A principal tarefa do povo de Deus no AT (assim como para nós hoje) era viver um relacionamento profundo com o Senhor, adorá-Lo e servi-Lo, além de apresentar a imagem correta de Deus às outras nações (Dt 4:5-8).
No jardim do Éden, Adão e Eva se esconderam de Deus porque seu pecado os fez temer o Senhor. O pecado faz com que as pessoas tenham medo de Deus, e esse medo distorce nossa visão de Seu caráter. A boa notícia é que Deus dá o primeiro passo para superar esse abismo; por Sua iniciativa, Ele repara a separação e restaura o relacionamento rompido. Ele chama o pecador de volta dizendo: “Onde você está?” (Gn 3:9).
Assim, nossa missão principal é apresentar o verdadeiro caráter de Deus, bem como Seus atos amorosos e justos aos que estão ao nosso redor. Quando as pessoas são atraídas para Deus e se convencem de Seu amor altruísta para com elas, podem entregar a vida a Ele e obedecer à Sua vontade, reconhecendo que isso é para seu próprio bem.
O santuário mostrava que Deus está próximo da humanidade e revelava grandes verdades, como o fato de que o Senhor salva aqueles que vêm a Ele com fé.
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Os que se opõem à observância do sábado afirmam, erradamente, que ele se destinava apenas aos judeus (na verdade, esse dia foi santificado no Éden; Gn 2:1-3). Além disso, dizem, também de modo errôneo, que o sábado foi dado aos judeus pela primeira vez no Sinai (eles já observavam esse dia antes do Sinai; Êx 16:22-29). Mas mesmo que o sábado não se limitasse aos judeus, ele fazia parte da vida do povo hebreu desde o início.
1. Que verdade foi reforçada ao povo quando o tabernáculo foi construído? Êx 35:1-3
O sábado e sua mensagem estavam, estão e sempre estarão centrados em Deus – quem Ele é e quais são Suas obras poderosas. O sábado nos lembra de Seus atos de criação e salvação, direcionando nosso foco para o Senhor, que deseja habitar com Seu povo. Assim, o sábado e o santuário apontam na mesma direção: a presença de Deus em nossa vida.
O sábado da igreja do AT transmite uma mensagem que possui vários elementos. Podemos resumir sua essência em cinco pontos cruciais:
(1) Deus é o Criador, e a Bíblia começa com a proclamação dessa verdade impressionante e fundamental (Gn 1:1). O memorial vívido da criação divina é o sábado (Gn 2:2, 3; Êx 20:8-11). Todas as outras verdades bíblicas têm como base o fato de que Deus é nosso Criador.
(2) O Messias virá, e essa esperança gira em torno da promessa de Deus sobre o Descendente da mulher, que venceria a serpente (Satanás) e derrotaria o mal (Gn 3:15).
(3) Deus estabelecerá Seu reino eterno, e o sábado é uma prévia de como será esse reino.
(4) A salvação vem do Senhor, e o povo de Deus testifica que Ele é seu Salvador e Redentor e que a salvação vem como resultado de Sua graça, e somente dela.
(5) Deus é o Juiz supremo. Os que persistentemente desafiam e negam ao Senhor não terão futuro, mas Ele dará gratuitamente vida eterna aos que O seguem.
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2. Leia Êxodo 35:4-35; 36:1-7. Que lições importantes esse texto apresenta para nós hoje?
Uma grande quantidade de materiais valiosos foi necessária para construir o tabernáculo, e isso foi realizado por generosas doações do povo de Deus. Os israelitas fizeram isso de coração, de boa vontade e com alegria. Deram ouro, prata, bronze, linho fino, pedras preciosas, tecidos especiais, madeira de acácia, azeite de oliva, especiarias e muitos outros itens necessários. As pessoas também doaram seu trabalho, porque muitos objetos específicos precisavam ser produzidos por meio de trabalho artístico e diligente. Além disso, alfaiates tiveram que tecer vestes para os sacerdotes, que ministrariam no tabernáculo, e para o sumo sacerdote, cujas vestes bem elaboradas incluíam um peitoral e um turbante.
Deus havia abençoado abundantemente os israelitas por meio dos presentes que os egípcios lhes deram ao saírem do Egito. Agora, tiveram a oportunidade de apresentar ofertas de gratidão pela direção misericordiosa e poderosa de Deus, e o coração deles foi movido a realizar essa obra para Sua glória.
O povo estava doando com tanta alegria e generosidade que Moisés foi informado: “O povo traz muito mais do que é necessário” (Êx 36:5). Assim, ele teve que interromper as doações, “porque o material que tinham era suficiente para toda a obra que se devia fazer e ainda sobrava” (Êx 36:7).
Pela orientação do Espírito Santo, Deus equipou e capacitou o povo para construir o tabernáculo com exatidão. O Senhor “encheu” Bezalel, Aoliabe e outras pessoas “do Espírito de Deus”, dando-lhes “sabedoria, habilidade e pleno conhecimento artístico” para realizarem todo o trabalho (Êx 35:31, NVI). Era um projeto gigantesco e tinha que ser realizado exatamente de acordo com o modelo que Deus havia mostrado a Moisés.
