Mártir é aquele que se recusa a renunciar à sua fé em Cristo, mesmo sob tortura ou ameaça de morte. A palavra provém do grego “mártys”, que significa “testemunha”. Um mártir é alguém que testemunha de modo radical de sua fé.
O texto de hoje mostra que Ester havia compreendido que tinha um papel a desempenhar no livramento dos judeus. Ela estava disposta a morrer tentando evitar o extermínio de seu povo. Por isso, foi para o “tudo ou nada” quando decidiu se apresentar diante do rei, sem ser convidada, com a intenção de pôr em prática o plano para a proteção dos judeus.
A atitude de Ester, nesse contexto, contrasta com seu comportamento durante o concurso em que foi escolhida como a nova rainha da Pérsia. Naquela ocasião, seguindo o conselho de Mardoqueu, ela ocultou sua origem judaica, pois essa informação era periférica para aquele momento e comprometeria suas chances de vitória.
Mas, posteriormente, não era apenas a sobrevivência dela e de seu povo que estavam em jogo. Conforme Ellen G. White assegura, “o próprio Satanás, o instigador oculto desse plano, estava procurando aliviar a Terra dos que preservavam o conhecimento do verdadeiro Deus” (Profetas e Reis, p. 350 [601]).
Quando Ester ocultou sua nacionalidade no concurso, fez isso para não despertar preconceitos desnecessários. De forma semelhante, devemos agir com cautela, a fim de não criar ruídos de comunicação entre nós e aqueles aos quais pretendemos pregar o evangelho. O ideal é que nos concentremos primeiramente na construção de laços e no diálogo sobre pontos doutrinários em comum. Assim que houver uma base relacional sólida, os assuntos mais sensíveis podem ser abordados.
Por outro lado, se a situação envolver a defesa de princípios revelados, não podemos negociar nem uma linha da verdade. Devemos partir para o tudo ou nada, como Ester, confiando que Deus conduzirá nossos passos. Se for preciso testemunharmos sob tortura ou ameaça de morte, que assim seja, pois “é preciso obedecer antes a Deus do que aos homens!” (At 5:29).