Lição 6
02 a 08 de agosto
A travessia do Mar Vermelho | 3º Trimestre 2025
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: LV 18
Verso para memorizar: “Moisés, porém, respondeu ao povo: – Não tenham medo; fiquem firmes e vejam o livramento que o Senhor lhes fará no dia de hoje, porque vocês nunca mais verão esses egípcios que hoje vocês estão vendo. O Senhor lutará por vocês; fiquem calmos” (Êx 14:13, 14).
Leituras da semana: Êx 12:31-36; Tg 2:17-20; Êx 13; 14; hb 11:22; Êx 15:1-21; Ap 15:2-4

O êxodo é a experiência mais impressionante e gloriosa do povo de Deus no AT. Esse evento é o modelo de como Deus derrotou os inimigos dos hebreus e os levou vitoriosamente para a terra prometida. É também símbolo da salvação e redenção em Cristo.

Do ponto de vista humano, os filhos de Israel estavam em situação desesperadora, e até mesmo impossível: eles não podiam se salvar por si mesmos. Se fossem libertados, teria que ser por um ato divino. O mesmo acontece em nossa condição em relação ao pecado: por nós mesmos, não temos esperança. Precisamos de algo ainda mais espetacular do que o êxodo. E nós temos: a cruz de Cristo e o que Ele fez por nós.

Os acontecimentos são extraordinários e de tirar o fôlego – desde a partida de Israel do Egito (Êx 12) até o cântico de Moisés (Êx 15). Os sinais, maravilhas e obras redentivas de Deus, relatadas em Êxodo, são o auge da história de Israel.

Ainda assim, mesmo esses eventos não se comparam com o que Cristo fez por nós na cruz, do qual o drama do êxodo foi um mero prenúncio.

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Domingo, 03 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: LV 19
Vão e adorem o Senhor

Na noite da Páscoa, o juízo divino alcançou os que não estavam cobertos pelo sangue (Êx 12:1-12). Ninguém escapou, independentemente de posição, educação, condição social ou sexo. A punição atingiu todas as famílias, do Faraó aos escravos, e até mesmo os primogênitos dos animais. O orgulho do Egito estava no pó.

1. Leia Êxodo 12:31-36. Que pedido estranho o Faraó fez e por que, mesmo dando permissão para que todos saíssem?

É bastante intrigante que o Faraó, ao dizer aos hebreus para irem adorar, tenha acrescentado este pedido: “E abençoem também a mim” (Êx 12:32). Por que o rei do Egito, considerado um “deus” no meio de seu povo, pediria isso? Parece que ele finalmente compreendeu o poder do Deus dos hebreus e quis se beneficiar dele. No entanto, como Deus poderia abençoá-lo enquanto ele estava em rebelião, pecado e orgulho? Ele finalmente permitiu que o povo saísse, mas não foi por submissão à vontade de Yahweh. Fez isso porque foi derrotado. Ele não estava arrependido, como suas ações posteriores revelariam. Ele apenas queria interromper a destruição que cobria seu reino.

O Faraó foi humilhado. E, na tragédia da pior de todas as pragas, ele deixou que Israel saísse do Egito. Ele permitiu o que havia se recusado a conceder em todas as vezes anteriores, não importando o sofrimento que suas ações traziam à nação.

Os egípcios estavam ansiosos para que os hebreus saíssem, o que é compreensível. Eles diziam: “Se vocês não saírem, todos nós morreremos!” (Êx 12:33, NTLH).

Enquanto isso, Deus fez provisões para que os israelitas não deixassem o Egito de mãos vazias, mas obtivessem tudo o que precisariam para o que, no fim, acabou sendo uma jornada muito mais longa do que o previsto. Os egípcios deram aos hebreus inúmeros itens valiosos apenas para apressar o povo a sair do país, mas, na verdade, correspondiam ao salário que foi negado aos israelitas por séculos de trabalho escravo. Certamente, para os egípcios, deixar os hebreus em sua terra seria um preço muito mais alto.

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Quantas vezes nos “arrependemos” de ações somente por causa de suas consequências e não porque esses atos são errados? Isso é arrependimento verdadeiro? Como nos arrepender dos pecados dos quais ficamos impunes, pelo menos no curto prazo?
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Segunda-feira, 04 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: LV 20
A consagração do primogênito

O tempo prometido de redenção e libertação estava prestes a chegar. O povo precisava estar preparado. Ele precisava não apenas crer, mas agir de acordo com essas crenças. Deus havia dito a ele o que fazer; e, então, pela fé, deveria entrar em ação. Embora em um contexto diferente do que Tiago escreveu mais tarde, o princípio se encaixa muito bem: “Seu tolo, você quer ter certeza de que a fé sem as obras é inútil?” (Tg 2:20).

2. Leia Êxodo 13:1-16. Os primogênitos israelitas foram poupados, pela graça de Deus, durante a praga final. Por que o Senhor deu essa ordem e o que ela significa para nós hoje?

Deus misericordiosamente preservou as famílias israelitas que estavam sob o sangue porque, pela fé, elas marcaram as ombreiras de suas portas. Novas orientações vieram do Senhor por meio de Moisés: “Consagre-Me todo primogênito” (Êx 13:2). Essa legislação era válida tanto para seres humanos quanto para animais.

