Domingo
16 de novembro
TUDO SE TRANSFORMA?
E Aquele que estava sentado no trono disse: “Eis que faço novas todas as coisas.” E acrescentou: “Escreva, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.” Apocalipse 21:5

Antoine Lavoisier, o fundador da Química moderna, tentou resolver o mistério da existência com a frase: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” Esse enunciado, na verdade, não é dele, mas do poeta latino Tito Lucrécio Caro (c. 99-55 a.C.), que, por sua vez, baseou-se nas ideias do filósofo grego Epicuro (341-270 a.C.).

Para esses autores, o Universo seria eterno e Deus desnecessário. Tanto que, para os céticos das antigas Grécia e Roma, os deuses, à semelhança dos seres humanos, eram filhos do cosmo e não criadores dele. Quanto a Lavoisier, os biógrafos não debatem se ele era ou não um descrente.

O fato é que, na concepção do cientista francês, se Deus existe, Ele não seria o Criador, mas apenas uma peça da eterna engrenagem cósmica. Sua proposta era uma espécie de panteísmo químico: Deus e os demais seres se misturaram em uma só substância; um elemento se uniu com outro, criando moléculas, organismos complexos e assim por diante.

Nesse sentido, a morte não é outra coisa senão a separação dos elementos que passam a se juntar em outro formato e continuam existindo. Ou seja, a substância que forma nosso corpo sempre existiu, só que em outros formatos. Ela está unida temporariamente e, quando se separar,
nossa forma presente deixará de existir.

Em uma mistura de espiritualidade e materialismo, é como se dissessem que a morte não é nosso fim e o nascimento não foi nosso começo. Assim como éramos uma coisa diferente do que nos tornamos depois de nascer, continuaremos “vivos” em outra forma de existência.

Muitos ateus usam essa ideia como forma de conviver com a realidade da morte. Lembro-me de uma professora da USP escrevendo para um dos colegas que havia perdido sua mãe: “Console-se com a certeza de que agora ela cumpriu seu dever e se ajuntou à mesma realidade de seus ancestrais.”

O problema a meu ver é: Onde fica nossa consciência nesse processo? Seria ela uma ilusão? Certamente não. Somos seres pensantes que almejam a eternidade, e isso é real. Nada além das promessas bíblicas pode corresponder à nossa sede existencial. Você tem se firmado nessas promessas?