O dom do Espírito Santo estava relacionado às diferentes habilidades e competências que precisavam ser utilizadas na construção do tabernáculo. Ser cheio do Espírito não é um processo mágico e nem sempre significa que receberemos poderes espirituais especiais. Para promover a obra de Deus e cumprir a missão, Ele capacita Seus servos a cumprir Seus objetivos e fazer isso com habilidade.
Quais dons você recebeu quando ficou cheio do Espírito Santo? Lembre-se de que os dons espirituais só se desenvolvem quando cultivamos o fruto do Espírito (Gl 5:22, 23).
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3. Dê uma olhada rápida em Êxodo 36:8-38; 37; 38; 39:1-31. Por que foram dadas tantas instruções? O que isso nos ensina sobre como Deus Se importa com cada detalhe?
Os israelitas construíram minuciosamente o tabernáculo, e as instruções que Moisés havia recebido no monte Sinai foram seguidas atentamente. Diversas peças foram construídas: (1) o tabernáculo com seus diferentes tecidos, cortinas e partes (Êx 36:8-38); (2) a arca (Êx 37:1-9); (3) a mesa para os pães da proposição (Êx 37:10-16); (4) o candelabro (Êx 37:17-24); (5) o altar do incenso (Êx 37:25-29); (6) o altar do holocausto (Êx 38:1-7); (7) a bacia de bronze (Êx 38:8); (8) o pátio (Êx 38:9-20); e (9) o material usado no tabernáculo (Êx 38:21-31). Êxodo 39 descreve a estola, o peitoral e outras peças das vestimentas sacerdotais.
As cerimônias do tabernáculo expressavam visualmente as verdades do evangelho, ilustrando o plano da redenção divina. As diversas cerimônias retratavam (1) como Deus odeia o pecado e lida com ele; (2) como salva os que se arrependem; (3) qual será o destino dos ímpios; e (4) como o Senhor garantirá uma eternidade gloriosa sem a presença do mal.
Duas cerimônias diferentes, mas intimamente relacionadas, eram realizadas no santuário: uma diária e outra anual. Esse ministério de duas fases ilustrava como Deus lida com o pecado e salva os pecadores. Por meio dos serviços diários do santuário, Deus garantia que os arrependidos teriam seus pecados perdoados e, pela graça, receberiam a salvação. Para receber a salvação, um sacrifício tinha que ser feito, apontando para a morte do Messias, cujo sangue “nos purifica de todo pecado” (1Jo 1:7). A confissão do pecado e a aceitação do manto da justiça de Cristo estavam no centro dessa dádiva (Sl 32:1, 2). Assim, o pecador arrependido recebia a certeza do perdão e se alegrava na salvação.
O serviço anual, no Dia da Expiação, ilustrava como Deus eliminaria o pecado, resolvendo esse problema e garantindo uma eternidade livre do mal (Lv 16; Jo 1:29). Esse ministério de duas fases se cumpre no ministério de Cristo em duas etapas no santuário celestial, onde Ele efetua a obra de Deus em nosso favor (Hb 7:25) e trará a solução final para o problema do mal (Dn 7:13, 14, 22, 27; 8:13, 14; Ap 21:4).
O santuário era o lugar para adorar a Deus e render-Lhe graças. Adorar é desenvolver um relacionamento com Deus, que convida os crentes a desfrutar dessa comunhão.
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4. Leia Êxodo 40. Como os israelitas perceberam a presença de Deus?
O último capítulo de Êxodo descreve a dedicação do tabernáculo, que foi o ponto alto da jornada de Israel no Sinai.
A glória de Deus é Sua santidade, Seu caráter e Sua presença amorosa, que é a própria bondade (Êx 3:5; 33:18, 19). A presença do Senhor encheu o tabernáculo e se manifestou na forma de uma nuvem, a glória da Shekiná. O livro de Êxodo conclui destacando a presença orientadora de Deus, na nuvem durante o dia e na nuvem de fogo à noite. De modo real e poderoso, os hebreus deveriam experimentar não apenas a realidade de Deus, mas também Sua presença próxima e permanente enquanto Ele os guiava.
Moisés armou o tabernáculo no primeiro dia do primeiro mês do segundo ano (Êx 40:2, 17). Ele também consagrou tudo com o óleo da unção, incluindo Arão e seus filhos ao sacerdócio (Êx 40:9, 13-15). Moisés passou pelo lugar santíssimo, o lugar santo e o pátio, dedicando tudo ao Senhor. Por esse processo, inaugurou os serviços do santuário (Nm 7:1). Somente na inauguração do tabernáculo Moisés pôde entrar no lugar santíssimo; depois, só o sumo sacerdote poderia ministrar lá anualmente, no Dia da Expiação (Lv 16:2, 17).
Em três ocasiões, o AT afirma que uma obra foi “acabada”: (1) no fim da semana da criação, quando Deus destacou que Suas obras criativas foram concluídas (Gn 2:1-3); (2) na conclusão do tabernáculo, o texto bíblico declara: “Assim Moisés acabou a obra” (Êx 40:33); e (3) quando Salomão terminou a construção do templo (1Rs 7:51).