Um princípio por trás dessa instrução é que tudo pertence a Deus porque Ele é nosso Criador e o Dono de tudo: “Ao Senhor pertence a Terra e a sua plenitude, o mundo e os que nele habitam"(Sl 24:1). “Minha é a prata, Meu é o ouro, diz o Senhor dos Exércitos"(Ag 2:8). Os filhos primogênitos dos israelitas eram as primícias das bênçãos de Deus, que Ele lhes havia concedido. Também eram um sinal de consagração total ao Senhor e da compreensão de que tudo o que possuíam vinha somente Dele.

Além disso, encontramos a ideia de redenção ou salvação. Os filhos primogênitos foram poupados da morte porque foram cobertos pelo sangue. Eles foram redimidos da morte, assim como todos os que estão sob o sangue de Cristo. Paulo escreveu sobre Jesus: “Em quem temos a redenção, a remissão dos pecados"(Cl 1:14).

Deus apresentou regulamentos sobre como essa dedicação deveria ocorrer, celebrando a libertação da escravidão egípcia. Os israelitas deveriam sacrificar os animais, mas seus filhos deveriam ser resgatados (Êx 13:12, 13, 15).

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Êxodo 13:16 diz que esse acontecimento seria como sinal nas mãos e frontais entre os olhos. Como isso simboliza a importante verdade espiritual de que, independentemente de quanta fé temos, devemos agir de acordo com essa fé?
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Terça-feira, 05 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: LV 21
Atravessando o Mar Vermelho

3. Leia Êxodo 13:17-22; 14:1-12. Como Deus guiou os israelitas quando eles deixaram o Egito, e o que aconteceu depois?

Seguindo as instruções de Deus a Moisés, os israelitas deixaram o Egito como um exército bem organizado. Os termos hebraicos tsaba’ e makhaneh testificam essa descrição: a primeira palavra significa “exército” ou “hoste”; e a segunda, “acampamento” ou “divisão” (ver Êx 6:26; 7:4; 12:17, 41, 51; 14:19, 20; compare com Êx 13:18). Eles foram divididos em unidades e marchavam como um exército. Posteriormente, Balaão viu das colinas de Moabe que Israel estava “acampado, tribo por tribo” (Nm 24:2, NVI).

Quando Israel saiu do Egito, “Moisés levou consigo também os ossos de José” (Êx 13:19). Esse detalhe revela o cumprimento da fé que José teve nas promessas de Deus. José jamais perdeu de vista a terra prometida, mesmo vivendo no esplendor do Egito. Ele pediu que seus ossos fossem levados para Canaã (Gn 50:24, 25). José cria que Deus visitaria Israel no Egito e os levaria para a terra prometida, como havia jurado (Hb 11:22). Na chegada a Canaã, seus ossos “foram sepultados em Siquém” (Js 24:32).

A coluna de nuvem e a coluna de fogo foram os sinais visíveis da presença de Deus no meio de Seu povo. O Senhor habitava na nuvem e falava de lá (Êx 14:24; Nm 12:5, 6).

Então, o Faraó revelou suas motivações. Ele não havia se convertido e nunca se arrependeu. Seu pedido da bênção divina foi uma farsa, talvez um engano em seu coração. Ele reuniu seu exército, e foi atrás de seus escravos fugitivos. Ele estava cego pelo pecado.

Quando os israelitas viram o exército do Faraó chegando, expressaram sentimentos que repetiriam outras vezes: “Será que foi por não haver sepulturas no Egito que você nos tirou de lá, para que morramos neste deserto? O que foi que você fez conosco, tirando-nos do Egito?” (Êx 14:11).

Mesmo tendo visto aquelas demonstrações do poder de Deus, que incluíam livrar seus próprios filhos primogênitos, o povo ainda demonstrava uma surpreendente falta de fé.

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Pense na última vez em que você enfrentou uma situação terrível. Qual foi sua primeira reação: fé em Deus ou falta de fé? Que lições daquela situação poderão ajudá-lo na próxima vez que passar por uma situação parecida (e isso vai acontecer)?
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Quarta-feira, 06 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: LV 22
Avançando pela fé

4. Leia Êxodo 14:13-31. Apesar da falta de fé, o que Deus fez pelos filhos de Israel?

Uma vez que Moisés confiava em Deus e em Sua Palavra, ele encorajou o povo. O líder hebreu apresentou quatro verdades essenciais sobre como agir em situações difíceis:

1. “Não tenham medo” (Êx 14:13). O primeiro convite é confiar no Senhor, porque somente dessa forma podemos vencer o medo. Isaías nos lembra dessa verdade ao declarar que os crentes estão nas mãos de Deus, e Ele agirá por eles quando O aceitarem como seu Deus e Senhor: “Não tema, porque Eu estou com você; não fique com medo, porque Eu sou o seu Deus. [...] Eu, o Senhor, seu Deus, o tomo pela mão direita e lhe digo: 'Não tenha medo, pois Eu o ajudarei’” (Is 41:10, 13).

2. “Fiquem firmes” (Êx 14:13). Isso não significa apenas parar de murmurar e esperar grandes coisas, mas confiar em Deus e esperar pacientemente por Sua poderosa intervenção, porque Ele agirá.

3. “Vejam o livramento que o Senhor lhes fará no dia de hoje” (Êx 14:13). Para que a fé cresça, é importante reconhecer a direção e o auxílio de Deus e ser grato pelo cuidado que Ele promete. “Ver” significa abrir os olhos (porque a incredulidade é cega). Somente Deus concede vitória, segurança e salvação. Ele está sempre conosco, cuidando e provendo tudo o que é necessário no momento apropriado.

