O versículo de hoje apresenta o chamado para o povo de Deus sair de Babilônia. Esse convite remonta ao tempo em que os judeus foram levados cativos por Nabucodonosor. O sentido, porém, de “levados cativos” precisa de uma explicação atualizada.
Até recentemente, pensávamos que os judeus tinham sido levados à força pelos babilônios. Mas não foi bem assim. Embora muitos tenham sido “sequestrados” de suas famílias, como Daniel e seus companheiros, outros foram para lá voluntariamente.
Isso é o que descobrimos em uma coleção de tábuas de argila encontradas no Iraque, que detalham transações comerciais dos judeus na Babilônia. Ali percebe-se que alguns foram atraídos por oportunidades comerciais.
As visitas de Nabucodonosor a Jerusalém não se limitavam à expansão de seu reino. Ele também buscava incentivar a migração de comerciantes judeus para o sul do Iraque, visando aumentar a circulação de mercadorias e reverter a crise econômica causada pelas guerras e pelos gastos excessivos com a reconstrução de Babilônia.
As tabuinhas, inscritas em acadiano, detalham o comércio, os impostos e os créditos acumulados. Ali menciona-se, inclusive, uma família judaica tradicional com quatro gerações, começando pelo pai, Samak-Yama, seu filho, seu neto e os cinco bisnetos, todos com nomes bíblicos.
Embora muitos tenham regressado a Jerusalém após a libertação persa em 538 a.C., outros preferiram continuar em Babilônia, formando uma comunidade judaica ativa que durou 2 mil anos. Descendentes desses antigos judeus só sairiam do Iraque, do Iêmen e do Irã após o ano 1950, quando retornaram para o recém-criado Estado de Israel.
No Apocalipse, a Babilônia se torna símbolo de toda confusão religiosa que assedia e engana o povo de Deus. À semelhança da Babilônia histórica, o perigo de sua versão mística não é o cativeiro forçado, mas a sedução enganadora que aprisiona pela ideologia, sem o uso de algemas. Portanto, é imperativo que tenhamos ouvidos espirituais capazes de reconhecer a voz de Deus, que diz: “Saiam dela, povo Meu.”