Essa conexão entre a criação e o santuário de Israel aponta para uma dimensão cósmica, quando o Senhor habitará com os redimidos na nova Jerusalém, que será o “tabernáculo de Deus” (Ap 21:2, 3; ver Ap 22:1-4).
O momento em que o tabernáculo ficou cheio com a presença de Deus (Êx 40:34) foi o grande clímax dos acontecimentos que começaram com o nascimento de Moisés e continuaram com a derrota dos deuses egípcios durante as dez pragas, a saída do Egito, a derrota do exército egípcio e, por último, a revelação de Deus no monte Sinai.
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5. Como esse versículo compara a encarnação de Cristo com o tabernáculo? Jo 1:14
A encarnação de Jesus é um mistério, bem como uma ciência que os redimidos estudarão por toda a eternidade. O apóstolo João afirma que Cristo, ao tomar sobre Si um corpo humano, veio habitar conosco de uma forma concreta. Ao Se tornar carne, Jesus Se assemelhou ao que Deus fez no AT, quando habitou com os israelitas no tabernáculo do Sinai e no deserto enquanto viajavam para a terra prometida.
Durante Sua encarnação, Jesus armou Seu tabernáculo com a humanidade. Que privilégio indescritível! O Deus eterno desceu até nós, como um de nós, para nos garantir que Ele realmente é Emanuel, “Deus conosco” (Mt 1:23).
Em Mateus 18:20, Jesus disse que se dois ou três estiverem reunidos em Seu nome, Ele estará no meio deles. Cristo está com Seu povo por meio da presença do Espírito Santo. Jesus convida Seus seguidores a estar em relacionamento próximo com Ele: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, Comigo” (Ap 3:20).
6. Leia Apocalipse 21:1-3. O que esse texto nos promete?
A nova Jerusalém descerá do Céu para a Terra. João ouviu uma voz forte que dizia: “Eis o tabernáculo de Deus com os seres humanos. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles e será o Deus deles” (Ap 21:3). Na cidade santa não existe templo (Ap 21:22), “porque o Seu santuário é o Senhor”. O comprimento, a largura e a altura da cidade são iguais (Ap 21:16), assim como acontecia com o lugar santíssimo do santuário terrestre, que tinha o formato de um cubo, com todos os lados iguais. Por toda a eternidade, em um mundo sem pecado, morte ou sofrimento, habitaremos na presença imediata de nosso Deus.
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Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 299-304 (“O tabernáculo e suas cerimônias”).
“A construção do santuário foi precedida por um ato divino de redenção, a saber, a libertação de Israel do poder escravizador do Egito. Esta, por sua vez, foi sucedida pela disposição divina de entrar em um relacionamento de aliança permanente com Seu povo. Ele seria o Deus dos israelitas, e eles se tornariam Seu povo (Êx 6:7). O modo de relacionamento com Ele e uns com os outros foi definido pela lei da aliança. O tabernáculo era, de fato, um lugar de encontro, um local onde Deus e os seres humanos se reuniam. Foi somente após a redenção e o estabelecimento de uma união permanente com o Senhor por meio da aliança que o povo passou a ter acesso a Deus em Sua morada” (Comentário Bíblico Andrews, v. 1, Gênesis a Ester [CPB, 2024], p. 258).
Ellen G. White descreveu o propósito das cerimônias do santuário: “Nos serviços do tabernáculo e do templo que mais tarde tomou seu lugar, o povo era ensinado todos os dias a respeito das grandes verdades relacionadas à morte de Cristo e ao Seu ministério. E, uma vez ao ano, a mente de todos era transportada para os acontecimentos finais do grande conflito entre Cristo e Satanás e para a purificação final do Universo, tanto do pecado quanto de pecadores” (Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 304).
Perguntas para consideração
1. O derramamento de sangue era essencial para os serviços do santuário. Vários tipos de animais eram sacrificados, e o sangue deles era usado em quase todos os rituais do templo. O que o sangue simbolizava, e a que esses sacrifícios apontavam em última análise?
2. É surpreendente que o Criador habitou no santuário no meio do povo. Ainda mais surpreendente é que Ele habitou entre nós como um de nós, tornando-Se humano, numa expressão de amor. Mas Deus fez muito mais: ofereceu-Se como sacrifício pelo pecado, morrendo por nós. O que isso ensina sobre o caráter de Deus e o Seu desejo de nos salvar?
3. Leia Hebreus 8:1-6. O que esse texto nos diz sobre como o santuário terrestre refletia o que Jesus está fazendo por nós agora no santuário celestial?
Respostas às perguntas da semana: 1. A santidade do sábado, que celebra a obra de criação e salvação realizada por Deus. 2. O Senhor chama pessoas para fazer Sua obra e as capacita com o Espírito Santo. 3. Deus Se importa com tudo o que diz respeito à salvação e ao bem-estar espiritual de Seu povo. 4. Quando o tabernáculo foi armado, o Senhor Se revelou visivelmente, mostrando que havia aprovado a construção. 5. Ao tornar-Se homem, Cristo armou Seu tabernáculo entre nós, passando a habitar conosco. 6. Na nova Terra, Deus habitará com Seu povo para sempre.
