Nesta semana, estudaremos alguns momentos importantes durante a conquista da Terra Prometida, nos quais Israel se reconsagrou ao Senhor, às vezes diante de um perigo iminente. Josué tomou a decisão aparentemente irracional de circuncidar os israelitas em território inimigo (Js 5:1-9); celebrar a Páscoa diante de um perigo iminente (Js 5:10-12); construir um altar e adorar o Senhor enquanto a conquista estava a todo vapor (Js 8:30-35); e montar o tabernáculo do Senhor quando sete tribos em Israel ainda não haviam recebido sua herança (Js 18:1, 2).
Em meio à correria da vida, tendemos a focar nas urgências que surgem diariamente. Com frequência, deixamos de lado momentos de qualidade para renovar nosso compromisso com Deus, fazer uma pausa e expressar gratidão por tudo o que Ele tem feito e continua a fazer por nós. O culto matutino e vespertino, assim como o altar da família, parecem fora de lugar em nossa rotina agitada, guiada pela conveniência e pela busca de realizações pessoais. Contudo, no fundo, todos sabemos que os momentos passados com Deus e com nossos entes queridos são o uso mais valioso de nosso tempo limitado.
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1. Leia Josué 5:1-7. Por que o Senhor ordenou a Josué que circuncidasse a segunda geração de israelitas naquele momento específico da conquista de Canaã?
Após a exploração do país, o relato encorajador dos espias e a travessia miraculosa do Jordão, poderíamos esperar um ataque imediato ao inimigo. No entanto, havia algo mais importante do que a conquista militar: a aliança de Israel com Deus. Antes que a nova geração pudesse se envolver na tomada do território, ela precisava estar totalmente ciente de seu relacionamento especial com o Dono daquele território. A renovação do sinal da aliança veio como uma resposta ao ato miraculoso e de graça de Deus ao guiar Israel em segurança através do Jordão.
Nossa aliança com Deus deve ser sempre uma resposta de gratidão pelo que Ele já fez por nós, e nunca uma tentativa de obter benefícios por meio de uma obediência legalista às Suas exigências (esse conceito foi fundamental nos conflitos de Paulo com aqueles que insistiam em que os gentios convertidos fossem circuncidados, como vemos claramente na Carta aos Gálatas).
Israel estava à beira da maior campanha militar de sua história, e poderíamos esperar que todo o acampamento estivesse focado nos preparativos de guerra. Na verdade, estava, mas não da maneira convencional. Em vez de preparar os cavalos e afiarem as espadas, eles se dedicaram a um ritual que deixou a maior parte da força de combate vulnerável por pelo menos três dias.
Eles fizeram isso para celebrar seu relacionamento com Deus, que os havia libertado do Egito. Por quê? Porque reconheciam que a batalha pertence ao Senhor. Era Ele quem lhes concedia vitória e êxito. Jesus apresentou o mesmo princípio em palavras diferentes: “Busquem em primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça, e todas estas coisas lhes serão acrescentadas” (Mt 6:33). Na maioria das vezes, a vida cotidiana parece nos pressionar com a urgência de tantas coisas importantes que esquecemos de dar prioridade à coisa mais importante em nossa vida: a renovação diária de nosso compromisso com Cristo.
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2. Por que é relevante que Josué tenha escolhido celebrar a Páscoa apesar da tarefa enorme e urgente de conquistar a Terra Prometida? Js 5:10; Êx 12:6; Lv 23:5; Nm 28:16; Dt 16:4, 6
A segunda atividade importante que antecedeu a conquista foi a celebração da Páscoa. Ela aconteceu na noite do décimo quarto dia do mês, em atenta conformidade com as instruções dadas por Deus. O significado simbólico da observância da Páscoa é especialmente enfatizado: os eventos no livro de Josué refletem aqueles do Êxodo. A Páscoa remete à noite da décima praga (Êx 12), quando o anjo do Senhor matou todos os primogênitos do Egito e poupou os israelitas. Em seguida, ocorreu a saída do Egito, a travessia do Mar Vermelho e a jornada pelo deserto.
Por outro lado, a história da segunda geração começou no deserto, continuou com a travessia do Jordão, envolveu a circuncisão e a celebração da Páscoa, e levou ao momento crucial em que outra intervenção miraculosa do Senhor era esperada contra os inimigos de Israel, os habitantes de Canaã. Junto com todos os atos anteriores, a celebração da Páscoa marcou o início de uma nova era na história de Israel.
Além disso, por meio do símbolo do cordeiro sacrifical, a Festa da Páscoa apontava para a redenção dos israelitas da escravidão egípcia. Contudo, também apontava para o seu cumprimento antitípico no Cordeiro de Deus, que nos resgatou da escravidão do pecado (Jo 1:29, 36; 1Co 5:7; 1Pe 1:18, 19). Na Ceia do Senhor, antes de Se oferecer como o sacrifício supremo, Jesus transformou a Páscoa em um memorial de Sua morte (Mt 26:26-29; 1Co 11:23-26).
