Quinta-feira
17 de julho
CORTAR UMA ALIANÇA
Naquele mesmo dia, o Senhor fez aliança com Abrão. Gênesis 15:18

O ritual descrito em Gênesis 15, no qual Abrão corta animais ao meio enquanto espera que Deus apareça na forma de fogo, era uma das maneiras mais solenes de estabelecer um acordo. Hoje, assinamos contratos, tiramos foto e apertamos as mãos. Naquela época, as pessoas cortavam animais.

Estudos demonstram que as alianças presentes na Bíblia se baseavam no padrão comum de acordos jurídicos do Antigo Oriente Próximo. Embora nenhum protótipo judicial tenha sido encontrado para o tipo exato do acordo de Abrão, existem interessantes semelhanças entre Gênesis 15 e outros tratados extrabíblicos.

O episódio apresenta paralelos com registros de doações de terras concedidas por um rei soberano a outro rei vassalo ou a um súdito leal. Nas cartas de Mari, por exemplo, encontradas na Síria e datadas do século 18 a.C., Ibal-II relatou ao rei Zimri-Lim: “Fui a Aslakka para cortar um asno entre os Hanu e Idamaras […]. Eu estabeleci a paz entre os Hanu e Idamaras.” A expressão “cortar um asno” aparentemente significa um acordo solenizado pelo sacrifício de um animal.

Outro texto encontrado na antiga cidade de Alalakh, na Síria, descreve um certo Abban que “se colocou sob juramento” de que daria a cidade para Larimlim “e cortou o pescoço de uma ovelha”, implicando que sua vida seria assim cortada caso ele não cumprisse o acordo.

Nos textos de Alalakh, também temos a alusão a um rito no qual os pactuantes passavam entre as partes cortadas do animal, segurando uma tocha e jurando o cumprimento do acordo, enquanto tocavam nas carnes esquartejadas. No caso de Abrão, temos a presença apenas de um fogareiro entre os animais. Trata-se de um fogo divino, e somente Ele passa pelo meio das carcaças, enquanto Abrão, assustado, observa tudo.

Em um mundo de tantos informalismos, a solenidade dos pactos de Deus deveria nos tocar. A aliança é algo sério. Não podemos banalizá-la. O fato de Deus passar sozinho pelos animais cortados indica que, embora se espere que Abrão seja fiel, quem garante o cumprimento do acordo é o próprio Deus. Cristo foi literalmente “cortado” para que o acordo se firmasse. Portanto, creia e seja fiel; Deus cumprirá aquilo que prometeu.