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TEXTO-CHAVE: Êx 40:34, 48
FOCO DO ESTUDO: Êx 35; 36; 37; 38; 39; 40
ESBOÇO
Introdução: Antes que os israelitas começassem a trabalhar no tabernáculo, ensinamentos e lembretes específicos foram entregues a respeito da guarda do sábado (Êx 35:1-3). Mesmo enquanto trabalhavam no santuário, as pessoas precisavam respeitar e celebrar “o sábado do repouso solene ao Senhor” (Êx 35:2).
Deus deu a Moisés o projeto do tabernáculo, também conhecido como a tenda do encontro, com instruções detalhadas sobre como construí-lo (Êx 25; 26; 27; 28; 29; 30; 31). Chegou o momento de começar sua construção. Primeiro, todo o material necessário foi coletado (Êx 35:4-29; Êx 36:4-7). Em seguida, artesãos (incluindo mulheres, conforme Êx 35:25, 26) foram capacitados pelo Espírito de Deus para trabalhar no santuário com habilidade e destreza artística (Êx 35:30-35; 36:1-4), e a construção teve início. Se incluirmos o trabalho dedicado
nas várias vestimentas, então, ao todo, dez itens principais precisaram ser preparados:
- O tabernáculo (Êx 36:8-38),
- A arca (Êx 37:1-9),
- A mesa (Êx 37:10-16),
- O candelabro (Êx. 37:17-24),
- O altar do incenso (Êx 37:25-28),
- O óleo sagrado para a unção e o incenso aromático (Êx 37:29),
- O altar do holocausto (Êx 38:1-7),
- A bacia de bronze (Êx 38:8),
- O átrio (Êx 38:9-20),
- As vestes sacerdotais, a estola sacerdotal, o peitoral e outras vestes sacerdotais (Êx 39:1-31).
Em Êxodo 38:21-31, o material usado é enumerado (mais de 1 tonelada de ouro, cerca de 3,75 toneladas de prata e cerca de 2,5 toneladas de bronze). O trabalho de construção do tabernáculo foi concluído e verificou-se que tudo foi feito “segundo o Senhor havia ordenado a Moisés”. Essa frase é repetida três vezes para enfatizar precisão e obediência (Êx 39:32, 42, 43). “Moisés examinou toda a obra” e ficou muito satisfeito com o trabalho realizado e abençoou todos os trabalhadores (Êx 39:43).
Depois, o tabernáculo deveria ser montado no primeiro dia do primeiro mês, de acordo com as instruções de Deus (Êx 40:1, 2), o que significava que ele foi erguido quase um ano depois que os israelitas partiram do Egito (Êx 12:2, 6; 40:17). Quando a grande tenda foi concluída, itens específicos foram montados e posicionados tanto dentro quanto fora dela, começando pelo lugar santíssimo e terminando com o pátio. Cada área era separada por uma cortina (três cortinas diferentes são mencionadas em Êx 40:3, 5, 8; e novamente em Êx 40:21, 28, 33).
COMENTÁRIO
A presença de Deus
A presença de Deus é fundamental para os crentes. Seu nome, “EU SOU O QUE SOU” ou “Eu serei quem Eu serei”, revela que Ele é o Deus eterno e onipresente. Quando Deus mesmo explica o significado de Seu nome, Ele enfatiza Sua presença (Êx 3:13-15).
O tema central dessa seção de Êxodo, relacionada ao tabernáculo, é a presença de Deus. O Senhor ordenou que o tabernáculo fosse construído porque desejava habitar de maneira tangível entre Seu povo, no centro de seu acampamento. Deus queria estar próximo dele para que pudesse contemplar Sua glória, a shekinah. Os israelitas eram guiados por Sua presença visível, representada pela nuvem durante o dia, que se transformava em uma coluna de fogo à noite. Quando a nuvem se levantava de cima do tabernáculo, os israelitas se moviam (Êx 40:36-38). Se Deus os abandonasse, eles estariam condenados ao fracasso, à destruição e à morte.
O ponto culminante na construção do tabernáculo foi o fato de que “a glória do SENHOR encheu o tabernáculo” (fato declarado duas vezes para ênfase; Êx 40:34, 35), preenchendo assim o espaço com a nuvem, um sinal visível da presença de Deus. O tabernáculo, repleto da glória de Deus, representa um clímax e uma conclusão perfeitamente adequados para o Livro de Êxodo. Isso deve inspirar as pessoas a cultivar a presença de Deus na própria vida.
Deus já havia demonstrado previamente Sua presença no meio da terra do Egito (Êx 8:20-23). Ele havia tirado Israel do Egito (Êx 12:51) e os resgatado no Mar Vermelho (Êx 14:30, 31). O Senhor providenciou o maná (Êx 16:14, 15) e, por meio do sábado, ensinou-lhes que Ele é seu Criador, que estava com eles. O sábado nada mais é do que “Deus conosco” (Gn 2:2, 3), e Ele promete ao Seu povo que estará com ele onde quer que Seu Nome seja lembrado (Êx 20:24). A presença salvadora de Deus é uma presença orientadora porque, por meio de várias intervenções, Deus ajudou Israel a crescer por meio de Sua presença relacional e transformadora.