No entanto, a Páscoa e a Ceia do Senhor sinalizam uma realidade ainda mais gloriosa: a multidão redimida entrando na Canaã celestial. No Apocalipse, João retrata esse evento antitípico de “travessia” como os 144 mil caminhando sobre o mar de vidro, que é o antítipo do Mar Vermelho e do rio Jordão, diante do trono de Deus (Ap 4:6; 7:9, 10). Eles celebrarão a antitípica Páscoa e a Ceia do Senhor durante as bodas do Cordeiro (Mt 26:29; Ap 19:9).
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3. Qual foi a motivação de Josué para construir um altar para o Senhor? Leia Josué 8:30, 31. Compare com Deuteronômio 11:26-30; 27:2-10.
Na época dos patriarcas, os altares marcavam o caminho de sua peregrinação e se tornavam representações concretas de que aquele território, que havia sido prometido por Deus, pertencia a eles. Agora, ao erguer um altar, os israelitas estavam testemunhando o cumprimento das promessas feitas aos seus antepassados. Neste caso, a construção do altar era o cumprimento direto das instruções das por Moisés (Dt 11:26-30; 27:2-10).
Josué 8:30-35 desempenha um papel significativo na mensagem teológica do livro. Ao conectar uma das histórias mais horripilantes e violentas – a guerra – a algo totalmente diferente, como uma cena de reafirmação da aliança – a adoração –, Josué nos remete a um dos temas teológicos mais importantes destacados no início do livro: a tarefa de conduzir Israel a uma vida de obediência à aliança (Js 1:7). Essa mesma responsabilidade é refletida nas palavras finais de Josué ao povo (Js 24).
Apesar da importância da guerra e da conquista, há algo ainda mais fundamental: a lealdade às exigências da lei de Deus. A conquista era apenas um passo no cumprimento do plano de Deus para Israel e da restauração de toda a humanidade. A fidelidade aos preceitos da Torá é a questão central no destino da humanidade. Josué escreveu a cópia da lei em grandes pedras caiadas, distintas das pedras do altar (compare com Dt 27:2-8). Assim, as pedras, que provavelmente continham os Dez Mandamentos, formavam um monumento separado nas proximidades do altar, lembrando constantemente os israelitas dos privilégios e deveres que faziam parte da aliança.
Josué prenuncia o Yehoshua (Jesus) do NT, cuja missão era, entre outras coisas, levar a humanidade de volta à obediência a Deus. Para atingir esse objetivo, Ele teve que empreender um conflito com os poderes do mal. Seu objetivo final era cumprir os requisitos da aliança em nosso favor: “Em Cristo, cada uma das promessas de Deus é ‘sim’. Por essa razão, por meio Dele dizemos ‘Amém’ para a glória de Deus” (2Co 1:20, NVI).
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4. Leia Josué 8:32-35. Qual é o significado do ato descrito nesses versos e o que ele nos ensina hoje?
O monte Ebal é mencionado apenas em Deuteronômio (Dt 11:29; 27:4, 13) e no livro de Josué (Js 8:30, 33). Junto com o monte Gerizim, era o local onde as bênçãos e maldições da aliança deveriam ser proferidas. Mais especificamente, o monte Ebal seria o local das maldições (Dt 11:29; 27:4, 13). Lá os israelitas deveriam ficar de pé em ambos os lados da arca na presença dos sacerdotes (Js 8:33). Um grupo ficou em frente ao monte Ebal, e o outro em frente ao monte Gerizim. Com isso, eles representavam simbolicamente as duas maneiras possíveis de se relacionar com a aliança. Os sacrifícios oferecidos nesse local apontavam para Jesus, que tomou sobre Si as maldições da aliança, para que todos os que cressem Nele pudessem desfrutar dessas bênçãos (Gl 3:13; 2Co 5:21).
5. Por que era necessário escrever uma cópia da aliança em um monumento, visível a todos? Dt 4:31; 6:12; 8:11, 14; 2Rs 17:38; Sl 78:7
Nós, seres humanos, frequentemente esquecemos as coisas com facilidade. À medida que acumulamos as crescentes e desconcertantes demandas da vida cotidiana, nossa atenção se concentra em períodos de tempo cada vez mais curtos. Isso nos faz esquecer, muitas vezes, aquilo que não ocorre com a mesma frequência ou intensidade. Em cada Ceia do Senhor, temos uma oportunidade especial para nos comprometer novamente com Cristo e renovar nosso vínculo com a aliança. É fundamental enxergar essas ocasiões não apenas como momentos de reconsagração pessoal, mas também como oportunidades de renovação coletiva da nossa fidelidade a Deus. Em uma sociedade cada vez mais voltada para o individualismo, é essencial redescobrir o poder de pertencer a uma comunidade que compartilha a mesma visão de mundo, valores, crenças e missão.
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6. Leia Josué 18:1 e 2. Qual foi a atividade que fez Josué interromper o processo de distribuição do território?
