Os antigos rabinos judeus chamaram Noé de “o segundo Adão”. O apóstolo Paulo, por sua vez, aplica esse título a Cristo, em vez de a Noé (1Co 15:45 e 47). No capítulo 10 do livro No Deserto da Tentação, Ellen G. White segue a interpretação do apóstolo aos gentios. Você pode perguntar: isso faz alguma diferença?

Vou lhe mostrar que sim. Noé nasceu logo após a morte de Adão, e a similaridade entre as histórias deles é muito grande. A Bíblia destaca, a princípio, três descendentes de ambos (Abel, Caim e Sete, no caso de Adão; Sem, Cam e Jafé, no caso de Noé). Ambos cuidam dos animais, recebem leis relacionadas ao regime alimentar (Gn 1:29; 9:3, 4), recebem bênçãos idênticas do Senhor e a mesma missão em relação à Terra (Gn 1:28; 9:1, 2). Além disso, a história de ambos é seguida por genealogias, e o desfecho é o mesmo: diante de uma planta, ao consumirem um fruto, eles caem em pecado e terminam nus (Gn 3:7; 9:21).

Noé demonstra que mesmo os melhores representantes da raça humana são falhos e carecem de um Salvador. É por isso que precisamos de Cristo. Somente o eterno Filho de Deus pode recriar a humanidade conforme a imagem de Seu Pai. Em Adão, perdemos a imagem de Deus; em Noé, isso ficou comprovado. Mas, em Cristo, a restauração dessa imagem em nós é indiscutível. Adão saiu perfeito das mãos do Criador. Noé foi um homem justo em sua geração. Contudo, Cristo é a perfeita justiça de Deus em todos os tempos. Nele, podemos ser perfeitos e justos (Rm 5:19).

A palavra “graça” é introduzida na Bíblia na história de Noé (Gn 6:8), apesar de já estar implicitamente presente desde o início, quando a humanidade se dá conta de que realmente não merece nada de Deus. Naquele momento, foi assinado o atestado de incapacidade do ser humano para a salvação. Cristo é, de fato, o segundo Adão. Só Ele é capaz de pôr fim a esse ciclo de transgressão, nudez e embriaguez. Creia Nele e seja uma nova criatura.