O dia de hoje marca um dos mais importantes feriados cívicos do Brasil. Você conhece a história desde o ensino fundamental. Quando lecionei para o curso de História no Unasp em 1998, amava contar para os alunos certos bastidores desse acontecimento, que nem sempre são mencionados nos livros didáticos.
Sobre a Independência propriamente dita, lembro-me de destacar os seguintes pontos:
1. O grito do Ipiranga não ocorreu exatamente às margens de um rio. O episódio se deu em uma colina próxima ao “riacho” Ipiranga, hoje canalizado, cujo curso atual nem mesmo corresponde ao que existia naquele tempo.
2. Dom Pedro e sua comitiva não estavam usando trajes de gala, como retratado no famoso quadro de Pedro Américo. Eles estavam vestidos com fardas de campanha, apropriadas para viagens longas. E esqueça os corcéis puro-sangue; todos estavam montados em mulas.
3. Muitos historiadores colocam dúvidas sobre a famosa frase “independência ou morte”. Dom Pedro, aliás, estava durante todo o dia sofrendo de fortes cólicas abdominais, o que eliminava qualquer chance de dar um “brado retumbante”!
4. Por fim, a independência não foi algo pacífico, heroico nem imediato. Negociações políticas, concessões e conflitos se seguiram até 1825, três anos após o famoso 7 de setembro, quando Portugal finalmente reconheceu nossa independência e ainda cobrou por ela.
Sem invalidar a importância do acontecimento, deixe-me compará-lo à morte de Jesus e seu significado. O que era um dilema para o Brasil, independência ou morte, era uma consequência para Cristo: Independência só pela morte. Sem o sacrifício do Filho de Deus, jamais seríamos livres.
A humilhação de Jesus foi tão grande que, ao contrário de Dom Pedro, não havia obra de arte que pudesse amenizá-la. Jesus não estava em uma colina gloriosa cercado de Sua guarda pessoal. Ele Se entregou como ovelha muda diante de seus tosquiadores. Hoje, como cidadão, presto homenagens ao Ipiranga. Mas, como cristão, presto adoração ao Homem do Calvário. Foi lá que encontrei minha verdadeira libertação.