Quinta-feira
10 de julho
IGREJAS: TÚMULOS DE DEUS?
Cristo amou a igreja e Se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a Si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Efésios 5:25-27

Friedrich Nietzsche foi um dos críticos mais ácidos do cristianismo. Sua frase “Deus morreu” ficou conhecida na cultura popular. Contudo, tão ou mais grave quanto o obituário de Deus é a ideia de que as igrejas teriam participação em Sua morte.

“O que são agora estas igrejas, senão túmulos e sepulcros de Deus?” – pergunta o filósofo através de um de seus personagens, o homem louco que anda de dia com uma lanterna acesa, gritando: “Procuro por Deus! Procuro por Deus!” E, ao descobrir a ausência do Todo-Poderoso na sociedade, conclui estarrecido: “Deus morreu.”

Embora como cristão eu discorde das ideias de Nietzsche, não posso evitar reconhecer a força de sua denúncia. Não se trata, é claro, de uma morte real do Todo-Poderoso, que é imortal. Embora cético e antirreligioso, o discurso do autor se faz no campo das ideias. A partir do momento em que a fé se tornou irrelevante no Ocidente, é como se Deus tivesse morrido no pensamento humano. E com um agravante: as igrejas colaboraram com isso.

De fato, temos que admitir que para muitos cristãos parece que Deus realmente morreu. Declaram-se crentes, mas vivem como se Ele não existisse. São cristãos na teoria, mas ateus na prática. Afirmam a soberania divina e, ao mesmo tempo, se conformam com normas e valores munda-
nos. Mais que um paradoxo, isso representa uma ambiguidade espiritual confusa e difícil de entender.

Quando um crime bárbaro acontece, é comum dizermos que o criminoso não tem Deus no coração. E pode ser isso mesmo. Até que um ateu se levanta e questiona: Considerando que os ateus são minoria no mundo (apenas 2 a 5% da população), não seriam os altos índices de violência um indicativo de que o Deus dos crentes não está sendo real na vida deles?

Não saia de casa hoje sem se perguntar com honestidade: Se minha igreja fosse majoritariamente composta de pessoas como eu, isso anularia ou confirmaria a denúncia de Nietzsche? Que Deus nos ajude a representar bem o caráter de Cristo.