Após a descrição dos territórios atribuídos às duas maiores tribos no lado oeste do Jordão e à meia tribo de Manassés, houve uma assembleia da congregação em Siló, onde a terra foi dividida entre as sete tribos menores que ainda não tinham recebido a herança.
O estabelecimento do santuário, que Deus chamou de “Meu tabernáculo”, representa o cumprimento da promessa do Senhor de viver no meio de Seu povo (Êx 25:8; Lv 26:11, 12) e revela o tema central do livro: a presença de Deus no meio de Israel tornou possível a posse da Terra Prometida. Essa presença seria uma fonte contínua de bênçãos para Israel e, por meio deles, para toda a Terra (Gn 12:3). A adoração a Deus estava ganhando destaque e se tornando a prioridade, até mesmo em relação à conquista e à distribuição do território! A presença do santuário, e mais tarde do templo de Jerusalém, deveria ajudar o povo a reconhecer continuamente a presença de Deus entre eles e seu dever de cumprir a aliança.
7. Leia Hebreus 6:19, 20; 9:11, 12; 10:19-23. O que podemos aprender com Josué, considerando que, como cristãos, não temos um santuário terrestre que abrigue a presença física de Deus entre nós?
A menção ao santuário não deve ser uma surpresa, pois esse tema já está presente na narrativa de Josué por meio da arca da aliança. Essa arca era o elemento central do mobiliário no lugar santíssimo e marcou as duas primeiras seções do livro: a travessia e a conquista. Agora, ao colocar a construção do tabernáculo como o foco da distribuição do território, Josué demonstrou que toda a vida de Israel girava em torno do santuário, a base terrena de Yahweh.
Como cristãos que vivem no antitípico Dia da Expiação, é essencial mantermos nosso olhar fixo no santuário celestial enquanto enfrentamos os “gigantes” modernos (ou pós-modernos) que desafiam nossa fé, esperança e herança espiritual. Ao confiarmos continuamente na obra de Cristo realizada na cruz e no santuário celestial, podemos olhar para o futuro com confiança, aguardando o dia em que Deus habitará novamente no meio de Seu povo, desta vez para sempre (ver Ap 21:3).
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Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 436-438 (“Bênçãos e maldições”).
“Segundo as instruções dadas por Moisés, um monumento de grandes pedras foi construído no monte Ebal. Sobre essas pedras, previamente pre-paradas por uma cobertura de argamassa, foi inscrita a lei – não somente os dez preceitos proferidos no Sinai e gravados em tábuas de pedra, mas também as leis comunicadas a Moisés e escritas por ele num livro. Ao lado desse monumento, foi construído um altar de pedras não lavradas, sobre o qual foram oferecidos sacrifícios ao Senhor. O fato de o altar ter sido construído no monte Ebal, sobre o qual fora posta a maldição (Dt 11:29), foi significativo, dando a entender que, por causa de sua transgressão da lei de Deus, Israel merecia receber com justiça Sua ira, e eles a teriam sofrido imediata-mente, não fosse pela expiação de Cristo, representada pelo altar de sacrifício” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 437).
“O momento da ceia não deve ser um período de tristeza. [...] Ao se reunirem os discípulos do Senhor em torno de Sua mesa, não devem lembrar e lamentar suas deficiências. Não devem se demorar em sua vida religiosa passada, seja para elevar ou deprimir. Não tragam à memória as diferenças existentes entre si e seus irmãos. A cerimônia preparatória já abrangeu tudo isso. O exame próprio, a confissão do pecado, a reconciliação dos desentendimentos - tudo já foi feito. Agora, chegam para se encontrar com Cristo. Não devem permanecer à sombra da cruz, mas à sua luz salvadora. Abram o coração para os brilhantes raios do Sol da Justiça” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 530).
Perguntas para consideração
1. O que é buscar primeiro o reino de Deus? Isso influencia sua vida?
2. Por que é fácil esquecer o Senhor em meio à correria do dia a dia? Quais soluções podem ser propostas?
3. A certeza de que Jesus intercede por nós no santuário celestial (Hb 7:25) pode se tornar uma fonte de esperança e força diárias? Essa verdade é significativa hoje, no tempo do antitípico Dia da Expiação?
Respostas às perguntas da semana: 1. Deus ordenou a circuncisão para reafirmar a aliança com a nova geração antes da conquista. 2. Celebrar a Páscoa era priorizar a obediência e memória do Êxodo, mesmo em meio à guerra. 3. Josué construiu o altar para cumprir a ordem de Moisés e renovar o compromisso com a Lei. 4. A leitura pública da Lei ensinava o povo a viver pela aliança, princípio válido hoje para nossa fidelidade às Escrituras. 5. A cópia da aliança no monumento deveria prevenir o esquecimento da fidelidade divina. 6. Josué interrompeu a distribuição de terras para estabelecer o tabernáculo em Siló, centralizando o culto. 7. Podemos ir à presença de Cristo no “santuário celestial”, onde temos acesso a Deus pela fé.
