Meu noivo e eu decidimos adiantar a data do nosso casamento em seis meses. Casamos em julho de 2015 e, em outubro do mesmo ano, descobrimos uma gravidez. Apesar de não termos planejado, passamos a sonhar com o bebê.
Optei por dar à luz em um Centro de Parto Humanizado. O trabalho de parto durou quase 24 horas. Meu marido e uma amiga/irmã me acompanharam.
Quando vi meu filho, Erick, as dores desapareceram, e eu só conseguia olhar para o bebezinho, decorando suas feições. Foi quando observei uma movimentação estranha no quarto. As enfermeiras começaram a nos preparar para a transferência hospitalar.
No hospital, fui encaminhada imediatamente para o centro cirúrgico. Lá, o médico, acompanhado por duas enfermeiras, me pediu autorização verbal para tirar uma foto da laceração pós-parto e encaminhar para a Secretaria de Saúde.
Foram necessárias três horas de cirurgia para reconstrução. Levei 60 pontos, e vários médicos vieram me avaliar, assustados com a gravidade da situação. Somente quando o médico me mostrou a foto que haviam tirado entendi o quanto aquela laceração era grave. Questionei: “Por que, Deus?”
Como consequência, desenvolvi bexiga hiperativa, tive que fazer uma ultrassonografia abdominal, e fui surpreendida com a notícia de um tumor ovariano no lado direito. O desespero me pegou em cheio.
Após os exames, os médicos chegaram à conclusão de que se tratava de um teratoma ovariano benigno, que se desenvolve de forma rápida e assintomática, mas que precisava ser removido cirurgicamente.
Em dezembro de 2016, fui submetida a uma retirada de ovário e tuba uterina direita. No dia da minha alta, a médica da equipe cirúrgica me explicou que eu havia tido sorte de descobrir o tumor antes que ele se expandisse pelos dois ovários, como geralmente acontece com outras mulheres. Se isso acontecesse eu ficaria estéril.
Enquanto ela falava, entendi que Deus permitiu que adiantássemos nosso casamento, que eu engravidasse antes do planejado e tivesse aquela laceração para continuar fértil. O ovário esquerdo ainda está livre do tumor. Posso dizer que a vinda do Erick salvou a minha vida.
Elisa Montalvão Rocha Pimentel