4. “O Senhor lutará por vocês” (Êx 14:14). Isso indica o que Deus fará: Ele lutará pessoalmente por Seu povo. O Calvário é a prova definitiva dessa realidade, pois na cruz Cristo derrotou Satanás para nos dar a vida eterna (Jo 5:24; Hb 2:14; Ap 12:10, 11). Depois, até os egípcios reconheceram que o Senhor estava lutando pelos israelitas (Êx 14:25).

A ordem de Deus a Moisés foi clara: “Siga em frente!” Deus desdobrou Seu plano de ação passo a passo: (1) o Anjo de Deus e a coluna de nuvem se moveram da frente do acampamento de Israel para trás dele, protegendo-o dos egípcios; (2) pela fé, Moisés teve que estender a mão sobre o mar; (3) o Senhor dividiu as águas e as secou com um vento forte; e (4) os israelitas atravessaram o mar em terra seca. Os egípcios os perseguiram cegamente, porque não viram que Deus estava fazendo maravilhas por Seu povo - ou melhor, só viram quando era tarde demais, como revelou sua confissão (Êx 14:25).

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Quinta-feira, 07 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: LV 23
O cântico de Moisés e Miriã

O exército egípcio foi derrotado; ninguém sobreviveu, incluindo o Faraó (Sl 136:15). Foi uma derrota surpreendente para os egípcios e uma vitória completa para o povo de Deus. Não é de admirar que, ao longo de toda a sua história, e até hoje, os judeus recontem esse evento.

5. Leia Êxodo 15:1-21. Qual é o conteúdo do cântico de Moisés?

Esse cântico louva o Senhor porque Ele é um Guerreiro poderoso que derrotou aqueles que se opuseram ao Seu povo. Moisés desenvolveu pessoalmente esse tema enfatizando que o Senhor, seu Deus, também era sua força, cântico e salvação. Ninguém é igual a Ele, “glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que [opera] maravilhas” (Êx 15:11).

O cântico de Moisés está centrado em Deus, em quem Ele é e o que está fazendo. O Senhor é exaltado, louvado e admirado por Sua obra extraordinária em favor de Seu povo. Gratidão e adoração são resultados naturais da bondade de Deus para conosco. Apreciar Seu amor é o requisito essencial de uma vida espiritual poderosa. O amor inabalável de Deus é especialmente enfatizado e exaltado porque Ele guiará o povo que redimiu e os conduzirá para Sua santa habitação. Moisés predisse que Deus estabeleceria o santuário no monte de Sua herança (Êx 15:17), apontando para Sião e o templo de Jerusalém.

Em Apocalipse 15:2 a 4, os redimidos entoam o cântico de Moisés e o cântico do Cordeiro. Você consegue imaginar como soará no Céu o louvor a Deus por Seus grandes e maravilhosos feitos, Seus juízos justos e verdadeiros, Seus atos justos e Sua santidade?

Observe a última frase do cântico: “Por isso, todas as nações virão e se prostrarão diante de Ti, porque os Teus atos de justiça se fizeram manifestos” (Ap 15:4). Quando todos os juízos de Deus tiverem se revelado, especialmente os juízos sobre o mal e a opressão que por milênios ficaram impunes, então os redimidos de todas as nações O louvarão por esses juízos.

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O filósofo Immanuel Kant disse: “Se Deus é justo, deve haver algum tipo de vida além deste mundo.” Por que essa afirmação é tão verdadeira, e como podemos aprender a confiar que um dia a justiça será feita? Como você pode tirar conforto dessa esperança?
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Sexta-feira, 08 de agosto
Ano Bíblico: RPSP: LV 24
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 234-241 (“O êxodo”).

Deus estava com os israelitas, apesar da pouca fé que tinham. Ele desejava ensiná-los e guiá-los em como pensar e agir como Seu povo escolhido. Deus os guiou pacientemente e os direcionou para um local em que encontrariam menos desafios. Ellen G. White explicou: “Os israelitas [...] tinham pouco conhecimento de Deus, e sua fé Nele ainda era bem pequena, e teriam ficado aterrorizados e desanimados. Não tinham armas nem o costume de guerrear e estavam deprimidos por causa do longo período de cativeiro, além da responsabilidade que tinham com as mulheres e os filhos, ovelhas e gado. Ao guiá-los pelo caminho do Mar Vermelho, o Senhor Se revelou como um Deus de compaixão e de juízo” (Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 235).

Abordando o cântico de Moisés, o Comentário Bíblico Andrews diz: “A certeza desse ato divino redentor na história nos garante que nada temos a temer quanto ao futuro. A última estrofe se concentra nos inimigos futuros que seriam enfrentados na conquista de Canaã. Por causa do ‘braço’ grandioso de Deus, eles emudeceriam ‘como pedra’ (v. 16). Quando nos deparamos com certas impossibilidades, quando nos sentimos encurralados e não sabemos para onde ir, podemos encontrar segurança no cântico de Moisés, pois ele celebra um grande acontecimento na história do povo de Deus” (Comentário Bíblico Andrews, v. 1: Gênesis a Ester [CPB, 2024], p. 239).

