Benjamin Zander, diretor musical da Orquestra Filarmônica de Boston, ministrou uma aula de interpretação musical. Percebendo a ansiedade dos alunos diante da avaliação de seu desempenho, para deixá-los à vontade e incentivar seu máximo potencial, ele anunciou no primeiro dia que todos receberiam nota 10. Segundo ele, essa nota não era uma expectativa a ser cumprida, “mas uma possibilidade a ser vivida”. O único requisito era que escrevessem uma carta nas duas primeiras semanas do semestre que tivesse a data do fim das aulas, explicando por que eles mereciam aquela nota.
O livro de Josué trata de novas possibilidades. Moisés, que liderou Israel por 40 anos, estava agora no passado. A saída do Egito e as peregrinações, marca das por rebelião e teimosia, haviam terminado. Uma nova geração, disposta a obedecer a Deus, estava pronta para entrar na Terra Prometida, não como uma expectativa a ser cumprida, mas como uma possibilidade a ser vivida.
Durante esta semana vamos estudar a maneira como Deus abriu um novo capítulo na vida de Israel e como Ele pode fazer o mesmo em nossa própria vida.
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1. Leia Deuteronômio 18:15-22; Josué 1:1-9. Por que é relevante que o livro de Josué comece lembrando uma promessa relacionada ao que aconteceria após a morte de Moisés?
Embora Moisés tivesse morrido e Josué fosse o novo líder nomeado por Deus, existem paralelos entre eles. Ambos receberam a missão divina de conduzir Seu povo à terra que havia sido prometida aos seus antepassados. Como o Senhor disse a Josué: “Todo lugar em que puserem a planta do pé Eu darei a vocês, como prometi a Moisés” (Js 1:3). Josué terminaria o trabalho que havia sido originalmente dado a Moisés. Ele era, de fato, um novo Moisés.
2. Leia Êxodo 33:11; Números 14:6, 30, 38; 27:18; 32:12; Deuteronômio 1:38; 31:23; 34:9. O que esses textos nos dizem sobre Josué?
Nesse momento da história, a promessa de que Deus levantaria um pro-feta semelhante a Moisés (Dt 18:15) ainda era uma possibilidade, não uma realidade consumada. As palavras de abertura do livro de Josué lembram o leitor dessa promessa e, ao mesmo tempo, criam uma expectativa de seu cumprimento.
Embora tivesse morrido, Moisés ainda ocupa grande parte do primeiro capítulo. Seu nome é citado dez vezes, enquanto o de Josué apenas quatro. Moisés é chamado de “servo do Senhor”, enquanto Josué é referido como o “auxiliar de Moisés” (Js 1:1) Levaria uma vida inteira de obediência e ser-viço fiel para que Josué recebesse o título de “servo do Senhor” (Js 24:29).
Mesmo que o primeiro capítulo de Josué apresente a transição entre dois grandes líderes de Israel, o personagem mais importante é o próprio Senhor, cujas palavras abrem o livro e cuja direção é o seu tema principal. Não há dúvidas sobre quem é o verdadeiro Líder de Israel.
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3. Leia Josué 1. O que esse primeiro capítulo nos mostra sobre como o livro de Josué está dividido?
O primeiro capítulo de Josué serve como uma introdução a todo o livro. Ele está dividido em quatro partes, que correspondem às quatro seções principais do livro: travessia (Js 1:2-9), conquista (Js 1:10, 11), divisão da terra (Js 1:12-15) e serviço por meio da obediência à lei (Js 1:16-18).
Podemos ver o livro de Josué como uma série de iniciativas divinas. Em cada uma, Deus confia a Josué uma tarefa específica relacionada à conquista de Canaã, e cada tarefa, ao ser concluída com sucesso, é reconhecida mais tarde no livro.
No fim, as promessas de Deus a respeito da ocupação da Terra Prometida seriam cumpridas. A partir daí, a responsabilidade de manter a terra estava nas mãos dos israelitas e só poderia ser realizada pela fé verdadeira e pela obediência que dela resulta.
As iniciativas de Deus são expressas por três verbos: cruzar, tomar e dividir. Cada uma dessas iniciativas recebe a resposta adequada na obediência do povo, que deriva da iniciativa final: o serviço.
O livro de Josué possui quatro seções principais, e em cada uma delas um conceito específico é destacado pela presença de uma palavra hebraica:
(1) Atravessar (Js 1:1–5:12).
(2) Tomar (Js 5:13–12:24).
(3) Dividir (Js 13:1–21:45).
(4) Servir (Js 22:1–24:33).
A estrutura do livro transmite sua mensagem principal: as iniciativas de Deus não se realizam de forma imediata e automática e exigem a resposta fiel de Seu povo. Diante de tudo o que Deus fez por nós – incluindo tudo o que não podemos fazer por nós mesmos –, somos chamados a responder com obediência. Foi assim que sempre aconteceu em toda a história sagrada, e continua assim hoje. A descrição do povo de Deus no tempo do fim, em Apocalipse 14:12, transmite a mesma ideia: a fé no que Deus fez por nós deve nos levar à obediência.
