É um dever proclamar a Cristo. Para muitos, “se alguém falar de Jesus, já podemos aceitar sem problemas”. Porém, o critério não é tão simples assim.
No versículo de hoje, Paulo não se refere a opositores, como Nero e Herodes, que perseguiam os crentes. Ele fala de cristãos que aceitaram o batismo e pregavam sobre Jesus. No entanto, o faziam com sentimentos escusos. Isso nos leva a crer que não basta apenas pregar sobre Jesus; é
importante definir tanto o sentimento quanto o conteúdo dessa pregação.
É claro que o próprio Jesus afirmou que as Escrituras testificam Dele (Jo 5:39). Por isso, é importante sermos cristocêntricos em nossa mensagem, porém com critérios bem estabelecidos. Quando Jesus pergun-
tou o que as pessoas diziam a Seu respeito, Ele não recebeu respostas do tipo: um charlatão, um mentiroso ou um lunático. Segundo os discípulos, diziam que Ele era João Batista, Jeremias ou um dos profetas (Mt 16:14).
Percebeu o problema? As pessoas diziam coisas bonitas sobre Jesus, mas não quem Ele era de fato. Alguém disse certa vez: “Quero Jesus, não doutrina.” Será que dá para separar as duas coisas? Fanáticos, como David Koresh e Jim Jones, que levaram dezenas de pessoas à morte, falavam de Jesus o tempo todo. Portanto, a questão não se limita a ser cristocêntrico.É importante saber: Que Cristo estamos colocando no centro? E essa é uma informação “doutrinária”.
Há uma abordagem moderna que propõe usar Cristo como chave hermenêutica da fé. A princípio, parece algo bom. Porém, o que seus proponentes defendem é que os ensinos de Jesus devem ser o crivo para determinar o que é ou não inspirado nas Escrituras. Isso cria um cânon dentro do cânon. Eles afirmam, por exemplo, que, se Paulo disse algo e Jesus não falou nada sobre o assunto, devemos ignorar Paulo e ficar somente com Cristo. Assim, para eles, a Bíblia não é a palavra de Deus, mas uma coletânea que contém a palavra de Deus, isto é, os ensinos de Cristo.
A falta de uma teologia clara, que seja sustentada por toda a Bíblia, cria uma caricatura distorcida de Cristo. Não seria essa uma forma de o diabo confundir as mentes hoje?