Perguntas para consideração

1. Os hebreus foram libertos de modo incrível do Egito, mas estavam diante do desafio do Mar Vermelho. Por que nos achamos com frequência numa semelhante? Diante das evidências da bondade e do poder de Deus, por que ainda expressamos falta de fé?

2. Depois de tudo o que aconteceu, por que o Faraó ainda perseguiu Israel? O que isso nos diz sobre o perigo de ficar endurecido pelo pecado e continuar na prática do pecado?

3. Apesar das provações, temos bons momentos. Por que devemos ver esses momentos como evidências da graça e proteção de Deus, considerando que vivemos em território “inimigo”? Devemos louvar a Deus porque, mesmo sem saber, fomos livrados de desastres?

Respostas às perguntas da semana: 1. Pediu que Moisés e Arão o abençoassem. Talvez quisesse que Deus lhe concedesse benefícios, mesmo se rebelando contra Ele. 2. Deus desejava mostrar que tudo o que existe e tudo o que temos pertence a Ele. 3. O Senhor guiou os israelitas como um exército organizado em meio ao deserto. 4. Deus lutou contra os egípcios, fazendo Seu povo atravessar o Mar Vermelho. 5. O cântico de Moisés celebra quem Deus é e o que faz em favor de Seu povo.

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Resumo da Lição 6
A travessia do Mar Vermelho | 3º Trimestre 2025

TEXTO-CHAVE: 14:13, 14, 30, 31

FOCO DO ESTUDO: Êx 12:31-51; 14; 15:1-21

ESBOÇO

Introdução: Na história do povo de Deus, o êxodo do Egito é o relato mais extraordinário do Antigo Testamento, em que Deus interveio de forma verdadeiramente espetacular. Depois de comer o cordeiro da Páscoa, os israelitas estavam prontos para deixar o Egito. O Faraó finalmente deu seu consentimento. Em grande angústia, ele deu a ordem a Moisés e Arão para que fossem adorar seu Deus. Todos deviam ir, homens, mulheres, crianças, bem como seus rebanhos e gado. Antes disso, Moisés havia se recusado, de forma correta, a partir caso os israelitas não recebessem permissão para sair como famílias completas, junto com seus animais. Além disso, Deus fez provisões para o futuro deles, não os deixando sair do Egito de mãos vazias.

Mesmo quando os egípcios suplicaram para que os israelitas deixassem o país, deram a eles todos os itens que pediram: prata, ouro e roupas, exatamente como Moisés os havia instruído. Esses objetos foram uma compensação por salários que haviam sido injustamente retidos. Posteriormente, os israelitas teriam que decidir como utilizar esses presentes: poderiam oferecer tecidos, ornamentos preciosos, ouro, prata e outros metais para construir o tabernáculo (Êx 25:1-7) ou entregar suas joias de ouro a Arão para fabricar o ídolo do bezerro de ouro (Êx 32:1, 2).

O tema da “saída” efetiva é enfatizado no início da história (Êx 12:37-41), em sua progressão (Êx 13:21, 22) e em sua conclusão, na qual se destaca que “o Senhor livrou Israel” (Êx 14:30, 31).

COMENTÁRIO

Contexto histórico
Para entendermos o contexto histórico de Êxodo 12, considere os dois pontos a seguir:

a. Após 430 anos de peregrinação no Egito, Israel agora estava livre para viajar para a terra prometida. Devido à dupla ocorrência da palavra hebraica wayehi (“aconteceu”, “foi”), em Êxodo 12:41, o texto enfatiza esse período de tempo ao declarar que “nesse mesmo dia, todos os exércitos do Senhor saíram da terra do Egito”. Primeiro, somente José foi para o Egito; então, toda a família de Jacó chegou. No começo eram 70 (Êx 1:5), mas agora eram “cerca de seiscentos mil a pé, somente de homens, sem contar mulheres e crianças” (Êx 12:37, compare com Êx 38:26), o que significa que uma tropa de cerca de dois milhões de pessoas estava marchando para fora do Egito. Moisés certamente foi treinado em estratégia militar durante sua estadia no palácio do Faraó, então ele sabia como organizar um número tão grande de pessoas. O texto bíblico menciona que o Senhor tirou os filhos de Israel do Egito “segundo os seus exércitos” (Êx 12:51; compare com Êx 6:26; 7:4; 12:17, 41), expressão que significa “como unidades ou batalhões militares”. O êxodo foi cuidadosamente organizado; contudo, é importante lembrar que a caravana só podia avançar na velocidade de seus membros “mais fracos”, geralmente crianças, idosos, além dos rebanhos e do gado.

b. O êxodo provavelmente ocorreu em março de 1450 a.C., de acordo com os melhores cálculos de estudiosos conservadores, o que significa que os 430 anos remontariam a 1880 a.C. Como devemos entender esse período de tempo? Há duas visões entre os estudiosos conservadores: (1) 430 anos, contados do tempo de José até o êxodo, e (2) 430 anos, começando com Abraão até o êxodo. (Para uma discussão sobre essas duas posições principais a respeito da longa ou curta permanência no Egito [somente “na terra do Egito”, de acordo com o Texto Massorético em hebraico, ou ambos “na terra do Egito” e “na terra de Canaã”, de acordo com o Pentateuco samaritano e a tradução do grego da Septuaginta], e para a evidência preferindo uma curta estadia no Egito, veja o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia,
v. 1, p. 163-176, 312-314, 593.)

