no processo da tomada de decisão. Queríamos estar unidos num só acordo. Deus respondeu à nossa oração.
Todos nós decidimos que era melhor retirar o suporte de vida naquele dia. Era isso que nossa mãe teria desejado. Porém, não foi uma decisão fácil; muito menos agradável. Entretanto, foi uma decisão guiada por Deus. Depois que os dispositivos de suporte à vida foram retirados, cercamos a cama de mamãe com o coração cheio de amor. Oramos, cantamos, a abraçamos e a beijamos enquanto ela dava seu último suspiro. Deus nos guiou por todo o caminho, passo a passo. Mesmo em nosso momento mais sombrio, Ele estava ao nosso lado. A partir daquela experiência, iniciamos um momento de oração semanal em família. Deus fez com que algo de bom surgisse dessa tragédia.
“O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30:5).
Edith C. Fraser