Dizem que foi o controverso São Bernardo de Claraval, um teólogo místico da Idade Média, que disse pela primeira vez a frase: “De boas intenções, o inferno está cheio.” Seja dele ou não, ela encerra a mesma verdade apresentada nos versículos de hoje. Assim como a intenção de ir à academia não modela o corpo e a intenção de estudar não prepara ninguém para uma prova, a intenção de fazer o bem, sem atitude, é uma desonra a Deus.
Muitos pensam que o princípio da mordomia cristã refere-se apenas à entrega de dízimos e ofertas na igreja. No entanto, ser mordomos de Cristo significa trabalhar para o reino de Deus cuidando do que Ele deixou. Assim como Adão e Eva deveriam cuidar do jardim do Éden, nós devemos cuidar do planeta e dos seres que habitam nele.
Haverá o dia em que Deus virá, conforme diz o Apocalipse, “destruir os que destroem a Terra” (Ap 11:18). Neste ínterim, somos tentados a questionar por que Deus não faz nada diante das tragédias do mundo. Aí me lembro de uma anedota dos personagens Calvin e Haroldo, um tigre de
pelúcia. Em uma das tirinhas, o menino Calvin e o tigre estão conversando, enquanto olham para as estrelas. Então, Calvin pergunta:
– Por que Deus não faz nada para acabar com a fome no mundo?
Haroldo responde:
– Não tenho coragem de fazer esse tipo de pergunta a Ele.
– Por quê? – indaga Calvin.
– Tenho medo de que Ele me pergunte a mesma coisa de volta.
Isso me faz lembrar de um poema de Carlos Drummond de Andrade que dizia: “Meu Deus, por que me abandonaste, se sabias que eu não era Deus, se sabias que eu era fraco.” Tomo a ousadia de parafrasear o gênio e dizer: “Irmão, por que me abandonaste, se sabias que eu era humano como você, se sabias que eu era fraco como você e precisava de sua ajuda!”
O Criador não precisa de mim para realizar Seus planos, mas uma vez que Ele me chama, seria tolice rejeitar a oportunidade única de trabalhar ao lado Dele. Quer uma sugestão? Coloque em prática as boas intenções.