O Senhor lutará por vocês; fiquem calmos

Os israelitas estavam geograficamente encurralados: diante deles estava o Mar Vermelho, do outro lado estavam montanhas, e atrás delas estava o exército bem treinado e poderoso do Faraó (para detalhes, veja Ellen G. White, “O Êxodo”, p. 234-239, em Patriarcas e Profetas [CPB 2022]). Dessa situação, humanamente falando, era impossível escapar. As pessoas estavam aterrorizadas. Não é de admirar que Deus, por meio de Moisés, as tenha encorajado com estas palavras: “Não tenham medo; fiquem firmes [em sua confiança em Deus] e vejam
o livramento que o Senhor lhes fará no dia de hoje” (Êx 14:13). Naturalmente, não sabemos como permanecer quietos e esperar pela intervenção de Deus. Queremos lutar quando deveríamos aguardar em silêncio e avançar com Sua graça e poder.

Grande tensão estava no ar. Como o povo reagiria? O fluxo de eventos foi extraordinário: Deus deu a ordem para seguir em frente. A coluna de nuvem, representando a presença invisível de Deus, transferiu-se da frente e se colocou atrás dele e “ia entre o exército dos egípcios e o exército de Israel” (Êx 14:20). Moisés levantou o bordão. Um vento leste dividiu as águas e formou terra seca. Israel marchou pelo corredor de água do mar. Os egípcios tentaram perseguilos. Mas o Senhor confundiu o exército do Faraó, e todo o exército se afogou enquanto os israelitas estavam seguros do outro lado do Mar Vermelho. Dessa forma, eles vivenciaram a vitória espetacular de Deus em sua salvação.

O Egito representa aqueles que se opõem a Deus e O rejeitam. Os egípcios falharam por dois motivos: (1) eles resistiram teimosamente ao Senhor vivo, e (2) desejaram capturar e escravizar os israelitas. A ganância e a violência os levaram à destruição. Há uma enorme diferença entre servir ao Senhor, que dá graça, liberdade e salvação, e servir ao Faraó, o que leva à obediência cega, a comandos aterrorizantes, à escravidão e, finalmente, à morte. 

O Senhor salva
Bem no centro do Livro de Êxodo está a frase crucial: “O Senhor livrou Israel” (Êx 14:30). Essa expressão é o núcleo teológico, o ponto central e o eixo de todo o livro, pois tudo converge para ela e dela emana. Essa incidência é a única vez em que essa frase é usada em todo o Livro de Êxodo. A salvação veio do Senhor. O verbo yasha’, em hebraico, é repleto de significados teológicos: “salvar”, “resgatar”, “redimir”. Esse verbo aparece no nome de Jesus (também ocorre, por exemplo, nos nomes de Josué e Isaías), que significa “o Senhor salvará” (Mt 1:21). Deus salvou todos os israelitas, sem que ninguém ficasse para trás, em contraste com o exército do Faraó, pois “nenhum deles escapou com vida” (Êx 14:28). Todos morreram no Mar Vermelho. A vitória do Senhor foi triunfante e completa.

Os israelitas reagiram à sua poderosa libertação temendo ao Senhor e confiando Nele (Êx 14:31). O texto menciona que essa resposta positiva aconteceu quando eles viram a demonstração do grande poder do Senhor contra os egípcios. O objetivo do Faraó e de seu exército era provavelmente matar muitos dos israelitas como uma demonstração de poder e escravizar duramente o restante deles novamente. Esse resultado não aconteceu por causa da intervenção amorosa e justa de Deus. A resposta de Israel foi irromper em louvores que foram expressos na forma de cânticos.

Os cânticos de Moisés e Miriã

Em um desfecho apoteótico para o milagre do Êxodo, Moisés orientou os israelitas a louvar o Senhor por meio de uma poesia elaborada, repleta de imagens vívidas. (O pano de fundo dessa atividade é explicado em Êx 15:19). Os cânticos de Moisés e Miriã são cânticos de vitória e gratidão. O Senhor é apresentado como o poderoso guerreiro. A frase culminante é “o Senhor reinará por todo o sempre” (Êx 15:18). Porque Ele é o Rei grandiosamente exaltado e eterno, Moisés declarou que Ele era sua força, cântico, salvação e Deus; então ele O louvaria e exaltaria (Êx 15:1, 2). Ninguém é como Ele: O Senhor é “glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas” (Êx 15:11). Moisés se dirigiu ao Senhor e O glorificou: “Na grandeza da Tua excelência, derrubas os que se levantam contra Ti” (Êx 15:7). Ele continua: “Com a Tua bondade guiaste o povo que salvaste; com a Tua força o levaste à habitação da Tua santidade” (Êx 15:13). Esse lugar, mencionado em Êxodo 15:17, é chamado de “santuário”, localizado “no monte da [Sua] herança”. O poema é uma canção profética, tendo em
vista o templo em Jerusalém.

A canção tem sete estrofes temáticas: (1) versos 1-3, a exaltação do Senhor; (2) versos 4 e 5 , a vitória do Senhor sobre o Faraó; (3) versos 6 e 7, a grandeza majestosa do Senhor; (4) versos 8-10, o poder criativo e o juízo do Senhor; (5) verso 11, a singularidade do Senhor; (6) versos 12-16a, o amor de Deus e a redenção em relação aos inimigos; e (7) versos 16b-18, o Senhor é o Rei e dá descanso ao Seu povo na terra prometida. Em Êxodo 15:6, 11 e 16, duas frases são sempre repetidas para ênfase. O poema ecoa o relato da criação de Gênesis 1 e 2 e, portanto, marca um novo começo para o povo de Deus, a criação da nação libertada de Israel.

