Pouco tempo depois de a nossa família ter iniciado o trabalho missionário no hospital da nossa denominação em Banepa, Reino do Nepal, algo terrível aconteceu comigo. Ainda carrego as cicatrizes e a dor daquele incidente.
Nas sextas-feiras à noite e nas manhãs de sábado, nós nos reuníamos na capela local para fazer o culto com outros expatriados e com alguns da população local que faziam parte da nossa comunidade. Numa dessas ocasiões, conhecemos o cirurgião da embaixada dos Estados Unidos e sua esposa. Compartilhamos nossas crenças religiosas com eles e desenvolvemos uma boa amizade. Foi por meio da intervenção desse médico que Deus salvou minha vida.
Meu marido gostava muito de andar de moto, mas eu nunca havia andado de moto antes. Em um lindo dia de primavera, nós dois subimos na motocicleta e percorremos 30 quilômetros até Katmandu, a capital do país, em uma viagem que durou cerca de 45 minutos. Enquanto descíamos as colinas, aproveitamos para apreciar a vista dos picos das montanhas, sempre cobertos de neve, até que adentramos os arredores empoeirados da cidade. As ruas estavam cheias de carros, que passavam por multidões de pessoas, bicicletas e vacas. De repente, nossa moto escorregou em uma curva cheia de poeira e caiu para o lado, derrapando por vários metros. Meu marido, um motociclista experiente, dobrou os joelhos para dentro para se proteger, mas eu não, pois era iniciante. Meu joelho esquerdo arranhou violentamente na calçada. Minha calça jeans se rasgou, e começou a escorrer sangue da ferida aberta. Pensei que eu fosse morrer. Fui levada às pressas para a clínica da embaixada dos Estados Unidos. Como resultado daquela grave lesão, um dos ossos do meu joelho se projetou para fora, causando uma dor insuportável e o risco de perda permanente do movimento da perna. Depois que o cirurgião me operou, permaneci acamada por semanas, enquanto Deus graciosamente colocava Sua mão curadora sobre o meu joelho quebrado. Andei mancando por muitas semanas, até que o ferimento cicatrizou e minha saúde foi completamente restaurada.
Até hoje, sempre que me ajoelho para orar, sinto um buraco no joelho esquerdo. Uma parte dos meus ligamentos ficou em Katmandu – e uma grande parte do meu coração também fi cou lá! No Céu, espero encontrar todos os amáveis amigos nepaleses que fizemos, com quem trabalhamos e a quem aprendemos a amar durante os anos que passamos naquela parte do mundo. O Céu será maravilhoso!
Marli Elizete Ritter-Hein