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TEXTO-CHAVE: Mt 6:33
FOCO DO ESTUDO: Js 5:1-7; Êx 12:6; 1Co 5:7; Js 8:30-35; Dt 8:11, 14; Hb 9:11, 12
ESBOÇO
Introdução: Após 40 anos vagando pelo deserto, os israelitas finalmente pisaram na Terra Prometida. Com certeza, esse foi um momento emocionante, pois eles cruzaram o rio Jordão e viram a promessa se materializando na vida real. Contudo, a partir daquele momento, encontravam-se em território inimigo, enfrentando enormes desafios naquela zona de guerra - obstáculos que ultrapassavam sua capacidade de superação.
Portanto, era hora de se preparar. Em vez de focar em armas, estratégias e recursos humanos, era essencial preparar o coração por meio de cerimônias que fortalecessem a percepção espiritual e reafirmassem sua lealdade ao Senhor. À medida que a conquista progredia, esses rituais de renovação da aliança eram novamente realizados como um lembrete contínuo de sua necessidade de preparação espiritual.
Nesta semana, relembramos eventos marcantes ocorridos durante a conquista, quando Josué guiou os israelitas a renovar seu compromisso com o Senhor. Esses momentos foram centrados em rituais, uma poderosa forma de transmitir tradições, valores, significado e emoções. No contexto dos rituais bíblicos, destacava-se também o elemento profético, que apontava para Cristo e as realidades que Ele cumpriria. Abaixo, nos aprofundaremos nos rituais da circuncisão e da Páscoa, que foram realizados por Israel logo após a travessia do rio Jordão, e a construção de altares no contexto da renovação da aliança no livro de Josué. Ao revisarmos essas cerimônias, podemos refletir sobre seu significado no passado e sua relevância para aqueles que vivem à beira da Canaã celestial.
COMENTÁRIO
O poder dos rituais
Os rituais desempenham papel significativo ao marcar eventos importantes da vida, mesmo nos tempos modernos. Eles estão presentes ao longo da vida, abrangendo contextos familiares, escolares, profissionais e religiosos. Não é coincidência que Deus tenha usado o poder do ritual para transmitir os aspectos essenciais de Seu plano à humanidade. Esses ritos do AT, que frequentemente envolviam sangue, suor e lágrimas, gravavam verdades eternas na mente das pessoas a respeito do caráter de Deus, da decadência humana e do plano divino para preencher a lacuna causada pelo pecado.
Circuncisão
No contexto de Josué, o ritual da circuncisão serviu como lembrete a Israel de sua verdadeira identidade na comunidade da aliança. A remoção do prepúcio apontava de forma vívida para a remoção do antigo status de Israel como escravos do Faraó (“a desgraça do Egito”). Agora, eles tinham a escolha de servir a Yahweh, que os chamava para um compromisso total. A circuncisão masculina, que envolve a remoção cirúrgica do prepúcio, tem sido praticada desde pelo menos o terceiro milênio por várias sociedades. Nesses grupos, o rito marcava uma transição importante, como o início da vida adulta ou do casamento, sem um significado religioso por si só. No entanto, na aliança de Deus com Abraão, a circuncisão foi designada como um sinal de compromisso e identidade. Mesmo os não israelitas poderiam passar pela circuncisão para sinalizar seu novo status como parte da semente de Abraão (Gn 34:15-24; Êx 12:48).
No NT, a circuncisão foi apresentada como símbolo de separação associado à identidade judaica, mas que não era mais obrigatória para os cristãos na nova criação inaugurada por Jesus (Gl 6:15; Cl 2:11-13; At 15). Contudo, o apelo de Paulo para a circuncisão do coração não era uma inovação cristã. Desde o contexto original, o sinal físico da circuncisão deveria refletir apenas uma expressão externa de uma transformação interna (Dt 30:6). Essa visão também foi reiterada pelos profetas, como Jeremias, que apelou aos habitantes de Jerusalém: “Deixem-se circuncidar para o Senhor; circuncidem o seu coração” (Jr 4:4; compare com Jr 9:25, 26). O AT já antecipava a dimensão metafórica e ética do ritual. Quando desvinculada da atitude correta, a noção de que “a circuncisão não é nada” (1Co 7:19) já encontrava respaldo no próprio AT.
Hoje, os adventistas do sétimo dia, assim como outros cristãos, “entendem o batismo como símbolo de (figurativamente) participar da morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, e também um símbolo de pertencer ao povo da Nova Aliança de Deus, em vez da circuncisão” (Cl 2:11, 12; John C. Peckham, God With Us: An Introduction to Adventist Theology [Berrien Springs, MI: Andrews University Press; Biblical Research Institute, 2023], p. 595, 596). No entanto, pode-se questionar o motivo da mudança. A prática da circuncisão estava intimamente relacionada à vinda do Messias prometido, que surgiria da semente de Abraão. O sinal colocado no órgão genital de Abraão deveria lembrá-lo, e a seus descendentes, de que a obra de Deus era independente de sua virilidade. Uma vez que Jesus, a semente da mulher e a semente de Abraão, veio, o sinal físico tornou-se obsoleto e foi substituído pelo batismo. Embora ainda existam diferenças entre o significado dos dois rituais, os elementos simbólicos da circuncisão ainda são relevantes para o povo de Deus hoje.
