Na antiguidade grega, os limites do estreito de Gibraltar, que liga o Mediterrâneo ao Oceano Atlântico no extremo sul da Espanha e no extremo norte do Marrocos, eram considerados como o fim do mundo. Lá estariam os lendários pilares de Hércules, marcando o ponto onde não
existiria mais nada além do mar e de um abismo profundo.
A lenda persistia na Renascença. Moedas espanholas traziam um lábaro em latim que dizia “NEC PLUS ULTRA” ou “nada mais além”. Dizem que foi Cristóvão Colombo o primeiro a desacreditar isso, indo até o horizonte e encontrando terras do outro lado.
Um episódio citado no livro História do Novo Mundo, publicado em 1565 por Girolamo Benzoni, relata que, durante um jantar, alguns nobres desqualificaram o descobrimento da América, argumentando que qualquer um poderia fazê-lo com tempo e recursos, sem grandes esforços.
Colombo pegou um ovo e apostou que nenhum de seus companheiros seria capaz de fazê-lo ficar de pé. Eles tentaram e falharam, reclamando que aquilo era uma perda de tempo. Então, Colombo quebrou levemente a base do ovo e o equilibrou verticalmente na ponta agora achatada. Moral da história? Uma ideia brilhante é impossível para medíocres, até ser executada. Assim, os mesmos que antes duvidavam mudaram de discurso, afirmando que também seriam capazes de fazer aquilo.
Um desafio só é simples quando você sabe como realizá-lo – o triunfo está em ter a coragem de tentar algo que ninguém nunca fez e ser o primeiro a ter sucesso nisso. A audácia do navegante obrigou a atualização do lábaro latino para “mais além”. Ele conseguiu enxergar através das colunas limitantes da tradição renascentista um lugar que ninguém mais via.
Assim foi com os profetas. Eles conseguiram, pela fé, vislumbrar um reino que até hoje é reputado como utopia. A fé, no entanto, nos permite ir além da história para as realidades celestiais que muitos contemporâneos não podem enxergar porque não possuem a unção do Espírito.
Peça a Deus que abra seus olhos para contemplar o que o olho comum não enxerga. Há um paraíso à nossa espera, um lugar além das limitações terrenas, uma pátria além da imaginação.