Cheios do espírito de Deus
O Senhor não apenas forneceu o projeto para o tabernáculo e pediu aos israelitas que construíssem um santuário, mas Ele “encheu” as pessoas com o Espírito de Deus (Êx 31:3; 35:31), que as capacitou a construí-lo (Êx 31:1-11; 35:30-35; 36:1). O que significa ser cheio do Espírito Santo? O texto bíblico apresenta uma resposta clara: as pessoas estavam cheias de sabedoria e conhecimento e foram dotadas de habilidades, competências e capacidades artísticas para fazer todos os tipos de artesanato e desenhos com metais preciosos, pedras, madeira e tecido na construção do santuário. Assim, nada mágico ou misterioso aconteceu. Nenhum espírito ou poder entrou em uma pessoa; somente o Espírito Santo deu dons espirituais, habilidades ou capacidades artísticas, permitindo o avanço da obra de Deus de proclamar Sua ver-
dade e cumprir Sua missão. No tempo de Moisés, essa dotação aconteceu com Bezalel, Aoliabe e outros artesãos. Quando o Espírito do Senhor enche as pessoas, Ele as capacita a fazer coisas novas por Sua causa.
Essa capacitação também foi verdade quando “o Espírito de Deus veio sobre” pessoas. Tal frase é mencionada na Bíblia pela primeira vez no caso de Balaão (Nm 24:2), o que significa que o Espírito Santo lhe deu uma revelação especial, e ele foi capaz de profetizar. No Livro de Juízes, a frase “o Espírito do Senhor veio sobre” é usada sete vezes para juízes diferentes: Otniel (Jz 3:10), Gideão (Jz 6:34), Jefté (Jz 11:29) e Sansão (Jz 13:24, 25; Jz 14:5, 6, 19; Jz 15:14). Eles foram capacitados a cuidar da obra de Deus, protegê-la e realizá-la. Um significado semelhante está contido na frase sobre ser batizado com o Espírito Santo (Mt 3:11; Mc 1:8; Lc 3:16) ou receber o Espírito Santo (At 2:38).
O santuário terrestre e o santuário celestial
O Senhor ordenou a Moisés que construísse um santuário de acordo com o padrão (em hebraico, tabnit; Êx 25:9) ou plano (em hebraico, mishpat, que significa literalmente juízo; Êx 26:30) que Ele lhe mostrou no monte Sinai. Esse modelo era uma representação em miniatura do santuário celestial, adaptado à nossa condição humana, mas baseado no original celestial (Hb 8:1, 2).
O santuário terrestre não foi construído de acordo com o santuário celestial em uma escala de 1:1 [escala de um por um]. O apóstolo Paulo nos ajuda a entender a vasta diferença entre o santuário celestial e o santuário terrestre. Ele argumentou que os sacerdotes ministravam “em figura e sombra das coisas celestiais” (Hb 8:5) e explica que o ritual do santuário terrestre era apenas uma sombra da realidade celestial. Essa ilustração é muito adequada.
Vamos fazer uma comparação entre uma pessoa e sua sombra. A sombra de uma pessoa é tão real quanto ela; no entanto, a sombra é um reflexo muito pobre do homem ou da mulher. Pode-se saber muito pouco sobre a pessoa com base em sua sombra. A aparência de sua sombra dependerá da posição do sol. Na melhor das hipóteses, a sombra de alguém pode permitir que um observador adivinhe se a pessoa é homem ou mulher, alta ou baixa, gorda ou magra, e especule sobre outras características externas. A sombra de uma pessoa não revelará ao observador a idade da pessoa ou as expressões em seu rosto. A sombra não revela nada sobre os pensamentos, emoções, objetivos, conhecimento, trabalho, posição, sonhos, planos ou decepções de uma pessoa. Esse exemplo é suficiente para mostrar que precisamos ter cuidado para não limitar o santuário celestial ao nosso entendimento, conhecimento e experiência limitados.
O templo celestial original é incomparável em medidas, espaço e materiais. O templo do santuário celestial é um lugar em que Deus reside; é um palácio com Seu trono (Jr 17:12). É um lugar de reunião e adoração para o Universo (Is 14:13). É o centro de comando celestial de onde Seus juízos são promulgados (Sl 11:4, 5; Sl 18:6; Sl 57:3; Sl 76:8; Sl 102:19; Sl 123:1). Assim como Deus é real, os anjos são reais, o Céu é real, e assim também o é o santuário celestial.
Os rituais do santuário terrestre apresentam um aspecto muito importante da salvação ao demonstrar como Deus salva as pessoas de que modo Ele lida com o pecado e os pecadores. O santuário terrestre reflete as principais funções relacionadas ao plano da salvação. Havia serviços diários que ofereciam perdão e garantia de salvação a um crente individual. Os serviços anuais retratavam a solução final e objetiva para o problema do pecado: o mal não existirá mais e será totalmente erradicado. Como resultado, o caráter de amor, verdade e justiça de Deus era exaltado, vindicado e afirmado por todo o Universo porque Ele revelou e demonstrou abertamente Seu amor. Todas as criaturas reconhecerão Sua glória, soberania e poder. Ele é digno do louvor de todos os seres por Sua bondade e justiça, e cada pessoa se curvará diante Dele em total admiração (Fp 2:9, 10; Ap 15:4). Todos, sem exceção, proclamarão que Deus é amor.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
1. Deus destaca algum pré-requisito que deve ser cumprido para que possamos receber o dom do Espírito Santo? Observe atentamente a declaração de Pedro em seu sermão no Pentecostes: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos seus pecados, e vocês receberão o dom do Espírito Santo” (At 2:38). O que essa promessa significa para você?