Páscoa
O ritual da Páscoa foi instituído na noite em que Israel deixou o Egito. O sangue do cordeiro, morto antes do pôr do sol, foi usado para marcar os umbrais das portas dos israelitas para evitar a morte dos primogênitos (Êx 12:12, 13). Assim, a Páscoa estava inerentemente conectada à libertação histórica de Israel da escravidão. Também estava conectada à celebração agrícola que marcava o início da temporada de colheita, quando as pessoas levavam os primeiros frutos para o santuário (Êx 34:18-27). A Páscoa não era apenas uma celebração da vida comum, mas uma celebração da nova vida a ser vivida abundante e livremente com o Senhor. No centro do ritual estava o sacrifício do cordeiro.
Esse sacrifício era um ato simbólico em dois sentidos. Primeiro, simbolizava a libertação do primogênito. O cordeiro era abatido em vez do primogênito israelita, servindo como sacrifício substitutivo. Em segundo lugar, todo o ritual tinha a intenção de relembrar a experiência do êxodo, o momento em que eles foram libertos da escravidão. Cada detalhe na cerimônia apontava para a pressa de se preparar para partir: a carne era assada em vez de cozida, ervas eram comidas em vez de vegetais (Êx 12:8-10), as roupas eram usadas em preparação para ir a qualquer momento, e a refeição era comida às pressas (Êx 12:11). Portanto, para os participantes originais, a primeira Páscoa foi uma declaração de fé na libertação milagrosa que Deus estava prestes a realizar naquela mesma noite.
Jesus instituiu a Ceia do Senhor durante Sua última Páscoa na Terra. A Ceia do Senhor substituiu a Páscoa após Sua morte. Como tal, o rito da Ceia do Senhor também tem uma dimensão temporal dupla. Enquanto chama nossa atenção para o que Deus fez por nós no passado, ele aponta para o que Deus realizará no futuro. Em Josué 5, o povo de Deus estava na mesma conjuntura temporal, entre o passado e o futuro, entre a libertação e o descanso.
Altares
O altar era uma parte crucial do sistema ritual no AT e teve papel significativo na vida de adoração durante os tempos patriarcais. Embora a primeira menção a um altar apareça apenas em Gênesis 8:20, o primeiro sacrifício estava implícito na provisão de peles para Adão e Eva (Gn 3:21). Como a circuncisão, o sacrifício era uma prática não restrita a Israel. De fato, o sacrifício era uma norma religiosa do mundo antigo. No entanto, em Israel, o sacrifício não tinha a intenção de alimentar, agradar ou apaziguar uma divindade irada; em vez disso, era visto como a provisão misericordiosa de Deus à humanidade para expiar o pecado e trazer Sua criação de volta a Ele.
Junto com o aspecto expiatório dos sacrifícios, os altares tinham um papel importante na experiência religiosa do povo de Deus no passado. Como ato de adoração, os altares eram construídos para marcar novos começos (Gn 8:20) e lugares de peregrinação (Gn 12:7; Gn 13:18). Eles também eram usados para oração intercessória (Jó 1:5) e ação de graças (Sl 26:6, 7). Além disso, os altares podiam se tornar memoriais dos atos graciosos de Deus. Em Josué, até mesmo um altar sem sacrifício se tornava um memorial da identidade religiosa das tribos além do rio Jordão (Js 22:26-28). Em Josué 8, o altar construído no monte Ebal ratificou a aliança, renovando o compromisso do povo com o Senhor. Todos esses aspectos encontrados no culto patriarcal em torno dos altares foram incorporados ao serviço do templo, onde os israelitas iam adorar, orar, fazer votos, lembrar os atos graciosos de Deus, confessar seus pecados e buscar perdão por meio de seus sacrifícios, que eram centralizados no santuário.
O Calvário foi o altar supremo, onde o Cordeiro de Deus foi oferecido de uma vez por todas (Hb 10:10). Como no sistema ritual, Seu sacrifício foi o ponto central, trazendo a conclusão ao plano da salvação. Agora Ele apresenta o sangue como a Nova Aliança diante de Deus, intercedendo em favor do pecador arrependido (Hb 7:25). Seguindo o exemplo de Cristo, somos chamados a nos oferecer como sacrifícios vivos, agradáveis ao Senhor (Rm 12:1). Em Cristo, o altar da morte se torna a porta de entrada para a vida.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Ritos da igreja atualmente
Os ritos continuam a ser parte integrante da comunidade da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Aqui está uma breve lista de algumas das cerimônias mais significativas que são observadas em sua igreja local. Reflita sobre como cada uma dessas práticas influenciou pessoalmente sua jornada espiritual.