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Em Josué 1:2, o Senhor disse ao líder de Israel que daria a terra a eles. Por outro lado, no verso seguinte, o texto hebraico indica que Deus já a havia concedido. Como entender isso?
A Terra Prometida era uma dádiva do Senhor, o seu verdadeiro dono. Em Josué 1:2 e 3, encontramos duas formas diferentes do verbo “dar”, que revelam dois aspectos importantes da herança da terra. A primeira forma expressa o processo de dar a terra. Apenas os territórios da Transjordânia haviam sido ocupados por Israel. A maior parte da Terra Prometida ainda não havia sido tomada.
Em Josué 1:3, o verbo é usado em sua forma verbal perfeita, dando a impressão de que a terra já havia sido dada a eles. Quando Deus é o sujeito de tais ações, a forma gramatical é chamada de “perfeito profético”: o que Deus promete em Sua Palavra é tão seguro que podemos confiar nisso como se essa realidade já tivesse se cumprido.
O verso 3 utiliza palavras no plural: “puserem”; “vocês”. Portanto, a promessa não era dada apenas a Josué, mas a cada um do povo de Israel. E o fato de que Deus havia feito essa promessa a Moisés mostra que Deus estava dando continuidade às Suas ações.
Além disso, o termo hebraico kol (traduzido como “todo”, “toda”, “todos”) é repetido várias vezes no primeiro capítulo, expressando a totalidade e integridade essenciais para atingir o propósito dado a Josué. O sucesso na conquista futura da Terra Prometida dependia de um alinhamento perfeito entre Deus, Josué e o povo de Israel.
4. Leia Josué 1:4-6 e Hebreus 6:17, 18. Naquele momento, a Terra Prometida era apenas uma promessa, mas Deus a chamava de herança. O que significa ser herdeiro das promessas de Deus?
As promessas de Deus não são algo mágico ou místico. Elas não têm, em si mesmas, o poder de garantir seu próprio cumprimento. A garantia de que elas se tornarão realidade está na presença de Deus, que diz: “Estarei com você” (Js 1:5). De fato, a presença do Senhor foi essencial para a sobrevivência de Israel. Sem ela, os israelitas seriam apenas mais uma nação dentre muitas – sem chamado, identidade ou missão especial (Êx 33:12-16). A presença do Senhor era tudo de que Josué precisava para ser bem-sucedido.
Hoje a realidade continua sendo a mesma, e é por isso que Jesus nos faz a promessa de Mateus 28:20.
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5. Leia Josué 1:7-9. Por que o Senhor repetiu duas vezes a Josué a necessidade de ser forte e corajoso?
A tarefa diante de Josué envolvia desafios que pareciam insuperáveis. As muralhas das cidades de Canaã pareciam impenetráveis, e a popula-ção dessa terra estava preparada para a guerra. Por outro lado, os israelitas, simples nômades, não possuíam nem mesmo as máquinas de guerra mais primitivas para enfrentar as muralhas fortificadas. Os registros históricos nos mostram que nem mesmo o Egito, a maior potência da época, era capaz de dominar Canaã permanentemente.
No entanto, o chamado para que Josué fosse forte e corajoso não estava relacionado apenas às estratégias de guerra. Força e coragem eram necessá-rias para permanecer fiel à Torá e seus requisitos específicos, que definiam a aliança de Israel com Yahweh, o Senhor.
6. Leia Efésios 6:10-18. Mesmo sem participar de combates militares, como po-demos aplicar as palavras de encorajamento dadas a Josué em nossas lutas espirituais diárias?
Hoje, ao cumprir a missão que Cristo nos confiou, enfrentamos desa-fios semelhantes aos de Josué: precisamos travar uma guerra contra nos-sas próprias tendências pecaminosas e contra os poderes e as autoridades espirituais deste mundo de trevas. Assim como Josué, temos a garantia da presença de Cristo: “Eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28:20). Assim como a presença do Senhor foi suficiente para afastar todos os medos de Josué, também deve ser suficiente para banir nossas dúvidas e ansiedades hoje.
Nosso desafio é conhecer o Senhor o suficiente para confiar Nele e nas promessas que Ele nos faz. E é por isso que, mais do que qualquer outra coisa, precisamos de um profundo relacionamento pessoal com Ele.
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7. Leia Josué 1:7-9; Gênesis 24:40; Isaías 53:10 e Salmo 1:1-3. Com base nesses textos, o que significa prosperar e ser bem-sucedido?
O termo hebraico tsalakh, “próspero” (ver Js 1:8), significa realizar de maneira satisfatória aquilo que foi planejado ou viver um estado de circunstâncias favoráveis.
O termo sakal, “bem-sucedido” (Js 1:8), também pode significar “ser prudente” ou “agir sabiamente”. Ocorre frequentemente em Jó, Provérbios e Salmos, onde a noção de sucesso está intimamente ligada a agir com sabedoria, temendo a Deus e obedecendo à Sua Palavra.