2. Muitos oram pelo Espírito Santo com o desejo de possuí-Lo ou tê-Lo para si. Na verdade, o Espírito Santo é quem deve nos possuir, para que Ele possa nos usar. Ele nos capacita para o serviço. Lembre-se de que todo crente recebe ao menos um dom espiritual para servir aos outros. Qual dom você recebeu de Deus? De quais dons espirituais você precisa para ser mais útil a Deus, à Sua igreja e à sociedade em geral?
3. Como podemos cultivar a presença de Deus em nossa vida? Quais atividades podem impedir, ou tirar de nós, a alegria de Sua presença?
4. Por que é tão essencial erradicar o pecado e o mal de nossa Terra para restaurar a harmonia original? Seria possível controlar o mal se Deus permitisse que ele existisse indefinidamente, sem eliminá-lo? Explique. Se o mal é autodestrutivo, por quanto tempo ele continuaria existindo sem a intervenção de Deus para destruí-lo?
Hospital muda vidas
Zâmbia | Hospital Adventista Chitanda Lumamba
Nota do editor: Um dos projetos deste trimestre é construir uma cozinha e uma lavanderia para o Hospital Adventista Chitanda Lumamba em Chibombo, Zâmbia. Aqui está uma visão interna do hospital.
O Hospital Adventista de Chitanda Lumamba está localizado em uma comunidade rural da Zâmbia, onde as pessoas vivem em casas de palha e usam poços e banheiros externos. A maioria é de agricultores sazonais que plantam milho na estação das chuvas, mas apenas o suficiente para uso pessoal. Eles não têm muita renda extra. As taxas de alcoolismo e gravidez na adolescência são altas. O transporte público consiste principalmente em caminhões pequenos e grandes que transportam passageiros na parte traseira. Ônibus ou táxis são raros. Muitas vezes, as pessoas simplesmente caminham. Antes da abertura do hospital adventista, a comunidade tinha apenas uma pequena clínica que oferecia o essencial. Em um cenário ideal, a clínica teria uma ambulância para buscar os pacientes. Mas nessa região, havia apenas uma ambulância que era compartilhada por várias clínicas pequenas. A ambulância não podia ser chamada para a casa de ninguém. O paciente tinha de encontrar uma maneira de ir até a clínica. Em seguida, a clínica chamava a ambulância para levar o paciente ao hospital mais próximo, localizado a 90 quilômetros de distância. Mas, primeiro, a clínica tinha que ligar para encontrar a ambulância. Se a ambulância já estivesse lotada, o paciente tinha de esperar seis horas, 12 horas ou até um dia para conseguir uma carona até o hospital. Como resultado, alguns pacientes caminhavam 90 quilômetros até o hospital.
“O hospital já está provando ser um farol de esperança na comunidade”, disse Mwate. "Nossa presença, e se formos capazes de oferecer cuidados médicos um pouco mais avançados, contribuirá significativamente para aliviar o sofrimento naquele local", disse ela.
Antes da inauguração do hospital adventista, o cenário comum era que uma gestante chegasse à clínica local e a clínica chamasse uma ambulância. Então, a gestante teria de esperar muitas horas ou até o dia seguinte para ser atendida. Mesmo agora que o hospital adventista está aberto, os pacientes não chegam necessariamente em uma ambulância. O hospital compartilha uma ambulância com todas as clínicas do distrito. Certa vez, uma mulher foi trazida em um carro de boi para o hospital adventista. Ela estava em trabalho de parto e acompanhada por meia dúzia de membros da família. Em Zâmbia, os pacientes geralmente são acompanhados ao hospital por vários parentes. A futura mãe ficou feliz ao descobrir que o hospital adventista estava aberto e que havia um médico disponível. Ela não teria que esperar para ser enviada ao hospital mais distante. A equipe médica adventista realizou o parto do bebê com sucesso, embora o nascimento tenha exigido um procedimento complicado. Depois disso, a nova mãe pôde voltar facilmente para sua casa nas proximidades. A nova mãe e sua família ficaram muito gratas pelo hospital adventista. "Isso economizou muito tempo e dinheiro", disse um membro da família. "Quando você vai à clínica, tem que sentar e esperar que alguém faça uma ligação e que a ambulância venha buscá-la." Cerca de 200 bebês nascem todos os meses na pequena maternidade do hospital. Em outra ocasião, um menino de 5 anos foi hospitalizado com a perna engessada. Sua mãe expressou gratidão pelo fato de seu filho poder ficar no hospital.