1. Dedicação de crianças:
2. Batismo:
3. Santa Ceia:
4. Casamento:
5. Funeral:
Entre o “já” e o “ainda não”
As experiências religiosas por trás dos ritos estudados nesta semana apontam para uma tensão geralmente chamada de “já e ainda não”, que em Josué se manifesta no hiato entre libertação e descanso. A salvação de Israel foi uma realidade efetiva e inegável, mas eles ainda estavam olhando para sua consumação final, quando finalmente poderiam desfrutar o descanso de Deus. No NT, essa tensão entre o reino de Deus como uma realidade presente e futura é evidente. Na visão de Ellen White, “o reino de Deus (ou seja, o reino da graça) já foi estabelecido. No entanto, resta uma manifestação escatológica do reino (ou seja, o reino da glória), que ‘não será estabelecido até o segundo advento de Cristo’” (O Grande Conflito, p. 347; Kwabena Donkor, “Reino de Deus”, The Ellen G. White Encyclopedia [Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association, 2013], p. 919).
1. Como você tem vivenciado a tensão entre o que já existe e o que ainda não existe em sua jornada espiritual com Deus?
2. Os crentes do AT já experimentaram essa tensão. Isso ajuda você a entender sua experiência cristã como uma peregrinação contínua?
O chamado on-line de Deus
Chile | Samuel
Samuel não conseguia entender por que estava sendo reprovado nas aulas da Universidade no Chile. Ele sempre tinha se saído bem no ensino médio. Mas, em seu primeiro semestre na universidade, ele reprovou em álgebra, cálculo, física e química – exatamente as matérias que ele precisava aprovar para se tornar um engenheiro elétrico.
Seu segundo semestre não estava sendo nada melhor. Então, quando estava se preparando para os exames finais, ele recebeu uma mensagem estranha.
Um parente escreveu em uma publicação na mídia social: “Samuel, estude teologia”. A publicação na mídia social era uma mensagem de felicitações para os pastores adventistas durante o mês de agradecimento aos pastores.
Samuel achou a mensagem um tanto abrupta. O parente nem mesmo o cumprimentou ou perguntou como ele estava.
Ele respondeu: “Olá! Como você está?”.
O parente respondeu: “Estou bem. Estude teologia”.
Não era a primeira vez que alguém sugeria que Samuel se tornasse um pastor. Ele respondeu da mesma maneira que sempre fazia.
“Não preciso estudar teologia para visitar os membros da igreja, pregar e trabalhar para a igreja”, escreveu ele. “Mas se o Senhor me chamar, estou disposto”.
O parente respondeu: “Ore”.
Samuel concordou em orar, e assim o fez.
Enquanto caminhava para os exames finais, ele olhou para o céu e disse: “Senhor, é o Senhor? Está realmente me chamando? Se estiver me chamando, eu não quero rejeitar o chamado. Mas eu realmente preciso que o Senhor confirme. Eu não quero que isso fique apenas em minha cabeça. Não quero que seja o plano B apenas porque o plano A não deu certo”.
Mudar de curso significaria desistir de tudo. Significaria deixar a carreira de engenharia, mudar para longe de casa para a Universidade Adventista do Chile, e potencialmente decepcionar seus pais.
Então Samuel se lembrou de que Abraão havia seguido a Deus sem saber para onde estava indo. Ele se lembrou de como os discípulos seguiram Jesus. Lembrou-se também daqueles que haviam rejeitado Jesus. Ele pensou nas pessoas que disseram a Jesus que primeiro precisavam se despedir de seus pais ou reivindicar uma herança. Ele não queria ser como aqueles que rejeitaram Jesus.
Samuel continuou orando.
Em sua terceira semana de oração, ele teve um avanço. Ele se lembrou de que, quando foi batizado, havia escolhido uma passagem da Bíblia para ser lida na ocasião. Por alguma razão, ele não havia escolhido um verso que é costumeiramente lido em batismos no Chile. Na época, ele estava estudando Mateus na época, e escolheu Mateus 28:19, 20, onde Jesus diz: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos” (ARC). Pensando na passagem bíblica, Samuel viu que ela se encaixava na ideia de que Deus queria que ele fosse pastor.
Samuel também se lembrou de seu próprio nome. Assim como os pais de Samuel na Bíblia, seus pais não podiam ter filhos. Antes de se casar com sua mãe, seu pai teve câncer de testículo e quase morreu. Um médico salvou sua vida ao remover o testículo.
Depois disso, o médico o informou que ele não poderia ter filhos. Mas Deus tinha outros planos.
Após o casamento, os pais de Samuel oraram por um filho e, quando Samuel nasceu, escolheram seu nome, que significa “pedido de Deus”. Eles o dedicaram a servir a Deus.
Quando Samuel se lembrou de seu nascimento milagroso e da passagem bíblica que ele tinha escolhido para seu batismo, ele orou: “Senhor, eu aceito Seu chamado. Agora, ajude-me a falar com meus pais”.
A mãe de Samuel acolheu sua decisão imediatamente.
“Eu sabia que engenharia não era o certo para você”, disse ela.