Nessa percepção, o sucesso não é necessariamente definido como ter prosperidade material, embora não a exclua. O verdadeiro sucesso é viver em harmonia com os valores e princípios espirituais que estão na base do mundo criado por Deus e que são expressos em Sua lei.
De fato, confiar nas promessas de Deus, especialmente na salvação pela fé somente, e obedecer à Sua lei não se opõem um ao outro. Representam dois aspectos da vida cristã.
8. Leia Romanos 3:31. O que esse texto diz sobre a relação entre lei e fé?
Pensar que a fé na morte expiatória e sacrifical de Jesus em nosso favor se opõe à obediência à lei de Deus é uma ideia falsa e perigosa. Lei e graça sempre andam juntas. Apenas uma compreensão superficial do papel da lei pode levar à conclusão de que lei e graça são opostas.
Os escritores do AT tinham grande respeito pela lei e a consideravam uma fonte de prazer (Sl 1:2; 119:70, 77, 174). Quando entendemos e utilizamos a lei corretamente, temos uma compreensão mais profunda de nossa própria pecaminosidade (Rm 7:7) e necessidade da justiça de Cristo (Gl 3:24).
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Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 420, 421 (“A travessia do Jordão”); História da Redenção, p. 125 (“Entrando na Terra Prometida”).
“Em Suas promessas e advertências, Jesus Se dirige a mim. Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito, para que eu, crendo, não pereça, mas tenha a vida eterna (ver Jo 3:16). As experiências relata-das na Palavra de Deus devem ser minhas experiências. Orações e promes-sas, mandamentos e advertências pertencem a mim. [...] À medida que a fé assim recebe e assimila os princípios da verdade, eles se tornam parte do próprio ser e a força motriz da vida. A Palavra de Deus, recebida no cora-ção, molda os pensamentos e entra no desenvolvimento do caráter” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 307, grifo no original).
“Não há um ponto que necessite ser enfatizado com mais diligência, repetido com mais frequência ou estabelecido com mais firmeza na mente de todos do que a impossibilidade de o ser humano caído merecer alguma coisa pelas próprias e melhores boas obras. A salvação é unicamente pela fé em Jesus Cristo” (Ellen G. White, Fé e Obras [CPB, 2024], p. 12).
Perguntas para consideração
1. Mesmo que as circunstâncias da vida e das experiências de Josué sejam diferentes das nossas, que princípios espirituais podemos aprender com sua vida? Por que, apesar disso, sempre devemos nos lembrar do contexto original ao tirar lições para nós?
2. Qual é a relação entre as promessas de Deus e nossa obediência a Ele? Por que é perigoso enfatizar demais uma e deixar de lado a outra? O que ocorre quando destacamos tanto a lei que ignoramos a graça? E o que acontece quando enfatizamos tanto a graça que nos esquecemos da lei?
3. Com base nesta lição, como você definiria sucesso da perspectiva bíblica? Qual é o lugar da prosperidade na definição cristã de sucesso?
4. Imagine como Josué deve ter se sentido como sucessor de Moisés. Que promessa Deus lhe deu que certamente o sustentou em suas grandes responsabilidades? (Ver Js 1:5.)
Respostas às perguntas da semana: 1. Porque mostra que Deus já preparava a liderança e cumpre o que promete. 2. Josué foi escolhido por Deus, cheio do Espírito e fiel para continuar a missão de Moisés. 3. O livro se divide em preparação, conquista e posse da terra. 4. Confiar que o que Deus promete já é certo, mesmo antes de se cumprir. 5. A tarefa era desafiadora, e Josué precisava de coragem e confiança na presença e nas promessas de Deus. 6. Confiando na força de Deus e em Suas armaduras espirituais. 7. Significa ser guiado por Deus, obedecendo à Sua Palavra, produzindo frutos que refletem Sua vontade. 8. A fé não anula a lei, mas a confirma e dá sentido ao obedecê-la.
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TEXTO-CHAVE: Js 1:7
FOCO DO ESTUDO: Dt 18:15–22; Js 1; Hb 6:17, 18; Ef 6:10-18; Sl 1:1-3; Rm 3:31
ESBOÇO
Introdução: Embora Moisés tivesse falecido, a influência de sua liderança ainda permanecia enquanto uma nova era se iniciava. Na abertura do livro que leva seu nome, Josué foi encorajado por Deus a confiar Nele. O Senhor exortou o novo líder a seguir os passos de Moisés. Os tempos eram novos, mas os mandamentos e promessas permaneciam os mesmos: cruzar o Jordão, tomar a terra, dividir a herança às tribos e servir ao Senhor! A condição também era a mesma: obediência como uma resposta aos atos misericordiosos de libertação de Deus no passado, com base em um relacionamento de confiança Nele. A única diferença estava nos indivíduos: outra geração surgiu. Em certo sentido, o livro de Josué oferecia uma nova oportunidade para o povo de Deus naquela época, enquanto eles estavam nas margens da Terra Prometida.
