Terça-feira
14 de outubro
IMIGRANTES
Porque tive fome, e vocês Me deram de comer; tive sede, e vocês Me deram de beber; Eu era forasteiro, e vocês Me hospedaram. Mateus 25:35

Foi em uma quinta-feira, 28 de dezembro de 2023, que os funcionários do aeroporto de Orly, em Paris, tomaram um susto ao encontrar no compartimento do trem de pouso de um avião, um jovem de 20 anos completamente congelado. Apresentando ainda sinais vitais, ele foi encaminhado para o hospital em estado grave de hipotermia.

Em pleno inverno, ele tentava clandestinamente viajar da Argélia para a França. Devido ao ambiente não pressurizado, ele enfrentou falta de oxigênio e temperaturas congelantes de -60 oC durante um voo de duas horas e meia. Foi um verdadeiro milagre que ele ainda estivesse vivo.

A loucura não era inédita. Vez ou outra ouvimos casos com menos sorte do que o do argelino. Em 2019, um deles despencou de um avião que sobrevoava o sudoeste de Londres. Seu corpo caiu no jardim de uma casa e por pouco não atingiu o proprietário.

Não endosso, mas também não julgo as motivações. Escassez, guerra e fome levam muitos a fazerem de tudo para escapar do sofrimento. São histórias tristes que lembram José e Maria fugindo para o Egito por causa de Herodes. Por outro lado, a vida não leva em conta as intenções desesperadas. A natureza não ameniza o trajeto para facilitar o êxito de um necessitado, diferenciando-o de um bandido em fuga.

Muitos estão cientes dos riscos que enfrentam, mas a necessidade os levou a isso. Conheci refugiados no Líbano que viveram um inferno para fugir da guerra na Síria. O dilema se resume entre morrer em casa ou morrer na fuga. Nesse caso, a segunda opção é menos terrível, pois, além da possibilidade de sobreviver como refugiado, evita-se a morte sob tortura, tão comum em regimes ditatoriais.

O devocional de hoje visa conscientizar sobre uma triste realidade que, por estar distante, poucos conhecem. Por isso, nossas orações e nossa ajuda aos órgãos de assistência, como a ADRA, Winners, Cruz Vermelha e outros, são muito bem-vindas. Por serem pessoas desconhecidas, os refugiados podem não ter um nome ou um rosto para nós, mas são filhos e filhas de Deus. Jesus disse: “Em verdade lhes digo que, sempre que o fizeram a um destes Meus pequeninos irmãos, foi a Mim que o fizeram” (Mt 25:40).