Mas seu pai relutou. Ele havia planejado ter um filho engenheiro. Muito dinheiro havia sido gasto para prepará-lo para se tornar um engenheiro. Samuel tinha uma irmã mais nova que já estava estudando na Universidade Adventista do Chile, e a casa da família ficaria vazia sem Samuel.
Mas, finalmente, o pai aceitou que Deus estava chamando Samuel para estudar teologia.
Samuel saiu de sua universidade sem qualquer dívida e foi aceito na Universidade Adventista do Chile apenas uma semana antes do início das aulas. O parente que o havia incentivado a estudar teologia ficou muito feliz!
Hoje, Samuel tem 21 anos e está estudando para se tornar pastor na Universidade Adventista do Chile. “Sinto-me muito grato a Deus pelo chamado que Ele me fez”, disse ele. “Estou disposto a segui-Lo onde quer que Ele me chame”.
Parte da oferta deste trimestre, também conhecida como oferta para projetos missionários, será destinada à Universidade Adventista do Chile, em Chillán, Chile. A oferta permitirá que mais de 50 alunos vivam em dormitórios no campus. Atualmente, a universidade tem cerca de 3000 alunos, a maioria deles não é adventistas e mora fora do campus. Os dormitórios ampliados estarão disponíveis para todos, mas são especialmente necessários para os alunos adventistas de Teologia e Educação que vão para a universidade de lugares distantes e estão estudando para trabalhar em igrejas e escolas adventistas. Samuel mora em um dos dormitórios que serão ampliados com a oferta. Obrigado por planejar uma oferta generosa.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
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Comentário da Lição da Escola Sabatina de Adultos – 4º trimestre de 2025
Tema geral: Lições de fé no livro de Josué
Lição 7 – de 8 a 14 de novembro de 2025
Lealdade suprema: adoração em zona de guerra
Autor: Volney da Silva Ribeiro
Editoração: Fernando Dias de Souza
Revisão: Rosemara Franco Santos
Primeiro o reino de Deus
O verso para memorizar (Mt 6:33) nos conduz a uma reflexão sobre aquilo que verdadeiramente ocupa o centro da nossa vida. Jesus nos lembra de que nossa busca diária deve ser orientada, em primeiro lugar, para o reino de Deus e a Sua justiça. Essa busca deve ser uma escolha diária que organiza todas as demais prioridades da existência.
É preciso lembrar sempre que o favor divino repousa, de modo especial, sobre aqueles que vivem em comunhão com o Céu, aqueles que fazem do altar familiar, da devoção pessoal e, quando possível, do culto em comunidade um estilo de vida, uma prioridade, considerando essa relação com Deus um privilégio. A história sagrada mostra que a obediência precede a bênção, sobretudo bênçãos condicionais, e que a fidelidade abre caminho para a atuação poderosa do Senhor.
Ele mesmo ordena o restante de nossas necessidades, acrescentando paz, provisão e direção. Assim, a vida cristã deixa de ser regida pelas urgências passageiras e passa a ser marcada pela confiança constante Naquele que guia Seu povo, conduzindo-os de vitória em vitória até a Canaã celestial.
Pacto: pertencimento e vitória
A ordem de circuncidar a nova geração naquele momento específico tinha um profundo valor espiritual. Deus queria ensinar a Israel que a verdadeira segurança residia somente na fidelidade à aliança. O território que iriam conquistar não era apenas uma terra, mas herança sagrada, promessa feita a Abraão, confirmada a seus descendentes e agora prestes a se cumprir. Assim, a circuncisão funcionava como um selo visível de pertencimento a Deus, lembrando que a vitória era unicamente do Senhor dos Exércitos. Por isso, antes de marcharem para a guerra, deveriam prostrar-se em submissão. Era a pedagogia divina mostrando que dependência antecede conquista.
Ainda hoje, enfrentamos tentação semelhante: a de colocar Deus em segundo plano diante das pressões da vida e das muitas urgências que nos cercam. Muitas vezes, justificamos a negligência espiritual como algo inevitável, quando na verdade estamos trocando o essencial pelo acessório. Combater essa tendência exige disciplina espiritual e clareza de propósito. O altar da oração, o estudo da Palavra e a vida comunitária de fé precisam ser tratados como prioridade absoluta. É na renovação diária da aliança com Cristo que recebemos a paz e a força necessárias para enfrentar nossas próprias batalhas.
Páscoa e Ceia: memória, missão e comunhão
A decisão de Josué em celebrar a Páscoa antes da primeira grande batalha em Canaã foi uma proclamação de fé. Em lugar de correr apressadamente para a conquista, o povo foi lembrado de que sua identidade se construía sobre a redenção que Deus operava no meio deles. A Páscoa, naquele momento, serviu como elo de continuidade entre a libertação do Egito e a nova etapa da jornada em Canaã. Antes de enfrentarem muralhas e exércitos, Israel precisava fixar os olhos no Cordeiro pascal, lembrando-se de que toda vitória só acontece por causa da intervenção divina.