No início do livro, a questão principal era: Israel aproveitará esta nova oportunidade? Eles seguirão a receita para o sucesso que a geração anterior não seguiu?
A história se repete ainda hoje. A igreja, sob a liderança de Cristo, que é o novo Josué, é convocada para avançar em direção ao cumprimento das promessas de Deus. O padrão da aliança permanece inalterado:
Deus nos concede aquilo que está além de nossa capacidade de alcançar por conta pró- pria, e espera de nós obediência como ex- pressão de nossa confi ança em Seu amor, sabedoria e poder. Resta a pergunta: Nossa geração confi ará no poder de Deus para cumprir Seu propósito “até o Dia de Cristo Jesus” (Fp 1:6)? Enquanto a geração atual se encontra às fronteiras da Canaã celestial, o chamado de Deus continua a ecoar com força: “Seja forte e muito corajoso” (Js 1:7).
COMENTÁRIO
Liderança espiritual
A nomeação de Josué como substituto de Moisés ocorreu imediatamente após a dolo- rosa lembrança do fracasso de Moisés no deserto de Zim, que impediu o grande líder de entrar em Canaã (Nm 20:9-12). No contexto mais amplo, esse evento estava intimamente conectado ao pedido das filhas de Zelofeade (Nm 27:1-12). Como parte da primeira geração, Zelofeade foi condenado a morrer no deserto por causa de descrença e rebelião. Com Arão já falecido e Moisés se aproximando do fim, o líder idoso orou por um sucessor. Sua oração e a resposta de Deus determinaram o futuro papel de Josué como líder.
Sua função seria principalmente militar, conforme sugerido pela expressão “sai adiante de nós” (1Sm 8:20). De fato, sua proeza militar já era evidente em Êxodo 17:9-14, momento no qual ele liderou os israelitas contra as forças de Amaleque. Essa campanha demonstrou como Josué estava sendo preparado pelo Senhor muito antes de sua missão real.
Na resposta de Deus a Moisés, Josué foi descrito como um homem cheio do Espírito ([ruah], Nm 27:18), uma avaliação notável, vinda Daquele que sonda os corações. No AT, o termo hebraico “ruah” podia ter diversos significados, incluindo vento impessoal, sopro humano, disposição, mente, entre outros. Também podia se referir ao Agente divino que havia Se envolvido ativamente em assuntos do mundo desde a criação (Gn 1:2). A presença do Espírito Santo no Pentateuco era revelada por meio de três manifestações: sabedoria, profecia e liderança. José foi a primeira pessoa identificada como tendo o Espírito de Deus (Gn 41:38). Todos os três aspectos eram evidentes em sua vida: como profeta, ele recebeu sonhos; como sábio, ele interpretou o sonho do Faraó; e como líder, ele elaborou um plano para salvar não apenas seu povo, mas também outras nações afetadas pela fome.
Sabedoria, profecia e liderança se uniram em perfeita harmonia no ministério de Josué. Ele era cheio do “espírito de sabedoria” ([ruah hokhmah], Dt 34:9). Além disso, ele estava entre os 70 anciãos que receberam o Espírito para profetizar (Nm 11). Finalmente, em Números 27:18, ele foi apontado por Deus como um líder no qual o Espírito habitava.
Apesar de ter desenvolvido habilidades notáveis ao longo dos anos a serviço de Moisés, Josué teve sua liderança definida por um caráter espiritual, essencial para o contexto da guerra espiritual. No fim, as batalhas que Josué foi chamado a enfrentar pertenciam a Deus, não a ele ou a Israel.
O padrão da aliança: bênção, promessa e obediência
Desde o primeiro diálogo de Deus com a humanidade, o padrão da aliança era evidente: Deus abençoava antes de dar ordens (Gn 1:28). Nas diversas alianças que se seguiram, a bênção divina se revelou por meio das divinas promessas de libertação, descendência e posse da terra. Por exemplo, ao chamar Noé para construir a arca, Deus revelou Seu compromisso de oferecer um meio de salvação à humanidade. Noé recebeu instruções mais detalhadas somente após a grande libertação dos que estavam na arca. De maneira semelhante, Abraão seguiu a ordem divina de deixar sua terra natal depois de ouvir as promessas de bênçãos feitas por Deus (Gn 12:1-3). A aliança mosaica seguiu um padrão semelhante, pois Deus lembrou ao povo o que Ele havia feito por Israel antes de dar os Dez Mandamentos, em Êxodo 20. Por fim, diante do desejo de Davi de construir uma casa para o Senhor em Jerusalém, Deus prometeu construir uma casa para Davi (2Sm 7:27). Na nova aliança, Deus colocou Sua lei no coração de Seu povo para que ele pudesse obedecê-Lo livremente (Jr 31:33).