Miriã era considerada uma profetisa. Seu cântico curto (Êx 15:21) repete muitos dos temas do cântico de Moisés (Êx 15:1). Mas um detalhe importante é diferente. Miriã enfaticamente lidera todas as mulheres a cantar (imperativo) ao Senhor, acompanhadas por pandeiros. Seu coração transborda de gratidão, e ela lidera outras pessoas a expressar a mesma emoção. Muito provavelmente elas também cantaram o cântico inteiro, que foi abreviado no relato escrito, com as linhas de abertura servindo como título. 

No mar de vidro, os redimidos cantarão o cântico de Moisés e do Cordeiro (Ap 15:2-4). Esses hinos são cânticos de libertação e vitória, e refletem o amor, a justiça e o poder de Deus.

Posteriormente, no NT, o apóstolo Paulo empregou a imagem da passagem pelas águas do Mar Vermelho como uma metáfora para o batismo de Israel em Cristo (veja 1Co 10:2). 

APLICAÇÃO PARA A VIDA

1. Confiar no Senhor e em Suas promessas pode ser desafiador, especialmente em tempos de perigo, quando Sua ajuda não é evidente e não chega de imediato. O que realmente significa “ficar quieto” para testemunhar a libertação de Deus?

2. O Senhor instruiu Moisés não apenas a orar, mas também a seguir em frente. Deus luta por nós em todas as situações da vida ou espera que tomemos ações em resposta à Sua orientação? Como saber quando é o momento de esperar e quando é hora de agir?

3. Por que Deus frequentemente precisa nos lembrar e encorajar com a mensagem: “Não temas”? O que nos faz ser tão suscetíveis ao desencorajamento?

4. De que maneira o Senhor poderia obter glória por meio da derrota do Faraó e de seu exército? O que significa a glória de Deus? Como os egípcios poderiam perceber que o Senhor Deus estava presente em meio a todas as calamidades que atingiram sua terra?

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Descanso sabático inesperado

Zimbábue | Tracy

Quando Tracy se matriculou na Universidade Adventista do Sétimo Dia no Zimbábue, ela planejava passar os sábados estudando ou relaxando.

Tracy não sabia muito sobre os adventistas. Ela estava animada por estar na Universidade Solusi e por estar longe de casa pela primeira vez na vida.

Olhando para os quatro anos de estudos que tinha pela frente, ela disse a si mesma que poderia — apenas poderia — ir à igreja da universidade uma vez antes de se formar.

Tracy mudou-se para seu dormitório em uma tarde de sexta-feira. Naquela noite, sua nova colega de quarto a convidou para ir à igreja para o culto do pôr do sol. Tracy ainda não tinha começado as aulas, então ela não tinha nenhum dever de casa para fazer. "Tudo bem", disse ela. "Vou lá ver o que acontece."

Às 18h, as duas jovens foram para o culto na igreja da universidade. Foi uma experiência nova para Tracy. As músicas eram novas. Ninguém dançou ou bateu palmas como na igreja de sua família. A experiência de adoração não foi ruim; foi apenas diferente.

No sábado de manhã, quando Tracy acordou, sua colega de quarto disse que elas deveriam ir à igreja novamente. As duas caminharam juntas até a igreja da universidade.

Tracy gostou da música e do sermão. Todos pareciam acolhedores e felizes. Ela não se sentia nova ou deslocada. Ela já se sentia parte do grupo.

Naquela noite, sua colega de quarto disse que elas deveriam ir à igreja novamente, desta vez para outro culto de pôr do sol.

Tracy foi com um sorriso, lembrando que havia planejado ir à igreja apenas uma vez – talvez – em seus quatro anos na Universidade Solusi. Agora ela estava indo pela terceira vez em dois dias.

As aulas começaram na semana seguinte, e Tracy mergulhou em seus estudos de contabilidade. Ela fez novos amigos. Ela gostou da comida servida no grande refeitório, que foi ampliado com a ajuda de uma oferta trimestral de 2015.

Quando a noite da sexta-feira seguinte chegou, ela se viu de volta à igreja, em vez de fazer o dever de casa ou relaxar em seu dormitório.

Com o passar das semanas, Tracy mudou de ideia sobre seus planos para o sábado. Ela havia pensado que precisaria estudar ou relaxar em seu quarto aos sábados. Mas ela não precisava de um tempo especial para relaxar aos sábados porque todos estavam descansando. Ela também gostava de ir à igreja. Quanto ao dever de casa, ela não estava nem um pouco preocupada com suas notas. As aulas da universidade iam de segunda a quinta-feira. Então ela tinha muito tempo para fazer sua lição de casa às sextas e aos domingos, sem precisar reservar tempo extra aos sábados.

Depois, a universidade teve uma semana de ênfase espiritual. Um pastor veio da capital do Zimbábue, Harare, para falar. Quando ele fez um apelo, Tracy entregou seu coração a Jesus e, posteriormente, foi batizada.