É importante ressaltar que a Páscoa apontava para Cristo, o Cordeiro de Deus, e cada celebração era um prenúncio do Calvário. Hoje, cada vez que participamos da Ceia do Senhor, somos transportados para essa mesma realidade. No entanto, mesmo fora da celebração formal, somos chamados a viver diariamente à sombra do sacrifício de Cristo, mantendo a cruz diante de nós como fonte de identidade, esperança e direção.
Altar: adoração e compromisso
O texto de Josué 8:30 e 31 destaca que a motivação de Josué ao construir o altar não se limitava a uma prática ritual ou simbólica, mas constituía um ato de reafirmação da aliança com Deus. Ao conectar a construção do altar à obediência à lei e à memória das promessas feitas aos patriarcas, o autor nos lembra de que a verdadeira adoração é inseparável da fidelidade aos preceitos divinos.
O altar, portanto, não era apenas um monumento físico, mas um instrumento que lembrava a Israel de que a conquista da terra prometida não se esgota na vitória militar, mas se consolida na lealdade contínua ao Senhor. As pedras escritas com a lei próximas ao altar reforçam essa ideia: a experiência religiosa não pode separar-se do compromisso com a aliança. Assim, a obediência a Deus é a pedra angular da vida cristã, e todos os símbolos, celebrações ou rituais devem apontar para essa dimensão central.
Vale destacar ainda que Josué prenuncia a obra de Cristo, mostrando que toda missão divina envolve conflito com o mal e restauração da humanidade à obediência e à vida plena em Deus. O altar, como espaço de memorial e compromisso, nos remete às práticas espirituais atuais que exercem funções semelhantes. Desse modo, precisamos guardar a ideia de que cada gesto de fidelidade, cada memorial de fé e cada ato de adoração não é apenas um ritual isolado, mas uma renovação do compromisso com a aliança divina, lembrando que a vitória final sobre o pecado e a realização das promessas de Deus se dão em Cristo.
Monumento visível da aliança
O ato de escrever a aliança em pedras no Monte Ebal não era meramente um gesto simbólico: tratava-se de uma estratégia celestial para fixar na memória coletiva de Israel os princípios da aliança divina. Em um contexto em que a oralidade predominava e a vida cotidiana era intensa e imprevisível, um monumento visível e permanente funcionava como lembrete constante das responsabilidades e dos privilégios que o povo possuía diante de Deus.
Hoje, esse ato nos ensina que a fidelidade a Deus exige recordação intencional e estruturada: assim como as pedras gravadas representavam a lei e os mandamentos, precisamos criar “marcos” em nossa vida que nos mantenham focados na obediência e na reverência a Deus, a fim de que se mantenha viva a memória da aliança em meio às distrações e à correria da vida moderna.
Presença de Deus: necessidade constante
Mesmo em meio à distribuição da terra prometida, Josué colocou a presença de Deus como prioridade absoluta, interrompendo o processo de divisão para assegurar que o santuário fosse estabelecido em Siló (Js 18:1, 2). Conforme destacado, o estabelecimento do tabernáculo, chamado de “Meu tabernáculo” (Êx 25:8; Lv 26:11, 12), simboliza o cumprimento da promessa de Deus de habitar no meio do Seu povo e revela que a posse da terra prometida dependia da constante presença divina.
Para nós, cristãos do século 21, a lição se amplia: embora não tenhamos um santuário físico terrestre, somos convidados a manter o olhar fixo no santuário celestial e na obra de Cristo como nosso Sumo Sacerdote, reconhecendo que é Ele quem garante a purificação, a presença divina e a esperança futura. Desse modo, aprendemos que a verdadeira bênção e segurança não são obtidas unicamente pela fidelidade, pela adoração e pela comunhão contínua com Deus, que nos fortalece e guia enquanto enfrentamos os desafios espirituais do presente.
Conclusão
A vida cristã, assim como a experiência de Israel sob o comando de Josué, é marcada pela prioridade da presença de Deus e da fidelidade à aliança, acima de quaisquer conquistas materiais. Desde a centralidade do altar e do tabernáculo até os monumentos visíveis da lei e a celebração da Páscoa, vemos que a verdadeira vitória nasce da obediência, da adoração e da comunhão contínua com Deus, não do esforço humano isolado. Cada ato ritual ou memorial, como a construção do altar, a gravação das pedras ou a Ceia do Senhor, cumpre a função de nos manter conscientes de nossa dependência divina e de nossa vocação para viver segundo os princípios da aliança.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Volney da Silva Ribeiro é professor, escritor e teólogo. É graduado em Letras (português e espanhol) e em Teologia. Além disso, é pós-graduado em Gestão Educacional. Foi diretor pedagógico e administrativo de escola particular (2008 a 2010), vice-diretor de uma creche-escola (2024 e 2025) e consultor pedagógico da Associação Cearense da Igreja Adventista do Sétimo Dia (2020 a 2022). Desenvolve o ministério de pregação há mais de duas décadas e serve a Deus atualmente como primeiro-ancião na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Aldeota, em Fortaleza, Ceará.