"O hospital tem uma aparência melhor e oferece serviços melhores do que os que tínhamos antes", disse ela. "Antes, tínhamos apenas uma pequena clínica onde tínhamos que esperar muito tempo para sermos atendidos. A clínica nos mandava para casa imediatamente com a perna engessada. Depois, teríamos de voltar no dia seguinte e todos os dias seguintes para fazer exames. Mas no hospital, meu filho pôde ficar para tratamento até que a perna se curasse e ele pudesse voltar para casa." O Hospital Adventista de Chitanda Lumamba está atendendo a uma necessidade importante da comunidade e espera fazer muito mais. Suas prioridades agora são uma cozinha e uma lavanderia. É necessária uma cozinha adequada para preparar alimentos saudáveis, não apenas para os pacientes, mas também para os parentes que os acompanham ao hospital. Atualmente, a lavanderia é feita à mão, e a aquisição de máquinas de lavar e secadoras melhorará o atendimento aos pacientes. Mwate Mwambazi é pediatra e diretora do ministério da saúde da União do Norte da Zâmbia, onde o hospital está localizado. "Agora estamos abertos, mas estamos precisando muito de ajuda", disse ela.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
• Mostrar a Zâmbia no mapa. Em seguida, mostre Chibombo, onde o hospital está localizado, cerca de 100 quilômetros ao norte da capital, Lusaka.
• Pronuncie Mwate Mwambazi como: MUA-ti MUAM-bazi
• Pronuncie Hakainde Hichilema como: HAI-kaan-dia HI-chuh-leh-muh.
• Assista a um curto vídeo no YouTube sobre Mwate Mwambazi em: bit.ly/Mwate-SID.
• Baixe fotos desta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.
• Compartilhe as postagens do Informativo Mundial das Missões e os fatos rápidos da Divisão Africana do Sul e do Oceano Índico: bit.ly/sid-2025.
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2025
Tema geral: “O livro de Êxodo”
Lição 13 – 20 a 26 de setembro
O tabernáculo
Autor: Felipe A. Masotti
Editor: Lucas Diemer de Lemos
Revisora: Rosemara Santos
Algumas lições atrás, estudamos a forma como o Senhor proveu um elemento perpetuador da experiência do Sinai ao Seu povo, permitindo com o santuário que a experiência pactual da nação continuasse um processo vivo para as futuras gerações. Nesta semana, estudaremos Êxodo 35 a 40. Estes capítulos descrevem o processo final da libertação divina, retirar o Egito, o mal, do coração dos israelitas.
O sinal e o mal
O evento do bezerro dourado inseriu uma cunha no relacionamento entre Deus e Seu povo. Amedrontado ante a possibilidade de um Deus ausente durante a caminhada rumo à Terra Prometida, Moisés foi capaz de reverter o cenário sombrio que pairava sobre Israel. Contudo, somente após a renovação da aliança (Êx 34) Deus permitiu a retomada dos assuntos que eram tratados em reunião pessoal com Moisés (Êx 31). Sugestivamente, Êxodo 35:1 a 3 retoma a conversa do ponto em que ela havia sido abandonada em 31:12 a 18. Assim, o retorno às estipulações sobre a guarda do sábado neste ponto tece direta conexão com 31:15, o sétimo dia da recriação do santuário. A partir deste ponto, o santuário passaria a responder a uma realidade ainda mais profunda para o adorador israelita, provendo-lhe um caminho ritualmente normalizador para a vida dentro da aliança com o Senhor.
O pecado é parasitário, residual e material. Essa realidade é patente no texto bíblico e expressiva nas narrativas do livro de Êxodo. O capítulo 32 do livro deixa claro que a presença de Deus não pode coexistir com a obstinação não santificada de seres humanos. Assim, a construção do santuário no momento imediatamente posterior ao perdão da nação e decisão divina em seguir curso com o povo estabeleceu o prédio como uma instituição ritual capaz de trazer harmonia à disparidade natural no relacionamento entre a humanidade e Deus. Obviamente, um Ser Santo Se veria envolto em constantes problemas com Seus vassalos pecadores, dada a tendência ao mal de seus corações. Portanto, um ritual substitutivo garantiria reparação em lugar de destruição, recomeço em vez de desenlace.
Sabedoria e presença divina
Êxodo 35:4 a 36:7 contém admiráveis lições sobre perdão, reparação e recomeço. Esses versos descrevem uma nação consciente de sua responsabilidade com as coisas de Deus. A passagem narra a entrega generosa e espontânea de bens materiais (Êx 35:20-29) e de dons imateriais (Êx 35:30-35). Expressiva é a utilização do termo hokhma (“sabedoria”) pela passagem. Êxodo 35:30 e 36:2 qualificam Bezalel e Aoliabe, juntamente a todos os que auxiliaram na construção do Santuário, como sábios. Sabedoria no AT não é uma qualidade exclusiva dos estudiosos e doutos em filosofia. O termo pode ser aplicado a várias atividades humanas, como habilidades artísticas (Êx 31:3-5), trabalho com tapeçaria e costura (Êx 35:35), trabalhos manuais (2Sm 13:3), pragmatismo político (1Rs 2:6), lamentação profissional (Jr 9:17) e viajantes e construtores de barco (Ez 27:8, 9). Aparentemente, esse é um dom divino reservado para quaisquer esferas da vida humana, desde que alinhadas à guia de Deus. Em Êxodo, sabedoria é uma qualidade liberalmente concedida a todos os que executam Seus propósitos: “Também dei habilidade (hokhma) a todos os homens hábeis (hokhma), para que me façam tudo o que tenho ordenado” (Êx 31:6).
