Quarta-feira
16 de julho
DILUINDO A PALAVRA
Rejeitamos as coisas ocultas que trazem vergonha, não agindo com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus. E assim, pela manifestação da verdade, nos recomendamos à consciência de todos na presença de Deus. 2 Coríntios 4:2

No texto de hoje, Paulo contrasta seu ministério com os falsificadores que comercializavam vinho adulterado, um problema recorrente na Roma Antiga. Plínio, um escritor contemporâneo do apóstolo, reclamava da quantidade de vinho falsificado que havia em Roma. Segundo ele, nem os nobres sabiam se o que bebiam era genuíno.

Em 2 Coríntios 2:17, Paulo já mencionava aqueles que viviam “mercadejando” a Palavra de Deus, e agora fala daqueles que a “adulteram” com “astúcia”, ou seja, falsificam-na antes de apresentá-la ao povo. Esse jogo de palavras (mercadejar e adulterar) foi usado posteriormente por Luciano de Samosata (120-180 d.C.) em sua crítica aos filósofos de má índole que vendiam “lições como mercadores de vinho, muitos deles adulterando, enganando e oferecendo falsas medidas”. O verbo grego dolo?, usado tanto por Paulo quanto por Luciano, está relacionado ao termo “dolo” em português e originalmente significava diluir uma ânfora de vinho em maior quantidade de água para diminuir a concentração e servir mais pessoas.

Embora os gregos e romanos costumassem beber vinho diluído em água, o exagero na mistura representava um delito. Um grafite encontrado em Pompeia descreve uma viagem enganosa na qual água era comprada e revendida como se fosse vinho.

Paulo não estava, é claro, fazendo apologia ao consumo de álcool, mas aproveitou uma situação comum para ilustrar seu ponto de vista. Enquanto a sociedade enfrentava problemas com aqueles que, às escondidas, adulteravam o vinho, a igreja lidava com os que, secretamente, deturpavam a Palavra de Deus. Paulo ressaltou que não diluía a Palavra com acréscimos desnecessários, como muitos de seu tempo faziam.

Se era assim naquele tempo, imagine hoje. Precisamos mais do que nunca pregar a pura Palavra de Deus, sem diluições que comprometam sua pureza. Uma mensagem que acomode os agitados, mas desperte os acomodados. E quanto a você? Como está recebendo e compartilhando a mensagem de Deus? Pura ou diluída?