A Bíblia se tornou o livro favorito de Tracy, e ela adorava estudá-la e compartilhá-la com outras pessoas. Ela se lembrou de amigos que tinham ido para outras universidades no Zimbábue. Antes de chegar a Solusi, ela havia pedido conselhos a eles sobre estudar em uma universidade. Eles haviam dito a ela que precisavam estudar ou relaxar aos sábados e domingos; por isso, raramente iam à igreja. Como resultado, Tracy chegou a Solusi pensando que precisaria estudar ou relaxar aos sábados e domingos e não teria tempo para ir à igreja. Mas agora ela percebeu que a igreja era uma parte essencial de sua experiência universitária.

Tracy começou a contar a seus amigos sobre sua experiência. "Você precisa ir à igreja", disse ela. "Deus cuidará de seus estudos e garantirá que você tenha descanso suficiente."

Seus amigos ficaram surpresos e prometeram tentar ir à igreja com mais frequência.

Tracy agora planeja convidá-los a visitar a Igreja Adventista.

Parte de uma oferta trimestral de 2015 ajudou a expandir o refeitório da Universidade Solusi, permitindo que ele atendesse melhor a alunos como Tracy. Assim como a bênção dessa oferta ainda está sendo sentida na universidade, sua contribuição para os projetos trimestrais também pode, com a bênção de Deus, ter um impacto duradouro no Zimbábue e além. Obrigado por planejar uma oferta generosa para o dia 27 de setembro.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

• Mostre o Zimbábue no mapa. Em seguida, mostre Bulawayo, a cidade mais próxima da Universidade Solusi.

• Assista a um curto vídeo no YouTube de Tracy em: bit.ly/Tracy-SID.

• Baixe as fotos para esta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.

• Compartilhe as postagens do Informativo Mundial das Missões e os fatos rápidos da Divisão Africana do Sul e do Oceano Índico: bit.ly/sid-2025.


Comentário da Lição da Escola Sabatina de Adultos – 3º trimestre de 2025

Tema geral: “O livro de Êxodo”

Lição 6 – 2 a 8 de agosto

A travessia do mar Vermelho

 

Autor: Felipe Alves Masotti

Editor: Fernando Dias de Souza

Revisora: Rosemara Santos

 

O estudo desta semana concentra-se em Êxodo 12:31 a 15:20. Esses capítulos descrevem o êxodo dos hebreus e a passagem pelo Mar Vermelho. Após a terrível noite em que morreram os primogênitos das famílias cujos batentes das portas das casas não estavam marcados com o sangue do cordeiro pascal, Faraó finalmente se convenceu de que Israel deveria partir. Pela primeira vez, o termo “israelitas” aparece na fala de Faraó (Êx 12:31). Finalmente houve o reconhecimento da identidade nacional dos filhos de Abraão.

Êxodo 12:32 apresenta o intrigante pedido do monarca egípcio para que uma bênção lhe fosse concedida por meio da adoração dos israelitas. Isso lembra a ocasião em que um faraó foi abençoado por um hebreu. Quando Jacó trouxe a família ao Egito, abençoou o faraó da época ao encontrá-lo (Gn 47:7, 10). Ao deixar a terra de seu cativeiro, o povo de Israel recebeu de outro rei egípcio pedido semelhante.

A fuga dos descendentes de Jacó originou a Festa dos Pães sem Fermento, que deveria ser celebrada anualmente nos sete dias após a Páscoa. Não houve tempo para a massa de pão fermentar antes da partida, e pães sem fermento foram consumidos nos primeiros dias da jornada (Êx 12:34). “Na Páscoa, vocês não devem comer pão fermentado. Durante sete dias, comam pães sem fermento, o pão da aflição, porque às pressas vocês saíram do Egito, para que todos os dias da vida vocês se lembrem do dia em que saíram da terra do Egito” (Dt 16:3). A saída, porém, ocorreu sob a bênção de Deus, pois os egípcios, em seu desespero, entregaram pertences valiosos aos hebreus, o que serviu de indenização pelo seu trabalho não remunerado (Êx 12:35, 36).

 

Consagração e adoração

O capítulo que descreve a travessia do Mar Vermelho começa com a instituição da consagração dos primogênitos de todos os seres vivos a Deus (Êx 13:1-16). Juntamente com a Páscoa, essa foi uma das primeiras ações memoriais na história de Israel. O livro de Êxodo destaca-se especialmente nesse aspecto. Nele, a história formativa de Israel é usada para registrar, de maneira monumental, cronológica e sistemática, aspectos essenciais do caráter de Deus. Assim, o Deus redentor da nação seria celebrado anualmente por meio de um festival que também apontaria para a permanência dessa característica divina ao longo da história. Mais adiante, para propósitos práticos, Deus selecionou uma das tribos de Israel, a dos levitas, para desempenhar nacionalmente as funções dos primogênitos (Nm 3:12, 13; 8:14-18). Aparentemente, a separação dos primogênitos, humanos e animais, tinha fins litúrgicos. As primeiras crias dos animais impuros deveriam ser substituídos por animais puros (Êx 13:13). Para o Senhor, a compreensão de Seus atos libertadores conduz à adoração, e a vida do verdadeiro adorador, liberto, expressa-se em devoção e consagração contínuas.