Êxodo 36:8 a 39:41 contém o momento mais solene das atividades realizadas por seres humanos no livro. A liderança de Moisés deu lugar ao trabalho do povo, naquela ocasião santificado pela comunicação de dons divinos que os capacitavam. Na construção do templo, lemos o verdadeiro significado do sacerdócio de todos os santos, entalhado em cada representação artística do tabernáculo e em cada doação voluntária que o ocasionou. Em seu contexto imediato, a obra da casa de Deus celebrava o perdão divino, Sua decisão em aceitar um povo rebelde em busca de perdão e capacitá-lo para preparar Sua casa. O principal propósito das ações divinas esteve muito perto de ocorrer nesse estágio. Deus estava próximo de retirar o Egito do coração de Seu povo.
O AT tem uma forma particular para apontar para a fidelidade de uma pessoa. Êxodo 40:16 utiliza essa forma ao afirmar que “Moisés fez tudo conforme o Senhor lhe mandou”. Essa afirmação se contrasta com o fato de Deus ter pedido que o povo participasse diretamente da construção da casa. Esse contraste pode indicar que, embora Moisés não tenha sido o construtor do tabernáculo, ele atuou como uma espécie de supervisor.
Êxodo 40 descreve o comando para que Moisés monte o santuário e a entrada da glória divina em seus precintos. Os versos iniciais (v. 2-8) são apropriadamente breves, pois a construção e organização da tenda foi repetida várias vezes no livro (Êx 25–27; 30–31; 35–39). A seção seguinte (v. 9-11) aponta para a necessidade de unção da mobília e instrumentos da tenda, ação que havia sido prescrita em Êxodo 29:36 e 30:25 a 29. A unção era um símbolo de pureza, separação e santidade, indicando que aquele local passaria a ser inteiramente reservado ao sagrado. Como a geografia de maior exclusividade, aqueles que ali servissem também seriam consagrados ao Senhor. A ordem dada em Êxodo 40:12 a 15 corresponde ao registro histórico de Levítico 8. O fraseado divino, contudo, parece se referir a algo superior: “sua unção lhes será por sacerdócio perpétuo de geração em geração” (Êx 40:15). A eternidade do sacerdócio araônico apontava para aspectos universais e antitípicos de sua ministração no santuário.
A menção à precisa data em que a casa de Deus foi armada é de suma importância para o projeto de libertação descrito no livro. Êxodo 40:17 afirma que o santuário de Deus na terra foi montado no dia primeiro do segundo ano de história de Israel como nação. Embora não haja informação direta sobre planos para que esse dia fosse propositalmente utilizado para o evento, dificilmente a data foi fruto do acaso. Moisés, sob a orientação do Senhor, potencialmente escolheu o dia para indicar o começo de uma nova era. A partir deste ponto a presença de Deus, a maior bênção já concedida a mortais, habitaria com o povo. O primeiro mês passaria a ser não apenas o período de comemoração do ato de libertação do Egito através da Páscoa, mas também um sinal de que o Senhor continuaria operando essa salvação no coração do povo através de Seu tabernáculo. A presença de Deus perdoa, cura, renova e santifica.
Séculos mais tarde, a mesma glória que encheu o templo ante a expectação de um povo redimido (Êx 40:34-38) visitaria os descendentes daquela geração. Como seus pais, a materialidade, o parasitismo e os resíduos do mal ainda seriam um grande problema para eles. Contudo, a visita encarnada da Glória viria morar com eles. O Senhor Jesus “tabernacularia” (ou armaria Seu tabernáculo) com Seu povo e mostraria Sua glória, cheia de “graça e verdade” (Jo 1:14), para dar o privilégio a todos os que o recebem “de serem feitos filhos de Deus” (Jo 1:12).
Referências:
DAVIDSON, R. M. A Song for the Sanctuary: Experiencing God’s Presence in Shadow and Reality. Biblical Research Institute, 2022.
DOUKHAN, J. B., e DAVIDSON, R. M. Genesis and Exodus. SDAIBC 1. Pacific Press, 2025.
HASEL, M. G. Êxodo. Em Comentário Bíblico Andrews. CPB, 2024.
SARNA, N. M., Exodus. JPSTC. JPS, 1991.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Felipe A. Masotti é pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Formou-se em Teologia pelo UNASP-EC em 2008, atuando posteriormente como capelão do Colégio Curitibano Adventista Bom Retiro e pastor de jovens na Igreja Central de Curitiba. É mestre em interpretação bíblica pelo UNASP-EC e doutor (Ph.D.) em Teologia do Antigo Testamento pela Andrews University. Desde 2020, é professor de Antigo Testamento no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (SALT), no campus da Faculdade Adventista do Paraná (FAP). Felipe é autor, coeditor e coautor de várias obras, incluindo Daniel: Interpretação, História e Teologia (CPB), But the Wise Shall Understand (Mohr Siebeck) e Exploring the Composition of the Pentateuch (Eisenbrauns). É casado com Camila Masotti, também professora na FAP, e pai de Miguel e Helena.