Sábado
15 de novembro
DESEJO DE POSSUIR
Porque, onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração. Mateus 6:21

Ontem vimos que, com o capitalismo e a Revolução Industrial, o que antes era consumo, hoje se tornou consumismo e, embora não seja pecado adquirir bens, devemos tomar cuidado para que as posses não nos dominem, tornando-se um deus em nossa vida.

Jean Baudrillard foi um sociólogo francês que escreveu sobre a chamada “sociedade de consumo”. Ele concluiu que a busca frenética para obter coisas é mais do que uma onda capitalista; ela representa o sinal visível, porém inconsciente, de uma carência maior. É claro que Baudrillard não chama essa carência de “Deus”, mas sua descrição coincide com uma caracterização divina. Para o sociólogo, os objetos do consumo são uma forma de oferecer ao sujeito carente de afeto uma realização cósmica de ter, ostentar e distinguir-se dos demais.

A renovação desses mesmos bens surge por causa da efemeridade das coisas e do vazio que pretendem preencher. Por isso, os produtos são descartados, atualizados e readquiridos a fim de oferecer uma autorrealização provisória para uma carência que é eterna. O processo, na verdade, termina sendo um jogo de manipulações, em que uma ilusão é trocada por outra mais atualizada.

Veja o modo como ele descreve tudo isso: “Não compramos objetos para possuí-los, e sim para destruí-los. A cada nova compra já estamos pensando na próxima. A efemeridade da moda acaba funcionando como antídoto para curar a ansiedade e saciar em pequenas porções a sede de
emoções. A cada semana, uma nova coleção na vitrine, a cada dia um novo capítulo na novela das oito, a cada seis meses a nova versão do carro do ano […]. Somos todos, então, atores no ‘teatro’ do consumo” (A Sociedade de Consumo, p. 16).

Já percebeu como as propagandas mostram um mundo distante da realidade? A família ideal, o carro dos sonhos, a bebida que dá asas… Em meio a tantas propostas de um “paraíso alternativo”, precisamos colocar Deus em primeiro lugar, a fim de que nossas posses sejam bênçãos e não algemas que escravizam no eterno vício de ter sem o prazer de possuir.