Assim, qualquer visão legalista da lei de Deus não estava alinhada com a visão bíblica de obediência. A obediência sempre foi uma resposta humana à iniciativa divina de abençoar Seu povo. A salvação nunca dependeu de realizações humanas. Tal visão legalista da lei do AT distorceu seu verdadeiro propósito. Roy Gane afirmou apropriadamente: “Superar nossa negligência em relação à lei bíblica levaria ao legalismo? Não, se compreendermos o propósito da lei de Deus. Ela é um padrão de conduta e pensamento em sintonia com o caráter amoroso de Deus. Nunca foi, não é e jamais será um meio de salvação. Fazer o que é certo não pode nos redimir de nossa mortalidade ou de pecados passados. Apenas a graça de Deus, por meio do sacrifício de Cristo, e recebida pela fé, pode realizar isso. Os mandamentos de Deus são destinados àqueles que já foram libertos” (Roy Gane, Leviticus, Numbers: The NIV Application Commentary [Grand Rapids, MI: Zondervan, 2004], p. 310).
Lei e sabedoria
A literatura de sabedoria no AT, que compreende os livros de Jó, Provérbios, Eclesiastes e alguns salmos, explora dois temas preeminentes: criação e lei. Esses livros demonstram como a criação e a lei devem impactar a maneira como os crentes se relacionam com Deus e uns com os outros. Há, de fato, uma rela-ção próxima entre lei e sabedoria. Essa relação já era aparente em Deuteronômio 4:6: “Portanto, guardem e cumpram essas leis, porque isto será a sabedoria e o entendimento de vocês aos olhos dos povos que, ouvindo todos esses estatutos, dirão: ‘De fato, este grande povo é gente sábia e inteligente’”. A grandeza de Israel não seria encontrada na riqueza e no poder militar, mas na sabedoria resultante da observância fiel dos mandamentos de Deus. Naturalmente, o sucesso e a prosperidade surgiriam. Tal sucesso e prosperidade podiam ser vistos nos resultados do pedido de sabedoria de Salomão (1Rs 3:13).
A sabedoria, que é o conhecimento direcionado por Deus, nos transmite a habilidade de viver bem no contexto do temor de Yahweh, sendo obedientes à Sua vontade e vivendo em harmonia com os outros seres humanos e a natureza. O tolo, em rebelião contra a ordem criada por Deus, desobedece a Ele, enquanto o sábio rejeita o caos e abraça a vontade de Deus em uma vida de obediência. Os resultados dessa escolha são explicados em toda a literatura de sabedoria da Bíblia, que também lida com as exceções e os absurdos que frequentemente marcam nossa existência sob o sol (veja Jó e Eclesiastes).
O mesmo princípio aparece em Josué 1, onde o líder, representando toda a nação, era chamado a obedecer diligentemente a toda a lei. Israel tinha a oportunidade de escolher o caminho da sabedoria e desfrutar seus benefícios. Contudo, para isso, Josué e os israelitas precisavam “ser fortes e muito corajosos” (Js 1:7). Esse mesmo par de imperativos já havia sido utilizado por Moisés para encorajar tanto os israelitas quanto seu sucessor (Dt 31:6, 7). Mais tarde, Josué usaria as mesmas palavras ao se dirigir ao povo (Js 10:25). Mas por que razão? A obediência exigia confiança e, dada a natureza humana, essa confiança frequentemente requeria força e coragem. Contudo, a obediência não era uma transação em que se ganhava ou perdia com base no que se oferecia. Ela é, na verdade, uma manifestação da confiança humana nos caminhos de Deus, fundamentada em um relacionamento com o Deus vivo. Obedecer implicava renunciar a si mesmo, tomar a cruz e seguir os passos de Jesus em Sua jornada de sacrifício (Lc 9:23). Esse compromisso não era para os fracos.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Liderança
1. Sabemos que existem diversos modelos de liderança, como o carismático, o transformacional e o do servo-líder, entre outros. Todos esses estilos podem ser identificados na Bíblia. No entanto, a característica marcante dos líderes bem-sucedidos, segundo a perspectiva bíblica, é sua competência espiritual. A partir de Josué, analise as qualidades de um líder espiritual na vida dos seguintes personagens:
a. Josué:
b. Abraão:
c. Débora:
d. Davi:
e. Ester:
f. Pedro:
g. Paulo:
2. Como você caracteriza um líder espiritual hoje?
3. Os líderes mencionados acima também assumiram responsabilidades além do âmbito religioso. É possível exercer liderança espiritual em uma posição de administração “secular”? Em caso de resposta afirmativa, de que forma isso seria possível?
Descanso nas promessas de Deus
A Igreja Adventista do Sétimo Dia surgiu como um movimento fundamentado na promessa da segunda vinda de Jesus, conforme o próprio nome da denominação sugere. O descanso divino prometido a Israel no livro de Josué foi alcançado apenas no reinado de Salomão, séculos após a conquista inicial. Contudo, até esse descanso foi temporário. Em Hebreus 11, lemos que os heróis da fé não receberam aquilo que lhes foi prometido. Apesar das questões sobre o aparente atraso de Jesus, a trajetória do povo de Deus ao longo da história tem sido uma marcha constante em direção ao cumprimento de Suas promessas.