A saída do Egito impactou o calendário hebraico. O êxodo ocorreu no mês de abibe (Êx 13:4). Essa palavra hebraica significa “trigo” ou “primavera”. Algum tempo antes, a praga de granizo havia destruído o linho e a cevada, que já haviam brotado; porém, o trigo (’abib) e o centeio não foram afetados porque ainda não haviam florescido (Êx 9:31). O mês tinha o nome do principal evento agrário do período: o brotar do trigo. Após o exílio babilônico, esse mês passou a ser chamado de nisã (Et 3:7; Ne 2:1). O significado da palavra acádia nisannu é “primeiro”, uma alusão ao primeiro mês do ano. Etimologicamente, deriva do termo sumério nisag e do amorita nis, o que indica um momento de especial importância no ano.

 

A travessia do Mar Vermelho

Êxodo 13:17 a 14:31 detalha a travessia do Mar Vermelho e a libertação miraculosa da escravidão egípcia. A narrativa começa com o raciocínio divino para o trajeto escolhido rumo a Canaã. Deus evitou que o povo se assustasse com a guerra contra os filisteus, embora estivessem armados (Êx 13:17, 18). Deus respeitou as limitações do Seu povo, conduzindo-o a uma demonstração de Seu poder e cuidado no Sinai. Apenas após esse evento de consagração o povo estaria pronto para lutar as batalhas do Senhor.

Outra marca do fechamento de um ciclo iniciado em Gênesis está no atendimento do pedido de José de trasladar seus ossos do Egito (Êx 13:19; Gn 50:25). Esse ato aponta para a vitória definitiva sobre o Egito. Deus Se manifestou gloriosamente por meio de uma coluna de nuvem durante o dia e de uma coluna de fogo à noite (Êx 13:21, 22).

A batalha final entre Deus e o Império Egípcio acontece durante a travessia do Mar Vermelho. Deus encurralou o povo hebreu diante do mar, para que assim fosse glorificado com a derrota de Faraó e seu exército (Êx 14:1-8). A frase hebraica mah-zôt ‘asinu (“O que é isto que fizemos?”) reflete a obstinação renovada da corte egípcia diante da perda de sua força de trabalho. A bênção divina, furtada por anos, agora lhes fazia falta, revelando que o Império Egípcio não era tão autossuficiente assim.

Pela primeira vez no relato, o povo aparece reclamando (Êx 14:11, 12). Deus e Moisés são pacientes, pois o povo ainda não compreendia o caráter de Deus. A travessia do mar ocorreria de madrugada e finalizaria ao amanhecer. Ao fim, Deus declarou: “E os egípcios saberão que Eu sou o Senhor, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros de guerra e nos seus cavaleiros” (Êx 14:18).

A nuvem que continha a presença de Deus protegia sobrenaturalmente o povo (Êx 14:19, 20). O verbo ’arar (“amaldiçoar”), usado nessa passagem, descreve uma ação de duplo efeito: luz para os israelitas e trevas para os egípcios, como uma espécie de maldição com efeitos físicos. Então, mais uma vez, o Criador da luz faz separação entre trevas e claridade. Êxodo 14:19 identifica esse Ser como o “Anjo do Senhor”.

A cena de Êxodo 14:21 a 27 é dramática. Presos no leito do mar, enquanto os israelitas passavam em terra seca, os egípcios reconhecem o Deus de Israel: “Vamos fugir da presença de Israel, porque o Senhor está lutando por eles contra os egípcios” (Êx 14:25). Essa confissão cumpre a promessa do versículo 14 e representa o reconhecimento tardio de quem Deus realmente é. O julgamento divino foi então executado; e os egípcios, destruídos. “O povo temeu o Senhor e confiou no Senhor e em Moisés, Seu servo” (Êx 14:31).

As músicas em Êxodo 15 confirmam o caráter memorial dos eventos descritos. Uma canção é composta, e o santuário é mencionado antes mesmo de sua construção (Êx 15:17, 18). De fato, a adoração é a expressão suprema de uma alma liberta. Um novo estágio da obra libertadora iniciou quando o mar se fechou. Tirar o povo do Egito foi a parte mais fácil; a mais difícil seria tirar o Egito do coração do povo.

 

Referências:

Richard M. Davidson, A Song for the Sanctuary: Experiencing God’s Presence in Shadow and Reality (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 2022).

Jacques B. Doukhan, Richard M. Davidson, Genesis and Exodus. Seventh-day Adventist International Biblical Commentary, v. 1 (Nampa, ID: Pacific Press, 2025).

Michael G. Hasel, “Êxodo”, em Ángel Manoel Rodríguez (editor-geral), Comentário Bíblico Andrews (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2024), v. 1.

Nahum M. Sarna, Exodus: The Traditional Hebrew Text with the New Jewish Publication Society Translation (Philadelphia, PA: Jewish Publication Society, 1991).

Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2022).

 

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Felipe Alves Masotti é pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Formou-se em Teologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) em 2008, atuando posteriormente como capelão do Colégio Curitibano Adventista Bom Retiro e pastor de jovens na Igreja Adventista do Sétimo Dia Central de Curitiba. É mestre em Interpretação Bíblica pelo Unasp e doutor em Teologia do Antigo Testamento pela Universidade Andrews. Desde 2020, é professor de Antigo Testamento no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (SALT), no campus da Faculdade Adventista do Paraná (FAP). Felipe é autor, coeditor e coautor de várias obras, incluindo Daniel: Interpretação, História e Teologia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2024), But the Wise Shall Understand (Tübingen: Mohr Siebeck, 2025) e Exploring the Composition of the Pentateuch (University Park, PA: Eisenbrauns, 2020). É casado com Camila Masotti, também professora na FAP, e pai de Miguel e Helena.