Sábado
16 de agosto
CRER PARA VER
Jesus lhe disse: “Você creu porque Me viu? Bem-aventurados são os que não viram e creram.” João 20:29

O título de hoje parece contraditório. O comum é “ver para crer”, conforme a filosofia de Tomé. No entanto, Jesus inverte essa lógica em um diálogo com Marta: “Eu não disse a você que, se cresse, veria a glória de Deus?” (Jo 11:40). Aqui, o crer vem antes do ver.

Muitos acham que, se o Senhor realizasse um evento sobrenatural à vista de todos, ninguém duvidaria de Sua existência. Bastaria escrever nas nuvens: “Eu existo”, e os ateus passariam a crer Nele. Será?

Os milagres de Moisés não levaram o faraó ao arrependimento, e a abertura do Mar Vermelho não impediu o povo de adorar o bezerro de ouro, mesmo tendo ocorrido diante do Sinai fumegante. Definitivamente, atos sobrenaturais não levam à conversão. Pelo contrário, quando são usados pelo inimigo, conduzem ao engano. Lembre-se de que o diabo também pode fazer descer fogo do céu para enganar, se possível, os próprios eleitos.

Ao contrário do que sugere o senso comum, o conselho de Deus é priorizarmos a fé acima daquilo que vemos. Sabe por quê? Talvez a resposta esteja na neurologia. Os especialistas dizem que nossa mente tem uma tremenda capacidade de nos enganar e o faz o tempo todo.

Desde memórias da infância até imagens registradas no dia a dia, o que as pessoas veem e sentem quase nunca corresponde à realidade. Eu sei que parece loucura afirmar isso, mas é verdade. Nosso mundo se assemelha mais a uma sala repleta de imagens refletidas em espelhos. Elas parecem reais, mas não passam de ilusões criadas pelos nossos neurônios.

Os olhos, por exemplo, por estarem em movimento, captam apenas pedaços do cenário que são costurados numa única imagem. Nesse processo, existem cantos vagos e lacunas de informação do ambiente que são literalmente complementados pela imaginação. Por isso, algumas lem-
branças não correspondem exatamente ao que aconteceu de fato.

Nesse sentido, Deus nos deu o dom da fé, uma “ferramenta” espiritual que possibilita, sem devaneios, a crença em algo independentemente do que nossos olhos nos mostrem. Por isso, Hebreus 11:1 fala da fé como “a convicção de fatos que não se veem”. Acredite, Deus não é um delírio, e, se não fosse a fé, aí sim, viveríamos em um mundo de ilusões.