Pense nisto: Como os exemplos de fé encontrados em Hebreus 11 podem encorajá-lo à medida que você continua caminhando em direção à consumação da bendita esperança?
Chamados para ser fortes e corajosos
Comente com a classe de que forma, como adventistas do sétimo dia, precisamos ser fortes e corajosos nos diferentes ambientes em que somos chamados a viver nossa fé hoje:
a. Família:
b. Vizinhança:
c. Escola:
d. Trabalho:
Décimo terceiro sábado: Bênção a partir da tragédia
Zâmbia | Emmanuel
Nota do editor: Um dos projetos deste trimestre é um barco missionário que navegará no Lago Bangweulu, na Zâmbia. Aqui está uma visão interna do projeto missionário. É um projeto nascido da tragédia.
Emmanuel Mwewa navegou no Lago Bangweulu muitas vezes. Os barcos são a principal forma de alcançar as 100.000 pessoas que vivem nas ilhas do lago. Os barcos são a principal maneira de essas 100.000 pessoas viajarem para o resto da Zâmbia. Como pastor adventista do sétimo dia, Emmanuel cruzou o lago muitas vezes para encorajar os 1.300 adventistas que adoram todos os sábados nas 18 congregações das ilhas.
Mas uma visita se destaca na memória de Emmanuel. Foi o dia em que ele visitou uma das ilhas para o funeral de 14 adventistas que se afogaram no lago. "Foi muito comovente ver 14 caixões reunidos em um só lugar", disse Emmanuel. "Os líderes do governo e da igreja se reuniram na ilha principal de Chilubi. Eu estava lá. Esse foi um grande desastre para o país."
A tragédia ocorreu em uma sexta-feira. Quarenta e dois adventistas estavam navegando entre duas ilhas em um barco alugado pela igreja. Os adventistas planejavam passar o sábado engajados no evangelismo missionário, incluindo a promoção de um próximo campori de desbravadores. Um vento forte soprava no vasto lago, que é aproximadamente do tamanho do estado americano de Connecticut. De repente, uma grande onda atingiu o barco, e ele virou. Um navio próximo conseguiu resgatar 28 pessoas da água. Mas outras 14, incluindo uma criança de 2 anos, morreram.
O acidente provocou uma comoção em toda a Zâmbia. Ele também levantou questões sobre os padrões de segurança das embarcações e a disponibilidade de transporte comercial no lago. O único serviço de barco programado regularmente era um grande navio de propriedade do governo que cruzava o lago uma vez por semana. As pessoas que queriam atravessar o lago em outras ocasiões tinham que alugar um barco.
Durante o funeral, um líder sênior do governo fez um apelo à Igreja Adventista para ajudar a prevenir a repetição de um acidente como esse. Ele pediu à igreja que considerasse oferecer um serviço de barco regular no lago. O barco complementaria os serviços já oferecidos pelo navio do governo.
Os líderes da União do Norte da Zâmbia da Igreja Adventista, onde o lago está localizado, aceitaram o desafio. "É compromisso da União do Norte da Zâmbia fornecer um melhor sistema de transporte", disse Emmanuel, que atua como secretário executivo da União.
Mas o barco custaria US$ 100.000, mais do que a igreja local poderia pagar. Assim, a União pediu que o barco fosse incluído entre os projetos do terceiro trimestre de 2025. O pedido para que a oferta cobrisse parte do custo do barco foi aprovado em todos os níveis da igreja. Emmanuel está entusiasmado com as oportunidades que o barco missionário pode oferecer.
O barco, que teria capacidade para transportar 60 passageiros, operaria um serviço regular nos dias em que o navio do governo não viaja. Os passageiros pagariam uma tarifa que cobriria apenas as despesas do barco.
Enquanto o navio do governo possui telas de televisão que exibem anúncios, o navio da missão teria telas de televisão que exibem cânticos e pregações no Hope Channel.
"O barco não apenas transportará pessoas do continente para as ilhas, mas também pregará para elas", disse Emmanuel. Ele fez um apelo aos membros da igreja ao redor do mundo para que apoiem a oferta deste trimestre. "Enquanto pensamos em como espalhar o evangelho no Lago Bangweulu, é nosso desejo que este barco ajude a salvar vidas no lago e para o Reino”, disse ele. "O objetivo do projeto é transformar uma tragédia em uma bênção."
Sua oferta do trimestre hoje ajudará a adquirir um barco missionário para o Lago Bangweulu. Sua oferta também ajudará dois hospitais na Zâmbia, ajudará a abrir uma nova escola no país e ajudará a abrir um centro de influência na África do Sul. Os dois projetos infantis deste trimestre tocarão as vidas de crianças em toda a Divisão Africana do Sul e do Oceano Índico. Um projeto é fornecer Bíblias dos Aventureiros para famílias carentes e o outro é produzir uma série de vídeos curtos sobre o fruto do Espírito. Obrigado por sua generosa oferta.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
• Mostre a Zâmbia no mapa. Em seguida, mostre o Lago Bangweulu no norte do país.
• Pronuncie Mwewa como: MEU-ua
• Saiba que o nome do lago significa "onde a água encontra o céu".
• Assista a um curto vídeo no YouTube sobre Emmanuel Mwewa em: bit.ly/Emmanuel-SID.
• Baixe fotos desta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.
• Compartilhe as postagens do Informativo Mundial das Missões e os fatos rápidos da Divisão Africana do Sul e do Oceano Índico: bit.ly/sid-2025.
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º trimestre de 2025
Tema geral: Josué
Lição 1 – 27 de setembro a 3 de outubro
Receita para o sucesso
Autor: Volney da Silva Ribeiro
Editoração: Fernando Dias de Souza
Revisão: Rosemara Santos
Sucessor de Moisés
A pessoa escolhida por Deus para substituir Moisés na condução do povo em direção à terra prometida era alguém em quem havia o Espírito Santo (Nm 27:18). “Josué, filho de Num, estava cheio do espírito de sabedoria” (Dt 43:9). Essa era uma característica necessária para conduzir o povo, porque, na verdade, Deus é quem o guiava por meio de um líder que vivia em íntima comunhão com o Céu.
Josué foi alguém que seguiu “o Senhor com fidelidade” (Nm 32:12). Essa perseverança representava reconhecimento da própria fragilidade. Além disso, significava sua total dependência de Deus e a certeza e a confiança de que Deus, que tirou Seu povo do Egito, também o conduziria em segurança à terra de Canaã. Sua missão não seria fácil, mas Deus lhe assegurou que estaria com Ele (Dt 31:23; Js 1:5, 9). Isso faria toda a diferença.
Deus jamais envia um servo em missão sem que Ele mesmo não esteja junto para assegurar a vitória. Por essa razão, diante do desafio que estava proposto a Josué, também estava garantida a certeza da presença de um Deus onipotente e amoroso, que seria sua força. Em virtude disso, ele deveria estar animado (Dt 1:38). Portanto, precisaria ser forte e corajoso. Uma vez que Deus era sua garantia, nenhum temor seria permitido ou justificado. Aquele que ordenou que Josué conduzisse o povo, dando sequência ao que Deus iniciou por meio de Moisés, também preparou o caminho com todos os meios necessários para o cumprimento dessa missão.
Resposta positiva ao chamado divino
O livro de Josué se apresenta como a continuação do plano redentor de Deus iniciado no Êxodo, enfatizando a ação divina e a necessária resposta humana. Desde a travessia do Jordão até a entrada na terra e a posse total e definitiva dela, vemos que as promessas de Deus não se cumprem de modo automático. Isso porque Deus esperava obediência e fidelidade do povo.
Deus concede a terra, mas Israel precisa tomá-la com coragem e confiança, seguindo as instruções divinas. Essa relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana é uma característica importante em Josué: o Senhor é quem age, mas espera que Seu povo responda com uma fé que leva à ação, especialmente na guarda da aliança e na rejeição das práticas dos povos cananeus.
Relacionando essa dinâmica com Apocalipse 14:12, vê-se a continuidade da lógica bíblica: em todos os tempos, o povo de Deus é chamado a viver em fidelidade. A referência aos mandamentos e à fé em Jesus no Apocalipse reflete a mesma essência do livro de Josué, a saber: fé e obediência caminham juntas. Isso nos mostra que o livro de Josué não se resume a um relato histórico da conquista de Canaã. Ele é uma poderosa expressão da espiritualidade da aliança, na qual Deus age com graça e poder e requer uma resposta de lealdade por parte do Seu povo. Desse modo, somos ensinados a viver pela fé e em obediência, confiando nas promessas de Deus e respondendo positivamente ao chamado divino.
Herança prometida: certeza ancorada na fidelidade de Deus
A promessa da posse da terra prometida revela a natureza da herança bíblica como realidade fundamentada na fidelidade de Deus. Josué 1:4 a 6 destaca que a herança pertencia a Israel porque Deus assim havia declarado, embora a ocupação total da terra envolvesse perfeita sintonia entre a vontade de Deus, a liderança de Josué e a obediência do povo de Israel. Essa relação entre promessa e cumprimento revela um princípio teológico: Deus mantém com Sua presença e juramento o que promete (Hb 6:17, 18). A herança, portanto, é uma realidade iniciada no tempo presente, cuja garantia é o caráter imutável de Deus. Isso permanece válido para a igreja hoje, cuja esperança está ancorada na presença contínua de Cristo e na certeza de Sua promessa (Mt 28:20).
De igual modo, a herança bíblica deve ser compreendida como uma recompensa para o futuro e como uma realidade vivida no presente na obediência e na fé. A terra prometida, antes de ser uma conquista territorial, é uma expressão do relacionamento pactual entre Deus e Seu povo, um relacionamento que exige resposta humana à graça divina. Esse modelo de relacionamento entre Deus e Seu povo no passado encontra continuidade na igreja hoje, que, como herdeira das promessas divinas, caminha pela fé rumo ao cumprimento pleno da promessa de Deus. Essa herança é recebida não por mérito, mas pela confiança contínua na Palavra e na constante presença do Senhor.
Força e coragem
O servo escolhido de Deus para liderar o povo depois da morte de Moisés deveria ser forte e muito corajoso (Js 1:7, 9). A força e a coragem têm uma aplicação prática: a observância de toda a lei ordenada por Deus a Moisés deveria ser observada (Js 1:7, 8). Tal observância da lei não era mera ação da vontade, mas uma atitude que envolvia cuidado, zelo, força e muita coragem. Nesse sentido, Josué deveria ser firme, irredutível.
A lei sinalizava a direção em que ele e o povo deveriam seguir. Não se guiar pelos preceitos divinos significava desviar-se, o que jamais deveria ocorrer, tendo em vista que o sucesso da caminhada estava condicionado a uma vida de obediência, de submissão completa a Deus. As qualidades que eram exigidas de Josué (ânimo, força e coragem) eram necessárias ao seu sucesso, o que estava diretamente ligado à execução dos desígnios divinos. Em Josué 1:7 a 9, Deus apresenta ao sucessor de Moisés que um líder bem-sucedido é alguém fiel e focado em sua missão. Sua fidelidade seria condição necessária para o êxito de sua jornada, bem como para todo o povo que ele liderava.
Certamente os desafios que se desenhavam naquele momento diante de Josué e do povo pareciam grandes demais para enfrentar, considerando-se a perspectiva meramente humana. Não era à toa que Deus insistia que ele deveria ser forte e corajoso. A ocupação da terra de Canaã por um grupo de nômades não poderia ser racionalizada sem se considerarem as inúmeras desvantagens que os cercavam. No entanto, desde a saída do Egito até aquele momento, quando se avizinhavam do lugar preparado por Deus para eles, o Senhor sempre esteve com eles, garantindo-lhes maravilhosas manifestações de Sua graça e poder.
Agora, quando se aproximavam do tão sonhado e almejado lar, Deus continuaria sendo-lhes a força e o poder necessários para os mais atrozes desafios. Olhar para as muralhas das cidades de Canaã poderia causar desânimo e temor, mas eles tinham ao seu lado uma mão poderosa e invisível que nenhum exército ou barreira humana poderia conter. O grande desafio que Josué e todo aquele povo enfrentava é o mesmo que enfrentamos hoje em nossa caminhada cristã: desenvolver um relacionamento profundo com Deus, a ponto de depositarmos inquestionável confiança em Sua pessoa e em tudo o que Ele promete, apesar das mais desfavoráveis circunstâncias.
A essência do verdadeiro sucesso bíblico
Do ponto de vista bíblico, o sucesso não está limitado à obtenção de bens ou à prosperidade material, por mais que isso possa fazer parte das bênçãos divinas em muitas situações. A verdadeira medida do sucesso está em viver em conformidade com a vontade de Deus, expressa em Sua Palavra. Isso implica uma vida alinhada com a vontade do Pai. Quando isso acontece, o ser humano encontra realização em cumprir o propósito para o qual foi formado: refletir a glória de Deus e viver em comunhão com Ele. Essa harmonia com os valores do reino de Deus é o que confere sentido à existência humana, independentemente das circunstâncias.
Nesse contexto, fé e obediência não são realidades concorrentes, mas complementares. A confiança nas promessas de Deus não elimina o chamado à obediência; pelo contrário, fundamenta-o. A fé genuína é ativa e manifesta-se em amor, evidenciando-se em uma vida moldada pela graça e conduzida pelo Espírito. A obediência à lei de Deus, longe de ser um esforço meritório para obter salvação, é a resposta grata e reverente à fidelidade divina. Assim, fé e obediência revelam a integridade do relacionamento com Deus: confiar no Deus que nos criou e caminhar segundo os Seus caminhos são expressões de uma mesma realidade espiritual.
Conclusão
A liderança de Josué nos ensina que a caminhada cristã exige uma íntima comunhão com Deus, reconhecendo nossa dependência total de Sua graça e confiando na Sua presença constante, mesmo diante dos desafios os quais, muitas vezes, parecem maiores do que nossa força. Assim como Josué precisou ser forte, corajoso e fiel à lei de Deus para conduzir Israel à terra prometida, somos de igual modo chamados a perseverar na fé e na obediência, sabendo que o sucesso espiritual não se mede por conquistas materiais, mas pela harmonia com os princípios divinos.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Volney da Silva Ribeiro é professor, escritor e teólogo. É graduado em Letras (português e espanhol) e em Teologia. Além disso, é pós-graduado em Gestão Educacional. Foi diretor pedagógico e administrativo de escola particular (2008 a 2010), vice-diretor de uma creche-escola (2024 e 2025) e consultor pedagógico da Associação Cearense da Igreja Adventista do Sétimo Dia (2020 a 2022). Desenvolve o ministério de pregação há mais de duas décadas e serve a Deus atualmente como primeiro-ancião na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Aldeota, em Fortaleza, Ceará.